Lucas.Rocha 01/02/2024
1ª João 5:19
Vi a série antes de ler este livro, aliás muito antes. Como fiquei bem satisfeito com a produção, resolvi, então, conhecer a obra original, a verdadeira história por trás da tela e das licenças poéticas, resolvi conhecer o verdadeiro caçador de mentes.
Antes de tentar resenhar sobre o livro, gostaria de relatar, que vergonhosamente sou um fã voraz do mundo criminal. Sempre tive esse fascínio pela brutalidade na qual nós seres humanos conseguimos produzir contra nossos semelhantes. Esse fascínio que tenho e que se dá vergonhosamente, não é totalmente culposo da minha parte, pois toda pessoa é no fundo, fascinado, ou busca de certa forma compreender a maldade da nossa natureza, ou no mínimo é um curioso modesto dessa cruel e verdadeira realidade. Acusatoriamente afirmo que aquele que negar esse fascínio ou uma curiosidade mínima que seja pelo horror criminal e pela brutalidade humana, sem sombras de dúvidas, é um hipócrita de primeira linha ou um ingênuo de carteirinha. Será que você nunca assistiu um Datena da vida ou uma linha direta?
Como ando me aventurando na escrita amadora e estou rascunhando alguns capítulos de um thriller, nada melhor que ler um livro de um especialista em mentes cruéis e perturbadas, para criar um personagem minimamente convincente. Este livro é muito esclarecedor e claro nesse aspecto, um verdadeiro guia.
'' Se quiser entender o artista, é preciso estudar a pintura''
Essa afirmação não é uma bravata barata, John Douglas foi muito feliz em fazê-la, por entrar de fato nas piores mentes da humanidade, talvez não nas piores, pois as piores estão no twitter. Voltando ao raciocínio, o autor, sendo um especialista, adentrou nos horrores da brutalidade humana, conversou com diversos assassinos e pervertidos, ele conheceu os artistas, mas precisou estudar suas pinturas. Verdadeiras telas pintadas de vermelho vivo, sangue.
''Apostando em gotas de chuva''
Na página 66, há um diálogo entre o autor e um determinado criminoso. O fora da lei, no caso um apostador, explica a John, que não importa a dimensão da aposta, e o que está em jogo, ele apostará do mesmo jeito, não adianta prender ele. Simples gotas de chuva são o suficiente para seu deleite. Para mim esse trecho deixa claro que para uma mente criminosa, o mínimo que ele tem, ele usará para o mal, e sua maldade é o que basta, é isso que eles são, é isso que somos...
É interessante que no livro existem várias referências a obras midiáticas, o "Silêncio dos inocentes" de Thomas Harris é citado várias vezes durante a leitura. O autor do romance, que posteriormente virou uma belíssima adaptação, deve boa parte do seu sucesso a Quantico. E eu, na minha incrível capacidade, assisti ao filme supracitado e não li o livro. A verdade é que Harris tentou reproduzir de forma ficcional uma realidade, que em nada supera a nossa. Os crimes das telonas são fichinhas perto da realidade da vida. Nem é preciso ir muito longe, os crimes reais são as verdadeiras histórias de terror.
"Tríade Homicida"
Enurese, ou popularmente conhecido como mijar na cama, fascínio pelo fogo ou propensão a causar incêndios, e praticar crueldade contra animais. Essa é a tríade da maldade, estabelecida por John, sinais que demandam bastante atenção. Esse argumento é interessante, mostra como nossa natureza é complexa e é esses detalhes que fazem a diferença. Se seu filho anda praticando essas coisas, fique ligado! Mas vai muito além disso, esses aspectos verdadeiramente cruéis da maldade humana, quando percebido é quase tarde demais. E às vezes o dragão vence.
Bem, tinha muita coisa sobre o livro que eu queria escrever aqui, mas acho que essa ''resenha'' já ficou grande e até chata demais, e se você chegou até aqui, parabéns, mas antes de concluir, gostaria de ressaltar alguns aspectos sobre a vida do autor. Já vi que uma galerinha prefere o Holden Ford da série fictícia baseada no livro, do que o verdadeiro caçador de mentes, e é aceitável e até e compreensível, talvez pelo egoísmo do autor em sua narrativa autobiográfica e por só contar vantagens, na obra. Porém, não podemos tirar o mérito do agente e nem de sua esplêndida equipe de um porão em Quantico (Virgínia), nem da ciência comportamental, da instituição famosa, FBI e da imensa contribuição que essas pessoas deram nesse ramo. Esse é um caminho tortuoso e às vezes o orgulho e a bem sucedida jornada podem soar arrogantes.