DIRCE 07/01/2022
Gostinho de quero mais
Não conhecia Ondjaki. “ Caí por acidente no livro “Bom dia, camaradas”, ocasião em eu pesquisava livros em ofertas no site da Amazon. Fiz uma busca sobre o autor e me surpreendi como ele é jovem. Atualmente, Ondjaki , escritor angolano , nascido em Luanda, está com 44 anos, mas em 2001, quando escreveu essa preciosidade, ele tinha apenas 24 aninhos. Seria ele – Ondjaki - o protagonista que nos descreve com uma linguagem infantil de rara beleza, cheia de humor e ternura, um cenário no qual prevalece a violência, a propaganda descarada do regime, o racionamento dos alimentos, as injustiças sociais e a falta de liberdade, haja vista que o colonialismo português foi substituído por uma ditadura - é sempre assim: uma nação sofrida mal sai da frigideira ( colonialismo) para cair no fogo ( guerra civil e ditadura)
Esse menino me lembrou outros dois , Miguelim e Dito, que muito me emocionam, toda vez que releio a novela “Campo Geral” do nosso Guimarães Rosa, com um diferencial: em Campo Geral em me debulho em lágrimas , já em “Bom dia, camaradas”, essa joia de apenas 133 páginas , apesar de ser o retrato de um povo sofrido, melancólico, desiludido e dominado pelo medo me levou ao risos, inúmeras vezes, durante a leitura. Há uma passagem na qual a tia Dada que visitava a família, já fora do carro após suplicas do garoto, pois o carro do presidente se aproximava , abaixou para pegar o chapéu no carro , atitude que provocou verdadeiro pânico no sobrinho, porém o diálogo sobrinho e tia é impagável.
Um livro de tão poucas páginas, porém repleto de conteúdo e que me deixou com um gostinho de quero mais Ondjaki.