Luis952 25/02/2024
(Não aprenda) como conversar com um fascista, não é algo possível
Segundo livro do ano no campo das ciências sociais.
Foram muitos aprendizados, muitas pauladas e não, o livro não ficou datado numa suposta era pós Bozo (até porque, ainda há um longo caminho pela frente).
Achei o livro interessante e bastante abrangente, visto que não se limita ao título. A autora vai desde a discussão sobre o que de fato foi e é o fascismo a brasileira, nossas origens, a questão indígena, a negra e a contemporânea. Aborda a dialética de Adorno no que diz respeito ao sujeito e o objeto, a visão crítica de Jessé Sousa sobre a literatura brasileira, a comunicação para idiotas (ou cabeças de papelão) e muitos outros tópicos que, num determinado ponto, acaba se distanciando bastante da proposta de nos ensinar a conversar com alguém.
Minha conclusão é que, por tudo que o livro aborda, não há como dialogar com quem foge do diálogo e do pensamento crítico, quem só quer saber de discursar (quase um monólogo), quem possui verdades absolutas sobre tudo e todos, quem evoca a todo momentos suas crenças, versículos e afins para justificar o injustificável, quem se fecha ao externo, ao diferente e ao outro. De nega a aceito tudo que este outro, este estranho um dia possa representar.
O fascismo, em especial o nosso, é uma constante ao modelo de sociedade que construímos até aqui. É o reflexo permanente do modo que nos relacionamos com o mundo, com nossos semelhantes - desde um simples olhar até o desejo de seu extermínio.
Não indico a leitura para quem quer de fato aprender a dialogar com alguém. Mas indico A INDICAÇÃO do livro para os próprios fascistas, apesar de saber que não passarão da contracapa - dado tudo que a autora se esforçou para escrever.