spoiler visualizarLele218 16/08/2023
Ñ sei se td mundo merece morrer, mas ninguém merece ler isso
Li esse livro em dois dias, com espaço de quase 4 semanas entre eles. No primeiro dia li 93 páginas, me esforçando ao máximo pra não abandonar, com o último capítulo sendo meu estopim porque achei o mais pesado de todos. Ontem terminei as 75 páginas que faltavam só pra contar mais uma leitura na minha meta do ano, porque não quis jogar no lixo o tempo que já tinha gastado com esse livro.
Antes de tudo, acho importante falar que nunca tinha visto ninguém recomendar esse livro. Achei ele por acaso na Amazon e achei que era sobre assassinato, investigação e um clima tenso de pessoas presas juntas num vagão de metrô. Infelizmente não foi o caso.
O livro começa contando que aconteceu um assassinato no metrô de SP, e um dos presentes impediu que mais pessoas fossem mortas também. Daí por diante, conta as 24h de cada um dos passageiros desse vagão até o momento do tiro. Queria dizer que de início isso foi interessante, mas nem isso. A autora narra cada história de uma forma diferente pra evidenciar que são pontos de vista de pessoas diferentes, mas alguns me incomodaram por serem extremamente esteriotipados. As pessoas de classe média ou alta tinham numa narrativa normal enquanto os de classe mais baixa usavam tanta gíria e falavam de um jeito tão forçado que me faziam querer revirar os olhos pra dentro da cabeça e deixar eles lá pra não ter que ler mais.
Falando das pessoas, obviamente não dá tempo de aprofundar cada uma porque o livro é curto e a Clarissa decidiu colocar muitas pessoas no vagão, mas achei superficial até demais. Em muitos dos personagens a gente não tem muito um contexto pra explicar o motivo daquela pessoa ser tão ruim. Não que precise de explicação, mas em algumas vezes ficou jogado demais. A mesma coisa com os gatilhos e cenas explícitas, parece que a autora sorteou vários os crimes e gatilhos e foi distribuindo entre os personagens, fico surpresa que canibalismo não tenha saído no sorteio junto de todas as menções e cenas gráficas de estupro, gordofobia, auto mutilação, suicídio, racismo, pedofilia e maus tratos infantil. Parece que tudo ali foi enfiado de qualquer jeito pra chocar e ser um livro pesado e intenso. Pesado é, você não precisa chegar nem no final pra sair super carregada e negativa, mas intensidade passa longe.
Também não equilibra tanto os personagens. Tem alguns que gabaritam todos o crimes do código penal e outros que só se enfiaram em situações ruins ou são idiotas, mas não extremamente nojentos. Chega uma hora que fica repetitivo, são 12 personagens ? que não são interessantes de verdade de se ler, diga-se de passagem ? narrando até o momento do assassinato, pra no final do livro não ter conclusão satisfatória. Podiam ser 12 pessoas diferentes escrevendo um capítulo cada e que não sabiam como terminar, porque só tem o último capítulo contando sobre a assassina e ele então é mais superficial do que os outros.
Achei as 168 páginas uma bela perda do meu tempo, não me trouxe entretenimento e sim uma repetição infeliz da cena da pré adolescente na minha cabeça. O livro foi escrito por uma mulher e tenho certeza que ela não concorda com as atrocidades que estão escritas ali, obviamente, mas acho que faltou algo sobre isso. O livro tem TANTA misoginia e violência contra mulher que se não tivesse visto o nome na capa apostaria que tinha sido escrito por um homem. Tem tanta menção (quando não uma descrição explícita) gratuita a estupro que faz mal, principalmente para mulheres. Fiquei realmente surpresa em ver avaliações positivas falando sobre como o livro abriu os olhos de alguns leitores pra realidade e que ele é bem escrito e etc. Claro que gosto é relativo, mas acho preocupante os olhos estarem tão fechado ao ponto de se contentar lendo isso.