spoiler visualizarKarolina 31/12/2022
Bom, foi complicado. Ao pegar esse livro eu só tinha um propósito: uma última leitura em 2022. Péssima idéia. O livro é bom? Talvez. A escrita é boa? Sim. Precisa ter estômago para conseguir ler tudo isso? Sim.
Ao julgar o livro pelo título eu pensei que os personagens ali não iriam me agradar. Mas o que eu li foi 1000 vezes pior. A cada capítulo eu me enojava mais com as atrocidades de cada personagem. O homem com HIV, o padre, a pré-adolescente, a professora racista, todos podres em sua total existência. E saber que, no final, a atiradora mata a única pessoa que não era de todo mal, me embrulha o estômago. Sim, é uma história ficcional, mas saber que as pessoas ali continuam "soltas" para cometer as atrocidades que cometem no dia-a-dia, é duro. E ainda ter que ouvir que eram "pessoas inocentes" é pior.
No entanto, o que me pegou foi que, no final, aqueles personagens absurdamente escrotos, não tinham um propósito. Você pode me dizer que o propósito deles era estar no metrô, mas não engulo essa. Clarissa pega todos os absurdos que fazem embrulhar o estômago, sorteia em meia dúzia de personagens e normaliza ações e falas que não deveriam ser normalizadas. Eu entendo o ponto de escrever um livro mostrando o pior de cada pessoa. Mas para que fazer isso sem uma conexão entre eles, sem uma punição, sem um final digno?
A escrita não é leve, Clarissa não mede palavras e adjetivos, mas tudo com o propósito que o livro tem, de ser pesado, de machucar, de tocar a ferida.
É um livro que ativou diversos gatilhos, principalmente como mulher.
Parabéns Clarissa. Agora vou ler um livro mais leve para desestressar kkkk