Bom dia camaradas

Bom dia camaradas Ondjaki




Resenhas - Bom Dia Camaradas


95 encontrados | exibindo 91 a 95
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Ladyce 03/01/2010

Um deleite!
Acabei de ler o delicioso, divertido e suave livro Bom dia camaradas do autor angolano Ondjaki. Este não é o seu primeiro livro, mas é o primeiro de seus livros que leio. E que maravilhosa surpresa!
Este é um livro de memórias de um jovem dos seus primeiros anos da adolescência. Na verdade, são memórias simplesmente de uns meses de escola. Eles se passam ao mesmo tempo em que a Guerra de Angola está chegando ao fim. Uma guerra que é vista do contexto da família desse menino, da rotina familiar e das aventuras normais de quem está freqüentando a escola. Ele e sua família são membros sólidos da classe média angolana. E o que aprendemos é como esta classe média lidou com a guerra, assim como percebemos suas esperanças para o futuro.

A história se desenvolve entre a chegada e a partida de sua tia, que mora em Portugal e que passa diversas semanas visitando a família em Luanda. Esta visita dá a Ondjaki a oportunidade de descrever Luanda, Angola e os hábitos locais através dos olhos e das perguntas de uma viajante, uma pessoa de fora. Nosso jovem herói, no entanto fica constantemente surpreso quando compara as perguntas dela com as respostas que precisa dar. Ele é pego de surpresa quando tenta explicar o que é a vida real em Luanda. Esta troca de perguntas e respostas, muito bem tecidas no texto, são freqüentemente muito engraçadas e às vezes, até mesmo, hilárias, porque podemos ver os dois pontos de vista, do estrangeiro e do local e a incompreensão que respostas e perguntas geram.

Ondjaki demonstrou também maravilhosa habilidade de narração quando representa a conversa do nada dos jovens adolescentes, que constantemente melhoram a realidade para não perderem a oportunidade de contarem uma boa história. Apesar disso, Ondjaki é sucinto e consegue mostrar como em períodos de crise, qualquer história pode ser crível, e pode fazer pessoas reagirem com força extrema. Tudo isso Ondjaki faz com um tom leve e o diálogo coloquial bastante claro de um menino entrando na adolescência.

Este livro é de leitura rápida. É pequeno, com apenas 146 páginas. Mas é um charme. Eu queria mais. Gostaria de continuar sabendo do resto das histórias dessa família. Esse livro tem todas as características de um livro que se tornará um clássico da literatura para jovens leitores, em qualquer lugar do mundo.
Para nós brasileiros, há a descoberta também de uma língua deliciosamente rica. O português de Angola nos presenteia com vocábulos diferentes e com uma musicalidade ímpar, que canta aos ouvidos dos leitores. Há um glossário no final do livro, mas não precisei consultá-lo durante a leitura. Preferi deixar que as palavras que eu não conhecia estabelecessem seu significado por conta própria.

Recomendo esse livro. É uma leitura agradável e nos premia com muita informação sobre Angola. Vá, corra para ler, não se arrependerá.

24/03/2008

Esta resenha já apareceu em inglês na Amazon e no Living in the postcard.
Giovanna 22/10/2014minha estante
Boa noite, estou fazendo um trabalho e preciso respinder a seguinte pergunta sobre o livro: João pegou em armas para lutar pela independência de angola, quais as consequências desse envolvimento político na vida de João?
Próxima e última : como ndalu vê João?
Preciso de resposta urgente, irei ficar muito grata se me fizer o favor! ! Obrigada




Humberto 29/09/2009

Bué de camaradas bacanas!
A partir da perspectiva de um garoto, o livro conta a história de transição política de Angola, isto nos anos '80, quando o país estava próximo do bloco socialista, liderado pela URSS e Cuba. Neste sentido, o livro é um entre-lugar da situação angolana, que pode ser literariamente completmentado através da leitura do "A vida verdadeira de Domingos Xavier" (José Luandino Vieira) que narra o período comunista e "O vendedor de passados" (José Eduardo Agualusa) que se concentra na fase atual, de uma Angola que busca reconstruir sua memória.

Todavia, quem já leu o clássico livro francês "Le Petit Nicolas" (Sempé-Goscinny) encontrará seus traços e influências na obra de Ondjaki - a visita do inspetor na escola, por exemplo, não está distante do texto "On a eu l'inspecteur". Por outro lado, o olhar da criança e seu ponto de vista sobre uma situação tida como "adulta e séria", também não é uma grande novidade (lembrei-me de um filme lançado em 2008, "La faute à Fidel", em que a personagem principal é Anna, uma menina de 08 anos que vê sua vida mudar quando os pais passam a viver na clandestinidade do movimento comunista francês - quem for assistir ao filme, observe como a câmera se mantém no nível do olhar da criança, buscando sua perspectiva e ponto de vista).

Todavia, "Bom dia Camaradas" tem seu charme, mostrando-nos uma África e uma literatura portuguesa ignorada pelo Brasil. É interessante observar as expressões, palavras e traços de fala características de Angola - a melhor, para mim, é o "matabicho" e o verbo "matabichar". E também detectamos a presença das telenovelas brasileiras no cotidiano angolano através da expresão "cenas dos próximos capítulos" e no nome do musseque (favela) - "Roque Santeiro".

Também gosto de ver como Ondjaki nos apresenta os odores e calores da vida angola: "se isto que eu vou dizer existe, então aquela noite tinha um cheiro quente, que pode ser uma coisa, imaginem, onde se ponha rosas muito encarnadas, folhas de trepadeiras com um bocadinho de poeira, muita relva, barulho de grilos, barulho de lesmas a andar em cima da baba, barulho de gafanhotos, um só barulho de cigarra, um cacto pequeno, fetos verdes, duas folhas grandes de bananeira e um tufo enorme de chá de caxinde, assim tudo bem espremido, eu acho que ia sair o cheiro desta noite" (p. 99).

Outra estrutura interessante do livro é a forma como o autor nos apresenta as reflexões e deduções do protagonista-narrador. Lembremo-nos que ele é uma criança, logo, suas associações são infantis, mas poéticas e perpicazes, como aquela entre o acordar cedo das velhos e o caminhar de certas lesmas, os "vinte minutos" de António que serve para definir duração e distância, o cartão de abastecimento e os presentes trazidos pela Tia Dada.

Na categoria de literatura "pós-colonial angolana", o livro nos mostra um país em transição a partir do olhar e das reflexões de uma criança e sua vida dividida entre a família, a escola, os amigos e os deveres pátrios (desfile de Primeiro de Maio e depoimento na Rádio Nacional de Angola). E, seguindo o dia a dia do personagem-narrador, acabamos por apreender o contexto político e sócio-cultural da Luanda dos anos 80.
Yuri 09/07/2014minha estante
Muito legal sua resenha. Adoro esse livro do Ondjaki. Parabéns!


Giovanna 22/10/2014minha estante
Boa noite, estou fazendo um trabalho e preciso respinder a seguinte pergunta sobre o livro: João pegou em armas para lutar pela independência de angola, quais as consequências desse envolvimento político na vida de João?
Próxima e última : como ndalu vê João?
Preciso de resposta urgente, irei ficar muito grata se me fizer o favor! ! Obrigada




Djair 08/06/2009

Camaradas...
Ondjaki, grande piadista e imitador...



Bom dia companheiros me trouxe um sabor muito próximo ao de "Minha vida de menina" de Helena Morley. Além disso conhecimento sobre Angola, o "modus vivendi", costumes e atitudes de gente tão próxima e tão escondida sobre o véu da mídia.
comentários(0)comente



Barbie 22/03/2009

O livro é lindo, e trouxe-me um contato maior com o autor.
comentários(0)comente



95 encontrados | exibindo 91 a 95
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR