Aurea31 20/01/2020
O que aprendi com Hamlet de Leandro Karnal foi a minha primeira leitura do ano de 2020. A primeira da década. E acredito ter lido no momento apropriado que me resultou reflexões sobre a minha própria evolução como pessoa (que bom que roubei o livro da minha tia kkk). De como eu tenho cuidado da Áurea. Do que a Áurea tem feito, como tem se comportado, como tem se sentido. Não encarei ainda o desafio de ler Hamlet e incutir minhas próprias interpretações e análises a respeito, porém a forma como Karnal me transmitiu as lições que ele mesmo identificou na tragédia shakespeariana foram de valor crucial pra que eu traçasse alguns pontos sobre os quais quero moldar meu caráter daqui em diante e procuro fazê-lo religiosamente dia a dia (sabemos que os sacrifícios religiosos que são para o bem coletivo verdadeiramente são muito custosos à índole humana). A tragédia hamletiana fala de ódio, de ressentimento, de vingança, de ingratidão, de traição e de morte (justamente por isso: tragédia). Ao longo da trajetória humana que cada um vive nos deparamos com situações angustiantes que nos desconcertam, causam dor, raiva, tristeza, desesperança. No caso de Hamlet isso lhe plantou ao coração o desejo da vingança, a todo e qualquer custo, e no amargor da sua tristeza perdeu até mesmo a própria humanidade, a razão, o amor dentro de si e a compaixão. Sob este aspecto, O que aprendi com Hamlet é aquilo que seu Madruga já dizia sabiamente: A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena. E isso é somente a mais pura verdade. Quantas vezes o corte das palavras mal intencionadas, somado aos desejos gratuitos de prejuízo contra mim não me machucaram? Quantas vezes revidar, argumentar, expor o óbvio só trouxe a exaustão? Leandro Karnal nos traz a reflexão quanto as amizades e as “amizades” e quanto a ponderação no falar. Eu possuo convicções plenamente inabaláveis de que nunca, NUNCA!, desejei mal aos meus semelhantes e não preciso exaurir esforços para comprovar nada a ninguém, minha consciência tranquila basta, ao contrário, pequei pelo excesso de bondade que Maquiavel já nos alertava: A um bom governante convém dar a bondade em pequenas doses para que não olvidem tão facilmente e o governo seja próspero. Às relações sociais isso também se aplica. Se posso e tenho oportunidade de trazer benefícios a alguém o farei, mas com temperança e prudência pra não me machucar com o fel da ingratidão. Sobre receber injúrias e calúnias é aquilo que já temos de praxe: Não somos responsáveis pela incompletude de quem nos intenta atingir e molestar, a solução é a indiferença (salutar para nós mesmos) e para não olvidar dos meus valores cristãos reservarei dentro de minhas orações o pedido a Jesus de que limpe meu coração de todo rancor e ressentimento, igualmente suplicando a cura e libertação da falta de amor que motive meus opressores, para que direcionem suas energias a bons propósitos sociais. Como finaliza Shakespeare, finalizarei eu: O resto é silêncio!