Siane 22/05/2022
Cidadã de segunda classe
Esse livro carrega um peso cultural enorme, é o primeiro livro que leio que retrata a vida de africanos e algumas questões foram um choque cultural, porque é óbvio que cada local tem suas crenças e ensinamentos, mas ainda questão principalmente que envolvem maus tratos a mulheres nunca deixam de me incomodar. E a Adah que é a personagem principal dessa história é menosprezada desde o seu nascimento pelo fato de ter nascido mulher, saber que esse livro é uma autobiografia tornou tudo ainda mais difícil, pois a jornada de Adah é completamente angustiante e saber que tudo foi vivenciado pela Buchi Emecheta dá um grande nó no estômago. Dizer que sentir raiva de como a Adah foi tratada, principalmente pelo marido é pouco, me deixou extremamente triste pois infelizmente é a realidade de muitas mulheres, sejam elas africanas, inglesas, americanas ou brasileiras. A associação a mulher a um pessoa de segunda classe, infelizmente ainda é algo muito presente na nossa sociedade, obviamente muita coisa evoluiu, mas ainda assim precisamos melhorar muito mais. Acredito que tudo o que a Adah/Buchi queria era que suas filhas pudessem ser tratadas como ser humanos completos, que não nascessem definidas como menos humanas por serem mulheres, é um processo longo e como visto na leitura, é árduo. A Adah casou muito nova e como muitas mulheres viveu muito tempo em um lar e casamento extremamente abusivo, mesmo sendo a maior provedora da casa. Admiro muito a Buchi Emecheta por ter escrito e nos mostrado sua história, incluindo alguns momentos que os pensamentos e ações da própria Adah me incomodaram, mas trago novamente a questão social e cultural que é totalmente oposta a que eu me encontro. Dito isso, acredito que seja leitura essencial e necessária.
Recomendo! ??