Como conversar com um fascista

Como conversar com um fascista Marcia Tiburi




Resenhas - Como Conversar Com Um Fascista


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helen pinho 20/05/2016

Opinião
Iniciei o livro achando que seria uma fala para o "outro" o famigerado fascista, terminei compreendendo que é uma conversa para nós mesmos, para o fascista que está em nós ou, na melhor das hipóteses, apenas nos rondando.
De ponto negativo foi ter ficado com a sensação de que alguns capítulos terminam sem desenvolver bem as ideias, são poucos, mas algumas vezes senti que o capítulo acabou sem começar.
Além desse detalhe outra questão importante é que o livro demanda um conhecimento prévio, se diz ao alcance de todos, mas apesar de trazer assuntos super complexos para uma linguagem muito mais comum continua sendo um livro complexo, que exige um repertório cultural e acadêmico que não é assim tão inclusivo.
Os pontos positivos são muitos, é sem dúvida um livro muito importante para nossa sociedade, especialmente nesse momento político. No mínimo trará um ótimo exercício de auto reflexão e auto crítica - para quem estiver aberto para isso -.
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Fran 03/05/2016

Um convite a reflexão
Como conversar com um fascista é uma pergunta e também uma ironia. Márcia Tiburi propõe uma reflexão sobre o discurso de ódio que hoje se propaga pelo país e levanta um alerta para que cada um de nós não caia na armadilha de também se tornar um fascista. Nas palavras dela o fascismo é uma ideologia de negação. Nega-se tudo, diferenças e qualidades do seu opositor, e principalmente, o conhecimento e o resultado disso é o não diálogo.

Seu livro é divido em vários textos, alguns deles já publicados em sua coluna na revista Cult. São textos diretos e de fácil acesso, pois a autora se propõe a trazer a filosofia para as pessoas de forma a estabelecer um diálogo com todos. Ela também usa de muita ironia e até mesmo um humor sutil. Claro que, não conclua com isso que se tratam de textos fáceis, não são. Eles são extremamente incômodos e o leitor facilmente vai se identificar e também identificar a sociedade que o rodeia com certas posturas.

Temos aqui o discurso de ódio em diversas vertentes. Na política, na imprensa, na situação da mulher, a questão indígena, em suma em nosso cotidiano. Não há um só texto que não seja interessante e que não provoque o leitor a pensar levantando diversas questões, o que se propõe a filosofia. O livro traz diversas perguntas e cabe ao leitor questionar e chegar as respostas.

Alguns textos me chamaram mais a atenção onde a autora coloca a questão da mulher nesse discurso de ódio diante da opressão. O que é ser mulher enquanto ser estuprável, como se culpabiliza a vítima e não o criminoso, a questão do aborto e sua falta de um debate devidamente embasado.

Textos sobre a questão indígena, e esses confesso me senti profundamente incômoda, pois no Brasil temos o hábito de sempre nos afastar do problema e é isso exatamente que ela destaca em seu texto. Somos cúmplices do genocídio indígena por inação.

Por fim um texto que me marcou: A arte de escrever para idiotas. Um texto que ela escreveu em coautoria com Rubens Casara (doutor em Direito, mestre em Ciências Penais, juiz de direito do TJ/RJ). Eles questionam a postura dos jornalistas, formadores de opinião e da mídia em geral e como é grande o espaço dado hoje a esse tipo de escrita criando diversos repetidores desses discursos sem sentido ou reflexão. Acreditem, o leitor chega ao final desse texto e tem a certeza de ao menos alguma vez ter sido um completo idiota.

Márcia Tiburi nos convida com esse livro a perguntar, pensar e não aceitar respostas prontas. Ela consegue nos aproximar da filosofia de uma forma agradável e ao mesmo tempo perturbadora, afinal, nunca é fácil se olhar no espelho. Mas acreditem, se você aceita o convite ao final será extremamente satisfatório.

Márcia Tiburi é uma gaúcha de Vacaria artista plástica, filósofa, professora e escritora não só de livros de filosofia, como também de romances. Graduada em filosofia, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul(1990), e em artes plásticas, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul(1996); mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1994) e doutoraem Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1999) com ênfase em Filosofia Contemporânea. Seus principais temas são ética, estética, filosofia do conhecimento e feminismo.
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regifreitas 25/03/2016

um livro essencial! a melhor leitura do ano até aqui!
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Sally.Rosalin 24/03/2016

Como conversar com um fascista
Indicação do professor Leandro Karnal em sua page do Facebook. Na apresentação, Rubens R.R. Casara explica o que foi fascismo ontem e que o fascista atual é aquele que não quer diálogo e incita ao ódio. Prefácio escrito por Jean Wyllys.

Bom, em linhas gerais, para exterminar a democracia como desejo é preciso que o povo odeie e é isso o que o autoritarismo é e faz. Ele é o cultivo do ódio, de maneiras e intensidades diferentes em tempos diferentes. Às vezes um ódio mais fraco, ás vezes um ódio mais intenso servem à aniquilação do desejo de democracia. O fascismo é sinônimo do autoritarismo.

O fascismo sobrevive na animosidade. Ora, quem é atacado nos posicionamentos discursivos e práticos do fascismo não deve contentar-se com a posição de vítima. Essa pode ser simbolicamente útil para construir direitos, mas também para destruir lutas. Achei esse pensamento da autora, muito interessante. O fascismo tem um ódio especial direcionado às minorias.

Assim como, em sendo questionada, a palavra "Deus" gera o estigma do herege ou do ateu, a palavra "capitalista", quando questionada, gera o estigma do " comunista", ele mesmo tratado como um tipo de ateu em sua descrença crítica do sistema. Achei interessante escrever sobre isso, pois nesse período de crise política, temos visto pelas ruas pessoas sendo agredidas devido à cor de suas vestes.

A neurose é uma categoria psicanalítica... O neurótico quer provar suas "teorias", que ele pode criar nas mais variadas circunstâncias. E, para prová-las, basta acionar o mecanismo de distorção. A distorção requer interpretação. Em geral, aquilo que se quer provar - a Teoria do neurótico - não tem realidade alguma. Ele quer provar algo sobre si mesmo e o outro lhe serve como caminho da prova. A inversão, por sua vez, não é uma mera projeção, como pode parecer. Ela é uma tática de poder que vai além da neurose e tem com ela a diferença de ser uma desonestidade consciente. Alguém que na esfera privada é neurótico, na esfera pública pode ser um canalha. A posição do canalha é sempre burra, e fácil de desvendar. Mas vivemos no império da canalhice onde a burrice, tanto como categoria cognitiva quanto moral, venceu. Desvendá-la não tem mais muito valor. Ela se transformou no todo do poder.

Meios de comunicação em geral, onde ideologias e indivíduos podem se expressar sem limites de responsabilidade ética e moral, estabelecem compreensões gerais sobre fatos que passam a circular como verdade apenas porque são repetidas. Leia-se Facebook, twitter, e acredite: apenas capas de revistas.

Na verdade, quem pensa que faz um discurso sempre é feito por ele. Sobre xingamentos, o ato de xingar, mostra a impotência para uma crítica concreta e uma estratégia de destruição. A agressividade verbal é uma forma conhecida de violência simbólica. Temos ouvido e visto jornalistas com amplo espaço na televisão falar de modo agressivo e irresponsável em gestos de claro fomento ao ódio. Reprodução do texto: Como escrever para idiotas, que já reproduzi aqui no blog. Muito bom.

A autora escreve sobre vários temas, rescrevi (trechos do livro) apenas um histórico de leitura que mais me chamou a atenção. Muito bom. Indico.

site: http://sallybarroso.blogspot.com.br/2016/03/como-conversar-com-um-fascista.html
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Camila.Almeida 24/02/2016

Um dos melhores.
É um livro completamente objetivo e necessário para entender um pouquinho (repito, pouquinho) da realidade autoritária do nosso país.
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Thiago 10/02/2016

"O que chamo de fascista é um tipo psicopolítico bastante comum. Sua característica é ser politicamente pobre. O empobrecimento do qual ele é portador se deu pela perda da dimensão do diálogo. O diálogo se torna impossível quando se perde a dimensão do outro. O fascista não consegue relacionar-se com outras dimensões que ultrapassem as verdades absolutas nas quais ele firmou seu modo de ser."

O fascista clássico é difícil de ser definido nos antigos moldes políticos "esquerda ou direita". Ele é um sujeito híbrido. Meio barro, meio tijolo. E Márcia Tiburi aposta nessa ideia (de inicio). Não importa em que lado do espectro político você está, somos todos fascistas em potencial. Porém essa máxima se perde no meio do livro. Fiquei com a impressão de que, quando ela escrevia sobre o fascista, estava mirando no sujeito tosco, paranoico, medroso, politicamente burro etc... de direita. Quando bem sabemos que o sujeito tosco, paranoico, medroso, politicamente burro etc...também existe de igual modo na esquerda.

Minha percepção é que tanto lá, quanto cá existem fascistas - basta abrir uma rede social qualquer para constatar isso de forma quase que instantânea.
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Rapudo 26/01/2016

não tinha muita simpatia pela autora, tanto pelo que já tinha ouvido de seus artigos através de pessoas de quem respeito a opinião, quanto pelas participações dela em programas da rede globo.
portanto, não peguei o livro de peito aberto.
mas também não o encarei procurando defeitos e falhas de argumentação, afinal, o que me fez priorizá-lo na minha lista de leituras foi um excelente da eliane brum (Parabéns, atingimos a burrice máxima - 12.11.15 - el pais) em que comentava notícias cotidianas utilizando como instrumental temas e perspectivas deste livro.
o título me parece pretensioso e comercial demais, mas a tarefa que pretende executar é interessante. me mordi de curiosidade.
no início me incomodei com a forma como descreveu fascistas e os autoritarismos, de forma meio moralista, e em grande parte do livro me acompanha a impressão de que o leitor é mais e melhor do que aqueles outros fascistas, autoritários e idiotas em geral. mas não é correto generalizar esta impressão. talvez seja recurso de estilo, e mesmo desmedido ao meu gosto, reconheço que não acompanha todo o texto.
esta superdivisão em quase 70 tópicos me incomodou tanto quanto a pretensão do título. são diversos ganchos publicitários, mas um livro que os desenvolvesse razoavelmente teria umas dez vezes o tamanho deste. mas das duas uma, ou contenta-se com os títulos ou os ignore como meras provocações.
sabe, parece inteligente.
tenta parecer inteligente e fazer com quem o lê sentir-se inteligente.
Presunçoso, por vezes se perde, como se os argumento não estivessem sendo bem formulados por sua autora, como se houvesse uma forma menos empolada e mais direta de enunciar suas propostas.
mas tem bons momentos e vale a leitura. até o momento, me chamaram a atenção os itens 16, 30, 43 e 61.
o que mais curto nele é este clima poutpourri de perspectivas progressistas, algo mais do que uma colagem de uma postura filosofico-politicamente-correta em tempos de ânimos acirrados. é bem um apanhado de muita coisa que pipoca na minha timeline no FB. sinto falta de maior aprofundamento, que é o que espero de um livro, mas mesmo este apanhado de prismas atingem seu objetivo, que, no mínimo, é o de provocar a reflexão e apresentar perspectivas.
um pouco menos de filosofês no desenvolvimento das idéias auxiliaria o encadeamento e compreensão do conjunto, aliviaria talvez a sensação de serem um amontoado de artigos, que .
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Paulo Silas 18/12/2015

Um livro que acerta em cheio em seu objetivo: incutir interessantes e necessárias reflexões sobre o cotidiano autoritário brasileiro. "Como Conversar com um Fascista" corrobora no fornecimento de ferramentas para que o bom pensante reflita ainda mais, possuindo um melhor diálogo quando o embate se fizer necessário. Não se trata de um guia com respostas prontas, mesmo porque quem possui a resposta pronta antes mesmo de realizada a pergunta é o fascista - o sujeito que presta o discurso o qual se visa combater.

O termo fascista recebe uma explanação própria, voltada para a finalidade do livro. Conforme explica a própria autora, esta chama de fascista aquele "tipo psicopolítico bastante comum. Sua característica é ser politicamente pobre. O empobrecimento do qual ele é portador se deu pela perda da dimensão do diálogo. [...] O fascista não consegue relacionar-se com outras dimensões que ultrapassem as verdades absolutas nas quais ele firmou seu modo de ser. [...] o fascista é capaz de olhar para o outro com tanto ódio que até mesmo perde o senso de utilidade. O outro negado sustenta o fascista em suas certezas". O fascista, portanto, é aquela pessoa que se fecha em si mesma, criando um círculo viciosos, arrotando suas próprias verdades que consistem na mera repetição de ideias viciadas que são propagadas em vários níveis. A reflexão, o sopesar e uma análise mais pormenorizada das questões não se fazem presentes na pessoa do fascista. Daí que, considerando ser tal o modo irrefletido adotado pelo fascista, a autora propõe o diálogo como forma e tentativa de quebrantar alguns posicionamentos impensados pelo fascista. O que ousar a assim tentar proceder deverá estar preparado para o que costumeiramente vem por parte do fascista: ofensa, hipocrisia, preconceito e resistência a ouvir o outro. O diálogo é necessário para tentar superar tais fatores, sendo também necessário para que o diálogo ocorra a abertura ao outro, vez que tal abertura se insere numa mentalidade democrática.

O livro é dividido em vários capítulos, cada qual incutindo reflexões necessárias sobre o tema proposto. A autora expõe e explana sobre os temas que são apresentados nos próprios títulos dos capítulos: "máquina de produzir fascistas - a origem de a transmissão do ódio", "afeto contagioso", "o analfabeto político é antipolítico", "crença útil", "histeria de massas", "coronelismo intelectual", "a arte de escrever para idiotas" e muito mais. Em tais capítulos são discorridos sobre diversos temas que estão presentes no cotidiano da sociedade, de modo que questões como aborto, política, estupro, democracia e outros ganham uma análise reflexiva filosófica por parte da autora, a qual utiliza uma linguagem clara e coesa, alcançando a todo e qualquer leitor - inclusive o fascista, caso este se disponha a ouvir o outro nesta obra.

Fantástico. Um livro que arrebata a atenção do leitor do início ao fim. Refletir é preciso, e este livro auxilia aqueles que eventualmente tenham dificuldade em pensar em um nível mais profundo, bem como cede ferramentas para ajudar aqueles já pensantes que buscam dialogar com um fascista. O risco sempre se faz presente, mas o diálogo também necessita assim se fazer.
Recomendo!
Ronald 10/01/2016minha estante
Legal. Já li Filosofia Prática, da Marcia Tiburi e gostei bastante! Fiquei muito interessado nesse graças à sua resenha!


Vitor.Canestraro 24/09/2018minha estante
Tradução: a lógica da autora, ela própria tem muito de um fascista.




Smoke One 09/12/2015

O diálogo como ferramenta de desconstrução.
A meu ver, esta excelente obra fornece ferramentas para um diálogo desconstrutivista.
Desconstrutivista no sentido de que, para conversar com uma pessoa que já se
fechou na sua bolha ideológica e que não aceita a alteridade como uma possibilidade,
dialogar desconstruindo conceitos mal formados, fundamentados em ideologias ou estudos equivocados, é um dos caminhos para tentarmos alcançar uma sociedade mais justa e mais tolerante com as alteridades que nos circundam.
Grato, Marcia Tiburi, pela excelente ferramenta.
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