Maria14598 12/12/2022
Com fortes inspirações na versão francesa de Mil e uma noites, Diana nos apresenta outra parte do universo rico que ela criou em O Castelo Animado. Agora, estamos em Zanzib, e acompanhamos Abdullah, um simples vendedor de tapetes, com pouco dinheiro, mas muitos sonhos. Aliando a vontade de mudar de vida, com uma imaginação fértil, Abdullah cria diversas histórias, onde o mesmo é um rico príncipe de terras distantes, com um castelo, um jardim encantador e uma belíssima princesa. Isso, ele sabe, não é verdade, mas essas fantasias o ajudam a lidar com a família terrível a a vida bem... medíocre que ele leva.
Isso muda quando um misterioso mercador o vende um tapete mágico. O tapete, durante a noite, o leva até um suntuoso castelo, onde Abdullah encontra Flor da Noite, a princesa dos seus sonhos. E, como é uma história inspirada em Mil e uma Noites, a princesa é sequestrada repentinamente por um terrível djim.
Agora, com a ajuda de um tapete mágico (e outros itens e companheiros interessantes), Abdullah tem que achar o djin e salvar o amor de sua vida.
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E agora, minha opinião.
O protagonista não é tão interessante quanto do último livro, apesar de eu ter gostado. No geral, é um protagonista "chato" (não para a história, ou desinteressante, ele só é o tipo de personagem que, apesar de eu ter achado fofo, da vontade de puxar a orelha) Ele é rabugento e subserviente, sonhador e determinado, mas pessimista, uma mistura engraçada, que faz diálogos hilários, e pode ser bem irritante para os leitores algumas vezes. Os diálogos são o ponto mais forte da Diana, até agora. Todos tem muita personalidade e humor. Adoro.
Flor da Noite, mesmo sendo uma princesa sequestrada, tem presença, sagacidade e altivez, com um misto adorável de inocência, uma coisa bem gracinha.
Também temos outros personagens, como o gênio da lâmpada, o solado e... Todo o elenco do livro passado, mas dessa vez, com um papel secundário.
No geral, é um livro com uma história simples (salvar a princesa) que se desenrola em pequenas confusões e mistérios, bem ao tom de Mil e Uma Noites, mas com personagens bem cativantes e um ótimo enriquecimento de universo. Eu adoraria falar mais, mas... Esse é um livro com várias reviravoltas, e falar delas definitivamente pode afetar a leitura.
Então é um livro simples, bem feito e adorável, com muito humor.
Diana Wynne Jones segue sendo minha escritora de infantojuvenil favorita. Nesse livro, temos resquícios de orientalismo (devo alertar) por conta da fonte de inspiração base (Mil e Uma Noites francesa), mas... Não digo que passo pano, só digo que é leve. Diana fez bom uso da cultura, mesmo puxando ela para o "místico e mágico", respeitou os personagens e suas origens, e fez a lição de casa na hora de nomear tudo. (Surpreendente para uma escritora britânica)
Para quem gostou do primeiro, aviso mais uma vez: não é uma continuação. Temos os personagens passados aqui, vemos como eles estão depois dos acontecimentos do livro passado, mas esse livro não é sobre eles! O que não torna o livro ruim.
Nota geral: 4/5
Eu tenho um fraco por coisas inspiradas em mil e uma noites ?