Aisha Andris @AishandoBooks 14/03/2020
Não é ruim, mas simplesmente não deveria existir
Este é mais um dos livros que enrolei para ler, simplesmente porque, a meu ver, ele não deveria existir. Se Houver Amanhã é uma obra perfeita, com começo, meio e fim plenamente satisfatórios, e qualquer coisa que viesse depois disso serviria apenas para estragar as coisas. E não, não é porque essa sequência é escrita pela Tilly Bagshawe, afinal eu realmente amei os demais livros dela; minha opinião seria a mesma caso o próprio Sidney Sheldon tivesse decidido dar prosseguimento à história de Tracy e Jeff. Todavia, sou obrigada a admitir que não é um livro ruim, por isso dei quatro estrelas, ainda que tenha odiado as coisas que acontecem aqui.
A história começa no exato ponto em que Se Houver Amanhã terminou, com Tracy num avião rumo ao Rio de Janeiro, quando encontra-se com um antigo “conhecido” em quem Jeff e ela sempre quiseram dar um golpe. Como não é de deixar passar uma oportunidade, ela acaba dando um jeitinho de passar a perna no sujeito e deixá-lo alguns milhões mais pobre, antes de ir se encontrar com Jeff para iniciarem seu merecido “felizes para sempre”. E as coisas realmente parecem dar certo no começo, com o casamento e um Jeff muito feliz trabalhando com o que sempre amou: antiguidades; porém Tracy não está tão satisfeita quanto o marido, pois sente falta das emoções da vida criminosa e, mais do que isso, de um filho. No entanto, apesar das inúmeras tentativas, nenhuma gravidez vinga, e isso a deixa cada vez mais melancólica.
Surge uma esperança quando Tracy conhece um especialista em fertilidade que inicia um tratamento de choque com ela. Porém, justamente nesse momento, quando, novamente, as coisas começam a andar, coloca-se em curso uma trama diabólica para separá-la de Jeff; uma trama que, infelizmente, acaba dando certo. Eu preciso repetir que REALMENTE ODIEI isso. Os dois passaram por tantas, tantas coisas para ficar juntos, que uma armaçãozinha novelesca daquelas conseguir afastá-los é completamente ridículo. Faria muito mais sentido se eles se separassem naturalmente, por serem incapazes de ajustar-se à vida normal. QUE RAIVA!
Depois disso, a história avança nove anos, e vemos Tracy levando uma vida pacata ao lado do filho num charmoso rancho em uma cidadezinha do Colorado, Estados Unidos (ah sim, aqui preciso falar da segunda coisa que me irrita no livro: a forma como Tracy lida com o filho mimado e sem caráter. Vai ser frouxa assim lá longe, não aguento isso, não. Affs), e Jeff de volta aos “negócios”. Enquanto isso, em outra parte do mundo, somos apresentados a Jean Rizzo, um agente da Interpol que está investigando uma série de assassinatos de prostitutas cometida ao redor do mundo por algum maníaco que deixa como assinatura, ao lado dos corpos, uma Bíblia aberta em alguma passagem. Após anos andando em círculo, ele finalmente encontra uma pista para desvendar os crimes macabros: de alguma forma, cada um dos homicídios parece estar ligado a um roubo audacioso e ainda sem solução. E ao fazer uma busca nos bancos de dados da Interpol, ele acaba encontrando uma suspeita em potencial para os golpes tão bem executados: nossa querida Tracy. A partir daí, o caminho deles se cruza e as coisas se tornam bem mais interessantes.
Recomendo a leitura? Não sei mesmo. Se você leu Se Houver Amanhã e, diferentemente de mim, é capaz de lidar com a separação de Jeff e Tracy sem sentir vontade de gritar ou de bater em alguém, pode ser que goste da história. A segunda parte do livro, onde se inicia o mistério que conduz a maior parte da narrativa, é muito interessante e bem conduzida, dando um desfecho merecido ao único ponto que ficou em aberto no romance anterior. Contudo, nada compensa para mim o afastamento do segundo casal que mais amo na literatura.
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