Resenhas - O sonho dos heróis

Giovanna 11/01/2023

Não tenho certeza de como avaliar essa leitura. É de fácil compreensão, bem fluida e rápida, mas meio... desinteressante? Achei o protagonista chato e os pensamentos misóginos me incomodaram bastante (mesmo entendendo que se passa em outra época). Porém uma das reviravoltas do final me deixou supresa o que me fez gostar um pouquinho mais do livro.

vizloop 08/01/2023

O destino pode ser mudado?
Não que a história foi surpreendente, porque, na verdade, é tudo muito previsível. Mas a forma como o livro nos insere no ambiente e nos faz sentir através das cenas é, sim, surpreendente.

O que falar de Clara? teve coragem de machucar Emílio porque sabia que era o necessário, e depois voltou para reconquistar-lo (mesmo que o livro diga que foi o contrário). Sim, é exposto diversos pontos machistas e misóginos por parte do Emílio, mas é a época, né? Sei la. Não me afastou do Gauna, que, para ser sincero, é tão imperfeito que me identifiquei com ele. E o Larsen? Tão simples e bom, a amizade dele com Emilio sempre tão pura.

É um livro sobre destino. Podemos fugir dele? Podemos mudar-lo? Ou, no fim, nossa intuição sempre nos levará a ele enquanto pensamos estar mudando-o? Emilio tinha uma vida boa, com a mulher amada, e, mesmo assim, trocou isso por uma noite que, distorcida pela amnésia, lhe prometia glória, e lhe entregou idiotices.

As vezes o que a gente quer sempre esteve conosco. Só não conseguimos enxergar.

Rafael Moia 23/06/2022

À TAG Curadoria
Sabe aquela questão sobre o livro ser importante, ou ser bom!? Curti o livro. Não curti o plot. Curti o final. Não indico. Mas vale a pena ler!

Millene.Grandemagne 11/06/2022

Citações e reverberaçôes
"Não é preciso se desesperar. O futuro é um mundo onde tem de tudo."

"Se não encontrarmos no futuro o que procuramos, talvez seja porque não sabemos procurar. Sempre podemos esperar alguma coisa. - Eu não espero muito, declarou Gauna, também não acredito em bruxarias. - Talvez tenha razão - replicou com tristeza Taborda. - Mas teríamos de saber o que vc chama de bruxaria. Dou como exemplo a transmissão de pensamento. Não há grande mérito, garanto, em averiguar o que pensa um jovem aborrecido e temeroso."

"Por mais corajoso que seja, um homem não é corajoso em todas as ocasiões."

Bilhete da sorte que Gauna tirou do papagaio: "Os deuses, o que buscares e pedires, como um papagaio informado, adianto, ai, irão te conceder! Enquanto isso, aproveita o banquete da vida."

"Nem sempre se pode ser leal. Nosso passado, em geral, é uma vergonha, e não se pode ser leal com o passado ao preco de ser desleal com o presente. Quero dizer que não há calamidade maior que um homem que não escuta seu proprio juízo."

"Gauna disse que seu amigo sempre estava pronto para enfrentar qualquer um numa briga [...] Taboada explicava: essa coragem que Gauna menciona não tem importância. Oq um homem deve ter é uma espécie de generosidade filosófica, um certo fatalismo, que lhe permita estar sempre disposto, como um cavalheiro, a perder tudo a qualquer momento."

"Que surpresa os rapazes teriam - exclamou Gauna certa vez - se soubessem que passo a tarde estudando uma rosa. Taboada comentou: - Seu destino mudou. Há dois anos vc estava em pleno processo de se transformar no Dr Valerga. Clara o salvou. - Em parte Clara - reconheceu Gauna - e em parte, o senhor."

Diz Taboada para Clara antes de morrer: "Cuide de Emilio. Eu interrompi o destino dele. Cuide para que não o retome. Cuide para que não se transforme no valentão do Valerga." Depois de um suspiro, disse: "Queria lhe explicar que há generosidade na felicidade e egoísmo na aventura".

Narrador: "O destino é uma útil invencao dos homens. Oq aconteceria se alguns fatos tivessem sido diferentes? Aconteceu oq tinha que acontecer; esse modesto ensinamento resplandesce com luz humilde, mas diáfana, na história que lhes conto. No entanto, continuo acreditando que a sorte de Gauna e Clara seria outra se o Bruxo não tivesse morrido. Gauna voltou a frequentar o Platense, voltou a se reunir com os rapazes e com o doutor."

"Que desgraça, pensou. Que desgraca ter passado 3 anos tentando reviver aqueles momentos como quem tenta reviver um sonho maravilhoso; no seu caso, um sonho que não era um sonho, mas a epopeia secreta de sua vida. E quando conseguiu resgatar da escuridao parte dessa glória, oq viu? [...] As crueldades mais abjetas. Como o mero esquecimento pôde transformá-las em algo precioso e nostálgico? Pq havia compactuado com os rapazes? Pq havia admirado Valerga? E pensar que para sair com essa gente deixou Clara..."

"Gauna perguntou-se como pôde imaginar que ao entrar nos 3 dias de carnaval recuperaria oq sentira da outra vez, entraria novamente no carnaval de 27. O presente é 'único: era isso que ele não tinha percebido, isso que derrotava suas pobres tentativas de magia evocatória."

"O Emilio tinha de morrer no carnaval - disse Clara. - Agora compreendo tudo: sem que eu soubesse, da outra vez meu pai me mandou procurá-lo, para que eu interrompesse seu destino. Devo cuidar para que não o retome; talvez já seja tarde."

Como disse Cercas, na indicacao, um livro fácil de ler, mas difícil de interpretar. Após ler, pude entender oq ele disse: que invejava quem lia pela primeira vez e que por diversas vezes o releu, com diferentes surpresas. É realmente um livro que me surpreendeu no final, apesar de depois de ler, ver que em diversos momentos da narrativa o final era claro e previsível. Assim como Cercas, desejo a oportunidade de reler em outras oportunidades para diferentes e prováveis novas interpretações.

O livro tem dois polos: Dr Valerga, os "parceiros" de Gauna e a vida noturna, de farra e bebidas, do outro lado, Taboada, Clara, Larsen e a vida tranquila. Gauna, jovem e imaturo, no meio disso. Onde está o sonho? Onde estão os heróis?

Logo no início, vemos que Gauna é bem imaturo, o que fica provado quando ele ganha um dinheiro em uma aposta de corrida de cavalos e decide gastar tudo em 3 noites de farra de carnaval com pessoas que logo vemos que não sao seus amigos íntimos, mas apenas companheiros de, justamente, farra. Tanto é que logo fica claro que o único interesse deles é que Gauna pague tudo e, a todo momento, alguns ficam duvidando que Gauna estaria "escondendo" parte do dinheiro. Valerga é um homem mais velho que eles têm como uma espécie de mentor (por qual motivos não sabemos, pq obviamente é um idiota metido a valente). Percebemos, também, a necessidade que Gauna tem de ser "corajoso", mas uma coragem que, obviamente, para ele, é ligado a brigas e coisas superfluas. Esse é um dos polos.

Acontece essa noite de carnaval e Gauna acorda depois do 3 dia em um lugar estranho, sem os seus parceiros, lembrando vagamente de uma mulher mascarada pela qual ficou encantado e que coisas estranhas aconteceram em um bosque. No início vai atrás de informações, mas os parceiros desconversam e o barbeiro que estava com eles na primeira noite a contragosto, inclusive, foge da cidade quando Gauna vai procurá-lo.

Gauna acaba acompanhando os amigos na casa do bruxo Taboada, pai de Clara e logo depois a conhece. Gauna começa a se relacionar com Clara, mas seus sentimentos sao bastante contraditórios, ora gosta dela, ora não, é bastante machista e irritante, acusando Clara de estar afastando ele de seus amigos e das noites, diz que a ama e minuto seguinte se arrepende, mas mesmo assim não consegue se desvencilhar. Acaba se casando com Clara e tendo um ótimo relacionamento com Taboada que o ensina muitas coisas. Esse é o outro polo, o oposto,

Acontece que Taboada morre e Gauna volta a sair com os "parceiros" e volta a pensar no que teria acontecido naquele carnaval. Após novamente ganhar um prêmio na corrida de cavalos,
após uma breve indecisão sobre gastar o dinheiro na sua nova vida com Clara, ele decide convidar os "parceiros" para retomarem passo a passo aquela noite, a fim de descobrir oq se passou.

Neste ponto, vemos um amadurecimento por parte de Gauna, pq em vários momentos ele se arrepende daquilo, não vê mais graça naquilo tudo e nos "parceiros" e sente falta de Clara, mas mesmo assim continua.

Na terceira noite, finalmente, a noite de 1930 começa a se assemelhar à noite de 1927 e ele vê a mulher mascarada. Logo o narrados esclarece que a mascarada é e sempre foi Clara, que, novamente, foi até lá para salvá-lo, mas desta vez, ela não consegue, e Gauna acaba sendo morto pelos parceiros, naquele bosque. Ele, entao, encontrou o seu destino, aquilo que tanto buscou.

Me pergunto se é uma história sobre o destino e a impossibilidade de se fugir dele, mas, ao mesmo tempo, vejo que é sobre as nossas escolhas e o poder de alterar o nosso próprio destino, mas jamais o destino do outro.

Por meio de um sonho, Taboada disse para Clara que aquela noite de 27 não podia se repetir. Esse é o sonho dos heróis. Mas nem um herói pode impedir o destino que a pessoa escolhe. Uma nova vida se apresentou a Gauna, mas ele foi atrás daquilo que lhe parecia corajoso. No fim das contas, ele estava indo atrás de Clara, pois ela era a mascarada, ela, que sempre esteve ali ao seu lado, mas ele, cego, foi atrás de algo que nem sabia se existia. Foi atrás do outro polo, o polo onde ele pensava estarem os heróis, onde ele, talvez, pensou que seria o herói.

@lendoaos30 21/04/2022

A história e a escrita não são ruins, mas, ao menos pra mim, muita coisa foi bastante previsível e, por isso, não consegui gostar tanto da leitura. O realismo fantástico é ok, a Clara é uma personagem que me conquistou, mas de resto, achei um enredo fraco e sem grandes surpresas. É um tanto arrastada em alguns momentos e cheia de elementos misóginos que, embora compreenda que estão relacionados à época em questão, ainda incomodam bastante.

@acumuladoradelivros 26/02/2022

Uma leitura um pouco mais arrastada, não é das mais fáceis de entender. A narrativa de Casares é bem peculiar. Acredito que numa releitura seria mais fácil o entendimento e também foi minha primeira experiência com realismo mágico, acredito que conforme for lendo outras obras desse nicho mais tranquilo vá ficando.

Gabriel 19/02/2022

Genial, que livro bem desenvolvido! O conceito de 'herói' é muito bem destrinchado por Bioy Casares. Um livro que fala sobre o mito e a cultura argentina entrelaçado pelas loucuras de uma epopeia carnavalesca e um toque fantástico. De bar em bar (a base de muito álcool) se faz uma aventura. Mas quando essa aventura é manchada na memória, o que sobra dela? Será que é válida? O quanto a visão de mundo contamina a suposta experiência do nosso 'herói'? As transformações por qual Gauna vai passando são bem-vindas e o diálogo com as discussões sobre machismo nos dias de hoje são pertinentes. É uma engrenagem difícil de mudar e Bioy Casares nos dá um ponto para refletir.

Nati 02/02/2022

Livro bom, mas o final é 100% melhor
Gauna é um jovem argentino que no ano de 1927 vive um carnaval peculiar. Após ganhar numa aposta de cavalo de corridas, o marco de 3 dias de bebedeira e festa desperta sentimentos que até então não sentira e uma misteriosa mulher o chama atenção no final do terceiro dia de folia.

Não há como negar que o final é bom é que o autor nos guia exatamente para o que ele quer lhe expor. Portanto, chega ao final e ficamos como? Chocados.

Entendo a frustração de muito ao ler este livro no seu desenvolvimento, o início parece que iremos ler sobre um suspense, até que após as três noites de carnaval barradas o livro se arrasta e suas últimas 20 páginas o salvam de fato. Avaliei como bom pelo final pois queria muito mais ver sobre a busca e por bons capítulos fiquei me perguntando ?porque Gauna só não vai logo tentar descobrir, porque levou 3 anos? e é ótimo quando se descobre essas respostas.

O que mais me intrigou não foi o final, imaginei sobre clara, imaginei que ele teria o fim que teve, mas não imaginei quem faria isso e que na verdade não passou de uma visão antecipada que tivemos acesso. Me espantou ser Valerga quem o matara. Você não ficou surpreso? Digo, Valerga em relação aos outros rapazes parecia se importar com Gauna, parecia respeitá-lo e gostar mais dele do que dos demais. Quando pensei que Gauna morreria provavelmente seria por uma briga por ciúmes etc. E logo que Gauna descobre seu desprezo pelo homem ele é exatamente o que da seu fim.

Recomendo a leitura apesar de ser difícil se identificar e ter empatia por Gauna, afinal um personagem de quase 100 anos atrás retrata muita coisa que hoje já não seria tolerado ou gostado. Porém gostei muito da narrativa, escrita, e descrição sobre lugares da Argentina, deu vontade de conhecer!

Alberto 18/01/2022

Misterioso e envolvente, com texto agradável e fácil de ler e personagens interessantes.
A obra, por seu estilo, pertence ao realismo fantástico. Mas não é um texto mirabolante ou "viajado": tudo se passa num mundo muito real e normal, onde o protagonista vive sua vida modesta atormentado por uma espécie de amnésia pontual: sabe que algo importantíssimo aconteceu com ele na última noite do Carnaval de 1927, mas não consegue se lembrar o que foi. Enquanto busca a solução desse mistério envolve-se num romance de amor e reavalia seu passado, suas antigas amizades e valores. Há personagens interessantes, o protagonista e seu par romântico especialmente são bem construídos, com alguma profundidade psicológica. O estilo de Bioy é agradável, fácil de ler: a história contada é muito misteriosa, mas a escrita é bastante clara, exceto quando camufla as pistas da grande revelação do final. Um protagonista que tem de escolher entre os valores da luz, representados pela doce e corajosa Clara, e os valores da sombra, encarnados por uma antiga e dúbia figura paterna. E uma discussão sobre se existe a possibilidade da escolha, sobre o limite da liberdade do homem diante de um destino previamente traçado. Gostoso de ler, bem escrito, não é pretensioso, não promete demais e entrega tudo que promete. Daria um ótimo filminho. Como no outro livro famoso de Bioy, "A invenção de Morel", é melhor não receber nenhum spoiler antes de ler.

Rodrigo 09/01/2022

Amigo íntimo de Jorge Luís Borges, o argentino Casares é mais um representante do movimento literário do Realismo Fantástico. Os elementos mágicos da narrativa são sutis, mas perpassam toda a história.

Como não poderia deixar de ser, o regionalismo também está presente em "O Sonho dos Heróis", na tipicidade do cidadão portenho dos anos 1940 e em sua comparação com os habitantes das demais regiões dos pampas, nas excelentes descrições da capital argentina, na presença do gaucho, nas constantes mateadas.

Ótimo livro, vale a pena se aventurar no carnaval portenho de 1937 (mas apenas nos fragmentos de memória que o protagonista nos permite acesso) e depois revivê-lo no ano de 1940.

Saeslyn 05/10/2021

Carnaval de 1927
Um livro que não esperava nada, mas ganhei tudo, leitura leve e final ótimo. Passei mal com o final. Eu amo esse tipo livro, no meio do livro nos perguntamos cadê a magia, a fantasia? Ai BOWWWWWWWW na conclusão da história fica clara o conteúdo absolutamente fantástico que percorre toda a história.

Thalita234 02/09/2021

É um livro sobre dejavu? Acredito que sim, os capítulos finais são de ler devorando o que difere muito do ritmo lento do começo do livro, boa distração.

anaflaviapogg 08/08/2021

O sonho dos heróis
Sei nem o que dizer.. o livro se estende um monte em uma história sem nem muito sentido, definitivamente não é meu tipo de história

profuilma 20/07/2021

O livro relata a busca de Emílio Gauna para descobrir o que aconteceu no carnaval de 1927 quando saiu com alguns "amigos" do bar para gastar o dinheiro que ganhou ao apostar na corrida de cavalos. Após três anos, Gauna ganha outra aposta, refaz o trajeto, descobre a verdade e encontra seu destino. O desfecho me surpreendeu!
A obra fala sobre amizade, amor, maldade e destino em clima de mistério na Argentina nos anos 20.

Segen 23/05/2021

Obra prima
Definitivamente uma obra prima na construção da linguagem. Um desafio de leitura que através de sua construção de texto mescla memórias, delírios, fatos e narrativas... inicia-se parecendo algo banal e termina com a força de algo mítico!!! Uma odisseia épica em menos de 300 páginas!!!