Santuário dos Ventos

Santuário dos Ventos George R. R. Martin




Resenhas - Santuário dos Ventos


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gagadiy 29/02/2020

Alerta de quebra de expectativa!
A história é envolvente e viciante, Maris é uma personagem bem construída e transformadora para a história, porém o desenvolvimento do texto peca em seguir um rumo duvidoso e ser pouco explorado. O autor não estabelece um rumo central para história, colocando Maris e sua vida neste universo IMPECÁVEL e a fazendo lidar com diversas questões, mas a forma como a história foi contada e as informações expostas me transmitiu um ar mega biográfico sem a questão central (Maris, Asas...?) - quebrou minhas expectativas? aham (mas que se fod*m minhas expectativas!)

Por fim, a infinidade e o potencial do universo que o narrador criou ao pensar no Santuário dos Ventos em contraste com o que ele apresentou como narrativa valem 4 estrelas? sei lá, leia e me fale!
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Giovana Chauh 12/02/2020

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Posso nem ver a escrita do George, que eu amo demais. Mas poxa, que final injusto.
Dessa 12/02/2020minha estante
Ainda não li... Apesar de ser injusto, tem um desfecho? Não gosto de coisas que ficam no ar...


Giovana Chauh 12/02/2020minha estante
Sim! Tem um desfecho. É tudo muito bem fechado, bem amarrado.


Dessa 12/02/2020minha estante
Ah então blz!! Está na minha meta desse ano!




Cathy 13/10/2019

Não há escolhas sem perdas. Não há escolhas sem ganho.
Vamos falar de uma obra que super conquistou meu coração? Santuário dos Ventos foi um livro que comprei após ler a sinopse na capa enquanto decidia com que livro iria gastar meu dinheiro na feirinha do shopping.
Na hora não prestei atenção em seus autores e após ler que o nome de George RR Martin constava fiquei meio receosa. Os fãs do autor que me perdoem, mas não aprecio a escrita do mesmo.
Porém, logo se nota que talvez a influência do autor de GoT na obra tenha sido pouca, o que me deixou extremamente feliz. Se pretende comprar o livro por causa do nome famoso que aparece na capa, não faça isso, será decepcionante para você. Se deseja conhecer a escrita fluída e simples da Lisa, COMPRE ESTE LIVRO.

A obra é dividida em três partes. Estas dizem respeito a estágios diferentes da vida da protagonista, Maris. E em cada etapa há um conflito distinto que nos deixa morrendo de raiva e angústia, isso devido ao fato da obra abordar temas bem interessantes como o enfrentamento de leis e a mudança de tradições onde as consequências disso vão surgindo aos poucos e você começa até a questionar se as ações da protagonista foram tão corretas e heróicas quanto parecia no início.

É uma obra sobre revoluções, crescimento pessoal e sobre aprender a lidar com perdas. Tem uma frase que li recentemente - e que não faz parte do livro -, mas que pode resumir bem a obra: "Não há escolhas sem perdas. Não há escolhas sem ganho."

Santuário dos Ventos é um livro especial e cheios de significados. Não foi um dos favoritos do ano, mas conseguiu um espaço no meu coração - ainda mais com o seu final e epílogo. Lisa Tuttle conte comigo pra tudo.
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Eclipsenamadrugada 04/05/2019

Um ótimo livro, uma escrita perfeita, estória bem contada, momentos de extremas emoções. Adorei e com a consciência muito tranquila recomendo.
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Raquel.Pessoa 23/04/2019

Ótima história!
Santuário dos ventos não é uma fantasia cheia de cenas de ação, é uma leitura um pouco mais lenta, todavia, não menos interessante. A história conta com ótimos personagens, um enredo agradável uma bela protagonista onde vamos crescer e amadurecer junto com ela. É uma leitura que vale a pena!
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Bruno1041 12/03/2019

EM PARCERIA COM LISA TUTTLE, GEORGE R. R. MARTIN EXPLORA OS CÉUS EM SANTUÁRIO DOS VENTOS
SANTUÁRIO DOS VENTOS nos apresenta a humanidade em outro planeta onde no passado tiveram que vencer as adversidades ocasionadas por grandes ventos e animais marinhos hostis. Nasceu assim os voadores que eram humanos portando asas gigantes no intuito de fazer a comunicação entre uma ilha e outra, sendo pombos correios e enfrentando com graciosidade os ventos traiçoeiros.
Nossa protagonista nasceu nesse mundo mas do lado errado da história. Maris era uma confinada à terra, ou seja, humana que não nasceu na família de voadores e que nunca iria poder voar. Filha de pescador, ela foi adotada ainda na infância por um voador experiente chamado Russ que via nela uma voadora mesmo que nunca pudesse chegar a ganhar os céus. Por anos Maris usou as asas de Russ até que nasceu Coll, o seu primogênito, que deveria reivindicar as asas do pai quando chegasse na idade adequada.
Maris mesmo não sendo filha sanguínea da “casta” dos voadores era uma excepcional voadora. Ninguém negava que tê-la nos seus era uma dádiva. Entretanto, as leis dos voadores eram antigas e arcaicas. E Maris então ousou rompê-las.
A obra é divida em três grandes partes: TEMPESTADES, UMA-ASA e A QUEDA.
Não há capítulos e isso torna o ato de pausar a leitura no dia-a-dia frustrante visto que terão que fazê-los nas quebras de parágrafos, isso se vocês forem como eu que não consegue pausar enquanto não conclui um capítulo.
Acompanhamos Maris desde a infância até chegando a velhice onde seus olhos e ouvidos a traem e todos que conheceu morreram há tempos. Lemos sobre os seus feitos históricos, as rupturas causadas quando tentou ter as asas de seu pai Russ para si e as consequências desse ato a longo prazo na história dos voadores.
Foi muito bem construído o muro invisível que divide os voadores dos Senhores da Terra e confinados à terra. Existe uma hierarquia que parece nunca ser quebrada e junto dela os privilégios oriundos de um passado tão distante da história que é questionável a sua veracidade visto que tudo parece ser passado oralmente. Enquanto os voadores e Senhores da Terra são tratados como iguais, os confinados à terra já são um nível abaixo, é a massa que respeita os dois mais altos e o tratam quase como deuses chegando a acreditar que tocar na asa de um voador traz sorte. Saber que uma garota decidiu trazer questionamentos sobre isso me deixou muito empolgado, os autores deram um empoderamento a personagem que traduz bastante a mulher moderna da vida real que não aceita mais o que mundo antiquado dos homens dita.
Admito que não considerei uma leitura rápida, levei dias para terminar e ainda assim decidi retornar depois de meses para reler afim de avaliar se todo esse mundo fantástico criado por George R. R. Martin e Lisa Tuttle valia mesmo o tempo gasto lendo ou se eu havia somente consumido cegamente um material escrito pelo vô George e o aceitei como espetacular. Conclui que SANTUÁRIO DOS VENTOS é um enredo bom, faz um comparativo a nossa sociedade atual - e olha que a obra foi escrita lá na década de oitenta - onde se batalha para deixar no passado os costumes tradicionais arcaicos que são tão excludentes quanto preconceituosos. Só reconfirmei o meu amor pela mente de George R. R. Martin e passei a admirar Lisa Tuttle que até então desconhecia.
Os personagens secundários construídos são muito bem descritos, percebe-se o cuidado em criar as suas histórias personalidades, até os meros coadjuvantes em cenas tem pitadas das suas histórias pessoais apresentadas ao leitor que pode muito bem decidir se lhe é útil ou não conhecer.
E o que falar dos cenários... Ah, mesmo com as silas dando um baita medo me vi tentado a morar nas Ilhas do Oeste para desfrutar das tempestades constantes e seus efeitos na terra pois viver no calor não dá certo.
Na edição física a capa maravilhosa fica por conta do artista que admiro muito: Marc Simonetti. Há um mapa logo na terceira folha que contribui para nos situarmos nas localidades. As páginas são amareladas, e a fonte das letras e o espaçamento das linhas são em tamanho agradável aos olhos. LeYa arrasou na edição mesmo ela em seu miolo sendo muito semelhante aos livros lançados no passado da série As Crônicas de Gelo e Fogo.
Com narrativa em terceira pessoa, SANTUÁRIO DOS VENTOS é uma ótima pedida para os leitor que buscam um enredo fantástico e que não querem topar com aquele romance dramático clichê pois a protagonista Maris é tudo menos romântica.

site: https://www.refugioliterario.com.br/2019/03/em-parceria-com-lisa-tuttle-george-r-r.html
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Paula 07/03/2019

Voar, quem não quer?
Mais um trabalho de Martin anterior ao seu fenômeno GoT e dessa vez com Lisa Tuttle...
Santuário dos Ventos é um mundo fictício, onde a melhor e quase unica forma de comunicação é através de voadores, que voam de ilha em ilha trazendo e levando noticias. Mas é um mundo restrito, já que as asas passam somente de pai/mãe para filho/filha, trazendo um conflito cultural interessante para a trama do livro. Embora essa não seja a unica coisa moral/ cultural do livro em si.
Sobre a historia pode ser que eu esperasse um pouco mais de ação e muitas vezes me irritei com todos os personagens, incluindo a principal.
No fim a conclusão que pude chegar é que sim, se realmente pudéssemos voar, provavelmente ninguém ia querer parar um dia. Não sei se foi intencional, mas associei muito dessa dificuldade de aceitar não ser mais um voador e ficar preso na terra, com a idade que muitas pessoas deixam de fazer algo por simplesmente o corpo não responder da mesma forma do que quando jovem e a dificuldade que as pessoas tem de aceitar que suas vidas mudaram.
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Lílian 22/12/2018

Pensei que alçar esse voo seria uma delícia, mas...
Dando uma opinião apenas baseada na leitura como entretenimento e, óbvio, de acordo com o meu gosto: achei a história um saco. Não consegui desenvolver simpatia por absolutamente nenhum personagem, nem heróis (há heróis?), nem anti-heróis, o ambiente (cenário), que me despertou curiosidade na sinopse, também acabou não me atraindo enquanto ia lendo. Tive a impressão de que seria uma história bem mais empolgante. Tem alguma reviravolta, tem algum drama, tem algum romance, a personagem principal tem um ciclo completo (descobrir-se como alguma coisa, lutar por isso, viver o auge e o declínio do que se é e do que se escolheu, superar-se), passa uma mensagem. A sensação que eu tenho, entretanto, é de que nada foi trabalhado como poderia e ficou tudo ou muito raso, ou muito sem graça, o que é um problema para uma obra com mais de 400 páginas. Em suma, não me fisgou. Minha impressão é que poderia ser grandioso, mas foi apenas mais um livro.
Laiany Teixeira 05/03/2019minha estante
Dei 3 estrelas por ter gostado muito apenas da primeira parte, mas aí vou pra segunda parte e não sei como fui até o fim :/ Tinha tanto potencial


Thais.S 25/02/2020minha estante
vc esta absolutamente certa.... estou achando a leitura um saco....




Gui 30/11/2018

confesso que esse livro me levou a altos e baixos em momentos amei em outros nem tanto porem o final emocionante valeu por todo o livro .
"Sonhe com alguma coisa intensamente e ela será sua"
pg 46 Maris de Amberly Menor
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Desireé (@UpLiterario) 23/10/2018

O direito de voar. (@Upliterario)
Maris é filha de um pescador, mas sonha com os ares. Passa os dias observando os voadores do Santuário navegando pelos ventos como se fossem velhos amigos do céu e das nuvens. E quando ela tem a chance de treinar e voar com Russ, seu pai adotivo, nada mais parece ter importância para menina na terra.
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Acontece que a tradição exige que as asas sejam passadas ao filho primogênito do voador e mesmo que seu irmão Coll não as deseje, as asas deverão ser entregues a ele em seu aniversário de 13 anos, o que deixará Maris confinada a uma vida na terra. Mas ela não será capaz de deixar seu sonho de voar para trás.
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"Ela tinha, sim, um lar, e era ali, no céu, com o vento forte e frio, atrás dela e com suas asas nas costas. [...] Era uma voadora, e, como todos os voadores, não se sentia tão inteira quando estava sem suas asas."
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Uma ótima história sobre um povo, cujo céu não é o limite, mas apenas o começo. Os voadores são responsáveis pela comunicação entre as ilhas do Santuário, já que seus mares são perigosos, repletos de monstros e tempestades terríveis. Contudo, suas tradições retrógradas dividem o povo em castas, privando dos céus àqueles que nasceram em terra firme.
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Gostei bastante da escrita dos autores, apesar de ter achado a obra mais juvenil do que esperava. As descrições das paisagens e dos voos nos levam às alturas e a força e a garra de Maris, que luta pela quebra de tradições e por um mundo mais justo e meritocrático, é uma obra que deve ser lida. Recomendo!

site: www.instagram.com/upliterario
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Orlando 12/09/2018

O LIVRO É | SANTUÁRIO DOS VENTOS, POR LISA TUTTLE E GEORGE R.R. MARTIN
Antes de haver o Santuário dos Ventos, séculos atrás a raça humana ganhou as estrelas, mas uma de suas grandes naves se avariou e fez pouso forçado num planeta com muitos mares revoltos e ilhas espaçadas entre si.

Houve guerra, houve morte, mas ali a humanidade assentou uma nova morada e com o passar dos anos e décadas a tecnologia dos viajantes do espaço se perdeu e os descendentes destes viajantes criaram uma nova sociedade, quase do zero, pautada no cultivo da terra e na pesca. Voltamos ao que éramos na era artesanal e de arados.

Do que sobrou da antiga espaçonave os remanescentes tiraram de sua grande vela de metal flexível o material para construir suas asas e atravessar as grandes distâncias entre as muitas ilhas do chamado Santuário dos Ventos (veja nossa chamada de lançamento AQUI). O material é leve, flexível, quase indestrutível, já que era utilizado para impulsionar as viagens estelares através da força e energia dos ventos solares, se tornou primordial para a construção das asas necessárias para capturar os poderosos ventos do planeta e alçar aos ares os voadores.

Em um mundo com muitos ventos e baixa gravidade, os viajantes trataram de transformar as asas em um meio de transporte e comunicação entre as muitas ilhas do Santuário dos Ventos; os voadores acabaram se tornando uma elite de privilegiados, seu ofício uma honra hereditária passada dos pais para seus filhos mais velhos. E foi assim que começou a história dos povos do santuário.

Mas um dia a história de um povo, de um mundo inteiro e de um modo de vida acabou por se confundir com a história de alguns indivíduos e esses indivíduos acabaram pondo em movimento as engrenagens necessárias à revolução que mudou o Santuário dos Ventos.
No centro dessas histórias individuais está a história de Maris, filha de um pescador e de uma catadora das praias. Maris olhou encantada para os voadores e sonhou com o dia que estaria entre eles, mesmo não tendo direito algum de receber uma asa e ganhar os céus.

A sorte sorriu para a pequena garota, a sorte, o acaso e a bondade de Russ, um voador sem filhos a quem deixar suas asas. Adotada pelo bom homem, Maris foi treinada, preparada e viveu a alegria de se tornar uma voadora e de vivenciar a liberdade dos ventos e de conhecer muitas das ilhas do Santuário dos Ventos.

Entretanto, essa alegria não duraria muito, pois Coll, o filho tão aguardado por Russ, veio anos depois e, aos 13 anos de idade, o garoto teria o direito de reclamar as asas de seu pai, uma vez que era filho legítimo do voador. E, desse ponto em diante, a história doSantuário dos Ventos se entrelaça, se mistura, se confunde e iguala com a história da vida de Maris, que defenderia ano após ano seu amor ao ato de voar…

O MUNDO DO SANTUÁRIO DOS VENTOS E SUA SOCIEDADE E HIERARQUIAS
O livro escrito a quatro mãos por Lisa Tuttle e George R.R. Martin nos leva para um mundo distante da Terra, similar em alguns aspectos, mas com características bem marcantes em sua ecologia: os mares rebeldes predominam sobre a superfície do planeta e estão cheios de criaturas perigosas, as ilhas são esparsas e metais são valiosíssimos, a baixa gravidade permite o voo com auxílio das asas construídas com metal das velas de vento solar de uma antiga espaçonave colonizadora, a sociedade humana do Santuário dos Ventos lembra muito uma sociedade de aspecto medieval.

Essa sociedade é dividida bem claramente entre três grupos: os senhores da terra, título dado aos governadores das ilhas-cidade do santuário; os aterrados, que são os cidadãos comuns das ilhas e os voadores, cujos privilégios e status se equiparam aos dos próprios senhores da terra.

Os voadores gozam de uma série de privilégios e benefícios por seus serviços prestados ao Santuário dos Ventos; através deles mensagens de comércio, política, diplomacia são trocadas entre os senhores da terra de todas as ilhas. Com um conjunto de regras e leis próprias, os voadores se autorregulam, tendo em seu Conselho uma importante força coletiva para formulação de leis, penalidades e tomada de decisões que envolvem a coletividade dos voadores.

Por seus serviços e privilégios nas terras e mares do Santuário dos Ventos os voadores são admirados, respeitados e idolatradas por muitos, e por vezes odiados por uns poucos.

MARIS CONTRA O SANTUÁRIO DOS VENTOS
Com as asas do pai adotivo, Maris se tornou conhecida em todo o Santuário, tanto por seu talento quanto por sua condição de não ser uma voadora de nascimento.

Mas o inesperado ocorreu e Russ, seu pai adotivo, acaba por ganhar a dádiva da paternidade biológica e Coll vem ao mundo com todos os direitos necessários para receber as asas do pai quando chegar aos treze anos e, mesmo amando seu irmão adotivo, Maris passou todos os anos desde o nascimento do garoto sob o fantasma de perder as asas que tanto desejou.
Em Santuário dos ventos o leitor acompanha Maris em três momentos distintos de sua vida sempre ligada às lutas envolvendo a condição dos voadores na sociedade como um todo e de forma individual também.

Tuttle e Martin criam um mundo e uma narrativa pautados no constante confronto entre o “eu” e o “nós”, entre o indivíduo e o coletivo, entre tradição e ruptura. Questões políticas, culturais e de interesse estritamente particulares trazem à tona na história do Santuário dos ventos o fato de que o indivíduo, mesmo defendendo seus interesses, é capaz de mover o mundo em prol de outros indivíduos ao seu redor.

É assim que acompanhamos Maris ao longo dos anos saindo de suas zonas de conforto para entrar em lutas ideológicas e mudanças que ora compreendemos como puro egoísmo da garota, ora como revolta social e desejo por mudanças que criem um mundo mais igualitário, onde competência, habilidade e aptidão são itens mais essenciais à sobrevivência da sociedade quanto seus costumes enraizados e cristalizados de forma imutável.

A narrativa a quatro mãos de Santuário dos ventos alterna momentos de descrição e contextualização do mundo criado pela dupla de autores com momentos de real condução narrativa, aqueles cujas ações, escolhes e motivações dos personagens fazem as engrenagens do mundo fictício da obra se moverem no sentido da mudança.

Claramente dividido em três capítulos distintos – sobre os quais prefiro não dar detalhes para não estragar certas surpresas da obra – nos quais desfilam um belo e instigante elenco de personagens, a começar pela protagonista Maris e seu constante embate entre tradição e mudança.

Ao lado da jovem voadora estão ótimos coadjuvantes como seus alunos, amigos voadores e até mesmo os “antagonistas” como Val Uma Asa, de longe um dos melhores e mais interessantes personagens da trama, cuja percepção e entendimento da sociedade dos voadores rendem comentários mordazes e irônicos que trazem em si uma série de reflexões sobre as atitudes de Maris e suas motivações.

A narrativa de Santuário dos Ventos é bem direta, sem nenhuma experimentação cronológica, idas ou vindas no tempo; não, aqui é tudo uma linha reta bem delineada em seus três segmentos da adolescência, idade adulta e maturidade de Maris.

Como tal, a obra constrói esses três momentos dando ao leitor a densidade dessas três fases: o primeiro capítulo tem muita energia, momentos de descoberta, impulsividade, alegria, dúvidas, desejos de mudança, atitudes imprudentes, tal qual é a adolescência real. Nesse primeiro capítulo temos a nítida sensação de que Santuário dos Ventos será um livro Young Adult cheio dos vícios desse tipo de narrativa. O que seria desastroso…

Mas felizmente a versatilidade dos autores nos livra dessa amargura no segundo capítulo, onde a obra ganha uma densidade enorme e seus temas se ampliam, bem como a reação dos personagens diante de situações mais difíceis e cheias de nuances, dando à narrativa tons de cinza diversos e um prisma multifacetado de percepções e ideias. Nesse capítulo nos pegamos constantemente transitando entre concordar e discordar do mesmo personagem em situações diferentes e conforme suas ideias são desenvolvidas ou afetadas pela presença de outros personagens na trama.

A própria narrativa se torna mais obscura nessa “idade adulta” da cronologia do livro, as rivalidades se adensam e a perspectiva dos voadores e sobre eles sofre mudanças severas no mundo do Santuário dos Ventos e, o melhor de tudo, na visão do leitor também.

E, felizmente mais uma vez, a narrativa segue nessa densidade no terceiro e último tomo da obra, com questões ainda mais delicadas e decisões ainda mais cheias de facetas e desdobramentos, o que deu ao livro um fechamento diametralmente oposto ao seu começo que dava entender a entrega de uma obra pautada pelos delírios juvenis de uma adolescente egoísta e inconsequente.

Meu único ponto negativo sobre a obra é a “lentidão” da narrativa de Tuttle e Martin emSantuário dos Ventos; não sou um grande fã da narrativa do criador das Crônicas de Gelo e Fogo justamente por este aspecto excessivamente arrastado de seu texto, o que me dá uma sensação de algo enfadonho demais e aqui nessa obra em parceria com Tuttle parece que Martin imprime muito essa sua característica à obra. Santuário dos Ventos, a despeito de um livro sobre asas e voo, acaba por ser extremamente arrastado em muitos pontos.

Claro, não tem como diluir o que é feito por Martin e o que é feito por Tuttle no livro, mas acredito que as partes onde Maris conduz tudo e sua personalidade é trabalhada e lapidada na obra, seja a mão de Tuttle que puxa as cordinhas para que a protagonista seja não só mais uma personagem feminina, mas uma personagem feminina construída por uma escritora, o que é muito, muito importante.

A despeito do mundo criado pelos autores, o Santuário dos Ventos me lembra demais o mundo de Terramar, criando pela mestra Ursula K. Le Guin; não só isso, a própria narrativa de Tuttle e Martin me lembraram demais a obra de Le Guin que tem na trajetória de Jed, O Gavião e grande mago de Terramar, uma narrativa de crescimento, de autodescoberta, aprendizado e, por que não, redenção.

Em muitos momentos de Santuário dos Ventos percebi situações semelhantes no sentido de construção e crescimento de Maris iguais aos que Le Guin fez para Jed em O Feiticeiro de Terramar, não tenho dúvida alguma de que a grande obra de Le Guin seja fonte de inspiração para Santuário dos Ventos. Outro fator que me reforça essa grande influência é a semelhança entre os dois mundos: grandes extensões de mares revoltos, arquipélagos formando “vilarejos” e “regiões”, a navegação como método principal de transporte e uma casta que tem prestígio enorme na sociedade (em Terramar os magos, no Santuário os voadores).

SCI-FI OU FANTASIA? SCI-FAN!
Santuário dos ventos ocupa uma área de interseção entre fantasia e ficção científica, mas não põe definitivamente os pés em nenhum dos dois gêneros: não há magia, não há espadas, mas também não há tecnologia capaz de tirar as sociedades do planeta de uma longa era similar ao que foi nossa idade média. No entanto toda a origem do mundo do Santuário é pautada na chegada de colonizadores espaciais, inclusive advindo das velas de vento solar o material das quais as asas dos voadores são feitos.

Santuário dos ventos me parece um híbrido competente de uma fantasia fictícia, ou seria de uma ficção fantástica? Acho que a bem da verdade isso pouco importa, pois o leitor tem aqui uma ótima leitura que flerta com desdobramentos da Fantasia e da Sci-Fi.

Longe de ser o livro que vai mudar os rumos de qualquer desses gêneros, Santuário dos Ventos é uma narrativa inteligente, agradável e cheia de reflexões e análises que podem ter muito de suas proposições transportas para o mundo real, realizando com isso a competente função da boa obra literária: refletir sobre a realidade através de um mundo ou de uma história fictícia e fantástica.

Para os que querem uma leitura inteligente e ao mesmo tempo direta e sem peripécias narrativas, Santuário dos ventos é a pedida e, soma-se a isso a completude da obra em si mesma: nada de uma extensa saga de 10 livros cujos próximos volumes o leitor nem sabe se chegarão aqui ou se o autor estará vivo para escrever as continuações; não, aqui é abrir, ler, fechar e encerrar a história de Maris no Santuário dos Ventos.

Faço aqui, nesse fechamento, a ressalva aos que, inadvertidamente venham aoSantuário dos ventos em busca de grandes batalhas aladas regadas com sangue, espadas, magias ou armas laser: Santuário dos ventos passa longe, muito longe disso.

SANTUÁRIO DOS VENTOS | SOBRE OS AUTORES
George R.R. Martin nasceu em 1948 em Nova Jersey e é formado em jornalismo pela Northwestern University, em Chicago. Publicou sua primeira história de ficção científica, “O herói”, em 1971, e logo se firmou como escritor de rara qualidade, ganhando três Hugo Awards, dois Nebula Awards e o prêmio Bram Stoker.

Passou dez anos em Hollywood como roteirista e editor de histórias nos seriados de TVAlém da Imaginação e A Bela e a Fera – neste último como roteirista e produtor. Depois, iniciou sua série fantástica “As Crônicas de Gelo e Fogo”, que deu origem ao sucesso da HBO – Game of Thrones.

A série conta até agora com os títulos A guerra dos tronos, A fúria dos reis, A tormenta de espadas, O festim dos corvos e A dança dos dragões, todos publicados pela LeYa.

Lisa Tuttle ganhou o John W. Campbell Award de melhor escritora em 1974 e desde então escreveu vários contos e novelas, incluindo Lost Futures, que foi indicado ao Arthur C. Clark Award, e The Pillow Friend. Além disso, escreveu diversos livros infantis.

Nascida no Texas, atualmente mora com o marido e a filha numa área remota na costa ocidental da Escócia.

SANTUÁRIO DOS VENTOS | FICHA TÉCNICA
• Tradução: Luis Reyes Gil
• Páginas: 416
• ISBN: 978-85-441-0617-4
• Formato: (altura, largura e lombada) 16 x 23 x 2,1 cm
• Gênero: Ficção | Fantasia
• Peso: 700g
• Preço: R$ 49,90
• ISBN Ebook: 978-85-441-0618-1
• Preço Ebook: R$ 33,99

PREMISSA: - 90%
DESENVOLVIMENTO - 85%
PERSONAGENS - 90%
CONTEXTUALIZAÇÃO - 100%
PROCESSO NARRATIVO/ NARRATIVIDADE - 90%
CONCLUSÃO/ DESFECHO - 85%

site: https://www.pontozero.net.br/2018/08/23/o-livro-e-santuario-dos-ventos/
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Lucas Rey 27/08/2018

Nostálgico.
Precisamos esclarecer uma coisa muito importante: vi muitas resenhas desse livro antes de comprá-lo. E a maioria dos blogs e canais de YouTube diziam que o livro ficava sombrio a partir da metade. Mas, sério, o livro não é nada sombrio, NADA! Trata-se quase de Young Adult. Veja, isso não é algo ruim, mas é bom não criar expectativas diante o que os blogs e outros canais dizem por aí... ;)

Visto isso...

O livro é constituído de 3 parte (além de prólogo e epílogo).

A história é simples e, pode-se dizer também, sem muitos momentos de clímax. São raras as partes da história que fazem você ficar com o coração na mão. Em geral, a história é bem regular nesse sentido. E esse é o único ponto fraco do livro ao meu ver.

Embora haja muitos personagens legais, a estrela do livro é a Maris, a personagem principal. O leitor acompanha a vida dela durante as três partes do livro, cada parte contando um momento e um desafio a ser superado pela protagonista. E é ela que te faz querer ler mais e mais.

Tecnicamente, o livro é perfeito. A premissa do mundo criado é muito boa, as regras desse mundo e suas leis são explicadas junto com o transcorrer da história, nada muito complexo e nem megalomaníaco. Os personagens são todos muito bem desenvolvidos, em poucas linhas o autor consegue de forma maravilhosa fazer o leitor entender quem é quem na história sem precisar de descrições super saturadas. Os desafios e problemas enfrentados pela protagonista são simples, mas nem por isso ruins. Eu, de certa forma, já estou um pouco cansado daquela prerrogativa que a maioria dos livros de fantasia seguem: salvar o mundo. Aqui, não! Aqui a coisa é simples e igualmente fantástica.

O meu sentimento durante maior parte da leitura do livro foi de nostalgia, e em certo ponto, até mesmo tristeza. Esses foram os dois sentimentos predominantes na minha leitura. A conexão que o autor faz com as 3 partes do livro e a forma como ele indica a passagem de tempo entre elas é realmente de dar um nó na garganta.

Santuário dos Ventos é a prova de que não é necessário uma trilogia ou grandes séries de livros para se fazer uma boa história.
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Fernando Lafaiete 18/08/2018

Santuário dos Ventos: Ficção-científica de alto nível escrita por 4 mãos?
******************************NÃO possui spoiler******************************

Santuário dos Ventos me despertou sentimentos instáveis. Durante toda a leitura fiquei procurando algo que me confirmasse que este livro foi escrito por quatro mãos. Tentei e por mais que eu tentasse não encontrei características que me confirmasse que George Martin colaborou na escrita. Acredito sim que ele possa ter ajudado na concepção de algumas ideias, mas não acho que ele tenha colocado a mão na massa e escrito de fato o livro.

A trama é engenhosa e bem escrita, mas não possui toda a minuciosidade e brutalidade do aclamado escritor. A ficção-científica com pé na fantasia apresentada “pelos autores”, conta a história de um universo constituído por ilhas onde a comunicação só é possível com a ajuda dos voadores; seres humanos que se utilizam de asas de metais para sobrevoar estas ilhas e transmitir mensagens. Estes respeitados mensageiros passam suas asas de maneira hereditária e são pessoas bem tradicionais que temem possíveis mudanças neste sistema. É neste mundo que vive Maris, uma jovem que sonha em ser uma voadora e não aceita o fato de seu irmão ser o herdeiro das asas de metais de seu pai adotivo.

A jornada desta personagem ao longo dos anos e os conflitos civis e políticos são os focos de Santuário dos Ventos. A obra é dividida em 3 partes e cada parte foca em um período diferente da personagem onde longas passagens de anos são perceptíveis. As histórias são interessantes e possuem bons desenvolvimentos. Os diálogos são bem construídos e a leitura é fluída. Maris é uma boa protagonista e mostra de maneira palpável a força de uma personagem feminina bem construída. Mas mesmo tendo gostado deste livro, queria muito ter me deparado com aspectos pertencentes do Martin que conheço.

A primeira coisa que me incomodou foi o fato de que a sinopse do livro possui informações importantes, mas que constam somente na sinopse. Em nenhum momento ficou claro para mim como este mundo foi concebido. Fica claro para quem ler a contracapa, mas faltou tal informação ser inserida e desenvolvida na trama de maneira sólida. Outra coisa bastante incomoda para quem já leu George Martin, são os cortes abruptos bastantes presentes em Santuário do Ventos nas cenas de violência. Não temos vislumbres reais destes momentos e sabemos que Martin não poupa seus leitores deste tipo de cenas. As questões políticas são citadas, mas não temos um aprofundamento destas situações. É outro ponto que me saltou aos olhos de maneira “negativa”. Tais aspectos são citados, possuem importância para a narrativa, mas não são apresentados com detalhamentos.

Entretanto, as tramas são envolventes e possuem desfechos muito bons. Os personagens são bacanas e cada um possui personalidades diferentes, que geram bons diálogos e boas situações. Curti todos os personagens e gostei dos finais que me instigavam a continuar a leitura. Depois de um tempo, me desprendi e li Santuário dos ventos como uma obra escrita por Lisa Tuttle e no máximo supervisionada por George Martin. Foi assim que encarei este livro.

Li alguns artigos sobre esta elogiada parceria e vi que alguns críticos também questionaram a veracidade da participação de Martin e outros (incluindo o próprio autor) afirmam até hoje que ele participou sim como escritor efetivo e que a falta de elementos mais brutais e descrições mais palpáveis se dão pela “inexperiência” do autor na época em que a obra foi concebida. Inclusive, a quarta novela nunca passou de apenas uma ideia, pelo simples fato de que com o passar dos anos os autores foram desenvolvendo características narrativas próprias que impossibilitaram esta parceria de ocorrer novamente, já que suas escritas não combinavam mais. Pode ser que esta justificativa seja verdadeira, já que pra mim soa bastante verossímil.

Indico sim este livro, mas saiba que é uma obra de início de carreiras. É muito legal, mas nada no nível de Guerra dos Tronos, Sonho Febril etc. Curti a leitura, me entreteve e foi uma boa experiência; mas não passou disso.

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Informação pós-resenha:

Tempestades, a primeira novela de Santuário dos Ventos foi publicada pela primeira vez em 1975 e foi vencedora do Locus Award em 1976 de melhor Novela. Foi indicada no mesmo ano para o Hugo Award e para o prêmio Nebula. É até hoje uma história elogiada pelos fãs dos autores e aclamada pela crítica especializada.
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