.anA 01/01/2013Calix meus inebriansClássico. Dos que eu li, o melhor dos livros de Cornwell. Não há disputa mais grotesca que se torne tão real quanto as criadas e retratadas por ele, não há realidade mais viva do que a vida que o autor dá ao mundo de 1347/8, a Thomas de Hookton, ao Herege. Os comentários e diálogos relacionados à Igreja, a personalidade intrincada e obstinada de Guy Vexille, a história de seus antepassados e do envolvimento com o Graal, até mesmo as frases em latim nos deixam com um ar tão medieval, que o sabor do Graal continua em nós, e o peso dele em nossas mãos, como se estivéssemos segurando tal relíquia, e não um livro de capa alaranjada.
Seja lá qual for a fé que você tenha, qual for a sua ideia sobre religião, sobre a instituição da Igreja em si, sobre Deus; a magnificência deste livro na sua simplicidade da escrita e no profundo poder de descrição, o deixarão inebriado. No brutal da época e na ficção de personagens, o desejo real se mistura, A Busca do Graal, nos seus derramamentos de sangue, na peste, nos dias enlameados de tempestades, e em cada flecha disparada pelo tão inglês arco de teixo.
É bonito. É incrível. É clássico, pela lógica e pelos acontecimentos.
E se o Graal é encontrado ou não durante a trilogia, e se ele existe(existiu?) ou não, tanto lá quanto aqui, e sobre o que ele realmente foi, fico com as palavras de Bernard, cujo entendimento virá pelo leitor (da obra, é claro): "Fosse lá o que fosse, nunca foi achado, embora persistam rumores e haja quem diga que ele está escondido na Escócia."
Deixe-se inebriar, vai. Vale à pena.