Patty Ferreira 15/01/2018RITA LEE - UMA AUTOBIOGRAFIAComeço esse livro em janeiro/2018, uma oferta irrecusável de minha madrinha. Ela me emprestou o livro, que diga de passagem, estava louca para ler, porém com a grana curta.
Inicie a leitura cheia de expectativas, e digo que foi superada em 100% (sabe o qual raro é isso ?). O primeiro ponto positivo é que Rita escreveu o livro. Sem GostWriter. Isso é sensacional. Segundo ponto positivo, a escrita dela, faz parecer que vocês são íntimas, que ela está sentada na sua casa, tomando café e contando suas histórias maravilhosas (na minha cabeça gosto de imaginar que Shonda Rhimes também está dividindo esse café conosco).
O choque da leitura é naturalidade das coisas. Simples assim. Quando ela narra (spoiler alert) o caso do estupro te deixa em um estado letárgico, pois não há nada a se fazer e você se coloca no lugar da mãe dela, no lugar dela. Como a própria diz, a dor dela foi grande, porém do harém foi muito pior.
Outro ponto da história, é que você percebe, que quando tem quer ser, vai ser. Rita tinha que ser cantora, roqueinrou, e o Universo conspirou para isso. Ela conhecia pessoas certas, sabia aproveitar as oportunidades e dava a cara a bater (não vou citar o talento, que óbvio que ela tem, porque existem milhões de pessoas talentosas que não tem espaço no palco).
A relação com as drogas, é narrada de forma despretensiosa, como se fosse somente mais um fato da vida dela. Sem estardalhaços, sem auto piedade. Foi. Passou. Sem mencionar o fato hilário de quando o pai dela pede para experimentar a ‘erva’ !!!
Outra passagem histórica, sendo uma vergonha nacional, foi a prisão da Rita. Onde mostra a policia-milícia dominante (infelizmente ainda hoje).
No livro, ela também narra um aborto que sofreu, por causa de uma gravidez extrauterina, o que dá o gancho para mesma opinar sobre o “aquele que não se deve ser nominado” de uma forma totalmente humana, algo que neste aspecto, só pode ser dito por alguém que tem útero.
Admiro também a relação dela com Elis Regina, porém pelas histórias, a impressão que a Elis me passou não foi muito positiva, além de ser uma cantora excepcional, parece ter sido uma pessoa insuportável.
Apesar de Rita ser porra-louca, não se pode negar que o amor pelos filhos é indescritível e muito maior de que senhoras certinhas da alta-sociedade (apesar de eu não aprovar o uso de drogas perto dos filhos, como me dá impressão que ela usava – pela narrativa das férias – sim, sou dessas caretas que não aprovam uso de drogas porém seus heróis morreram de overdose).
Um livro bem escrito e bem narrado, contando a história de uma mulher de verdade, que escolheu a sobriedade, aceitou a idade, e não se vendeu para o mercado artístico. Isso é o que define Rita Lee.
Para terminar o texto, nada melhor que a própria se despedir: “Se um belo dia você me encontrar pelo caminho, não me venha cobrar que eu seja o que você imagina que eu deveria continuar sendo. Se o passado me crucifica, o futuro já me dará beijinhos"
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