Vitoria.Milliole 26/05/2021
Se você espera um romance policial, um suspense, detetives tentando desvendar um crime ou algo assim, saiba que esse livro não é pra você. Mindhunter não é ficção, é a realidade nua e crua. E assustadora.
Nos primeiros capítulos, tem uma narrativa bem biográfica, explicando como John Douglas chegou ao seu cargo como analista comportamental no FBI, o que pra quem não está acostumado pode ser um pouco desanimador. Afinal, é o próprio John Douglas quem narra o livro.
Sempre me interessei muito por criminologia e, especialmente, pela mente dos assassinos em série e dos psicopatas. Por isso, achei o livro fascinante! John repete algumas vezes que "se quiser compreender um artista, olhe para sua obra", e foi com esse pensamento que ele solucionou tantos crimes ao longo da sua carreira. Ele usava seu conhecimento para se colocar no lugar do assassino, pensando como ele para entender suas motivações, e no lugar da vítima, a fim de entender como ela se sentia e, também, que reações isso poderia causar no criminoso.
O que achei interessante foi que o livro não se trata sobre a solução dos crimes em si, mas de como John Douglas chegou ao autor. É incrível como a partir do cenário do crime e da vitimologia, ele consegue chegar a conclusões quase exatas sobre o criminoso: idade, relacionamentos, profissão, personalidade, tipos de abuso e/ou humilhação que possa ter passado na infância e adolescência e, por fim, como tudo isso influenciou para que ele cometesse tal crime. A partir do perfil traçado por ele, o FBI reduzia o número de suspeitos e, enfim, chegava ao culpado. E batia com tudo que John falava.
É interessante dizer que a experiência de ler um livro de crimes reais é completamente diferente de ler um suspense e muito mais assustador do que qualquer livro de terror. As situações narradas causam desconforto até quem está acostumado com livros pesados fictícios. Causam medo em quem nunca se assustou com terror. Causam ansiedade, e não é aquela "ansiedade" boa em descobrir o assassino junto com Sherlock Holmes, por exemplo, mas uma ansiedade em saber que poderia ser você no lugar de qualquer uma daquelas vítimas.