Emyllaynny.Freitas 20/09/2021As diversas ferasO livro é composto por 8 contos. No primeiro eu fiquei totalmente perdida, socorro. Mas, consegui enxergar um relacionamento extremamente tóxico. Já o segundo, o da Gertrudes pedindo ajuda, só consegui identificar uma terapeuta que parece nem saber e nem querer fazer o que faz kkkkkk olha o tipo de coisa que ela fala: "Há coisas que só se aprende quando ninguém as ensina". Mulher, qual é o seu trabalho? Falar para ela que é apanhando da vida que a gente aprende?? KK eu concordo demais com o que disse, mas não é coisa de se dizer para um paciente, masok. Enfim, a Gertrudes entendeu que não precisava de ninguém, muito menos dessa doutora.
Continuando, "Obsessão" é um conto pesado. Retrata basicamente a dependência emocional de uma mulher para com um homem extremamente tóxico e bruto. É bem agonizante ver ela se entregando para o sofrimento nas mãos dele. Ela sabe o que está passando ("Daniel era o perigo. E para ele eu caminhava"), sabe dos defeitos, sabe de tudo, mas não quer deixá-lo (o que realmente acontece em relacionamentos abusivos: olha que o conto foi escrito no século passado). A auto sabotagem é extremamente visível em diversos trechos, mas trouxe aqui um que pode exemplificar muito bem: "Talvez Daniel tenha agido apenas como instrumento, talvez meu destino fosse mesmo o que segui". Acho que não preciso falar mais nada.
Já "Delírio" foi realmente um delírio, porque eu não entendi foi nada: apenas que alguém estava com uma febre tremenda kkkkkk. Já "a fuga" foi mais compreensível: a mulher foge de casa, passa um tempo tentando deixar sua vida e, no fim, volta para casa, para sua vida pacata. "Mais dois bêbedos" é só mais um texto que demonstra a bebida como um refúgio: uma forma de se livrar dos próprios problemas. E, PASMEM, é "bêbedos" mesmo. Eu e minhas amigas ficamos chocadas na existência dessa palavra ksksksks não sabia.
"Um dia a menos" me deixou com um pouco de dó da personagem: tão carente, sempre esperando uma ligação. E o que mais me comoveu foi que ninguém nunca ligava e aí quando tinha uma ligação, ela tinha sido um erro kkkkkkk tadinha, sério. Não tinha nenhuma companhia. Aiai, achei muito chique ir tomar um café//chá (não lembro) na Confeitaria Colombo.
O último conto é o mais forte. E quero deixar aqui registrado um pequeno trecho que mostra muito sobre os ensinamentos presentes: "Nunca pedi esmola mas mendigo o amor de meu marido que tem duas amantes, mendigo pelo amor de Deus que me achem bonita, alegre, aceitável, e minha roupa de alma está maltrapilha". É sobre isso: uma mulher que enriqueceu após o casamento somente percebe as falhas da sociedade e da desigualdade após a conversa com um mendigo na calçada do Copacabana Palace (sim, mais um vez eu achei muito chique essa ambientação carioca/eu amo uma cidade). Ela conclui que está brincando de viver. Em suma, é isso.
A realidade sobre essa leitura é: tem muita mensagem oculta o que torna os textos ainda mais densos do que são; no entanto, conforme em conversa com minhas amigas na leitura coletiva, concluímos que Clarice escrevia para si mesma, com termos e metáforas que apenas ela entenderia o que queria retratar. Minha primeira experiência com Clarice. Eu acho que fui com muitas expectativas, fator este que me deixou um pouco frustrada. Mas, eu quero me aventurar nos livros dela que são mais reconhecidos.