Eu, travesti

Eu, travesti Nana Queiroz
Luísa Marilac




Resenhas - Eu, travesti


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harison 18/04/2021

Espero que Luísa esteja na melhor. Que todas elas possam estar.
Luísa Marilac, youtuber e ativista pelos direitos LGBT nascida em Minas Gerais, nos garante a lembrança do que nossa cisgeneridade é capaz de fazer com as pessoas que não se encaixam nos "padrões" de gênero ao escrever sua autobiografia "Eu, travesti: Memórias de Luisa Marilac".

Contrariando as estatísticas horrendas de nosso país (o país que mais mata mulheres trans e travestis no mundo), a autora consegue transpassar vários percalços e decide compartilhar conosco as contrariedades que são outorgadas às pessoas que desafiam as regras de gênero.

Marilac, oriunda de família conservadora e da classe trabalhadora, se assume travesti aos 17 anos de idade, mas desde cedo já dando sinais de quem realmente era, e ao "nascer" novamente ela logo se depara com a vida que é designada, via de regra, às pessoas trans: a marginalização. O lugar de não pertencimento à sociedade, o lugar de direitos humanos básicos usurpados, o lugar onde a compreensão, o afeto, o amor são negados.

Tendo seus direitos a educação e profissionalização suspensos, Marilac cede a única saída que tem em vista: a prostituição. Relata que durante sua vida sofreu na mão de clientes perversos, de cafetinas ambiciosas e exploração sexual. Esses acontecimentos intercalados com raros momentos de luxo, riqueza e fama (Marilac é dona do famosíssimo bordão "E disseram que eu estava na pior") que seu estilo de vida lhe proporcionava.

Ao terminar essa leitura, você percebe que é um dever de pessoas cisgênero conhecerem narrativas como a de Marilac, apoiarem as reivindicações dessas pessoas e garantir que essas narrativas se repitam cada vez menos, assegurar que pessoas trans tenham acesso a direitos básicos, e sobretudo, direito à vida.
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Mari 02/07/2020

A horrível realidade causada por uma sociedade transfóbica
Acho impressionante como nossa maneira de pensar muda drasticamente com o passar dos anos. Se há alguns anos alguém me perguntasse se na minha opinião como mulher cis eu achava que mulheres trans também são mulheres, eu provavelmente diria que não. E eu só fui me tocar disso quando as postagens transfóbicas da escritora J. K. Rowling viralizaram e eu a julguei, mas me lembrei que há alguns anos eu tinha esse mesmo tipo de pensamento preconceituoso. Obrigada Jesus por sempre me dizer pra amar meu próximo, pois isso me fez ter mais empatia e mudar minha maneira de pensar aos pouquinhos.
Por exemplo, enquanto lia esse livro me lembrei de um caso de uma grande amiga minha da escola há uns anos, que acho que foi grande responsável por essa mudança. A rua dela era meio vazia e escura e às vezes algumas mulheres trans trabalhavam ali. Essa minha amiga é uma raridade de pessoa, coração de ouro mesmo. Quando ela voltava pra casa à noite, uns homens vinham seguindo ela, rapidamente aquelas moças cercaram ela e mandaram os homens cair fora. Na boa, se aquelas mulheres não são mulheres, então eu não sei o que diabos é ser mulher, porque só mulheres se unem e protegem umas às outras assim. O que me deixa ainda mais triste ao ver que tantas mulheres cis ainda têm esse pensamento transfóbico que um dia eu também tive. Aquelas moças protegeram minha amiga, mas quem as protege? Quase ninguém e já passou da hora de isso mudar.
Enfim, foi justamente o fato de eu ser essa metamorfose ambulante que me trouxe a esse livro maravilhoso. A escrita da Nana Queiroz é tão extraordinária que parece que a Luísa é nossa amiga e que estamos sentadas conversando. Isso torna o livro muito rápido de ser lido, mas também muito difícil, porque rapidamente acabamos criando um laço com a Luísa e ler ela contando todas as violências, dificuldades e decepções que ela passou dói muito no coração. Por exemplo, no comecinho do livro, quando ela conta sobre a primeira violência sexual que ela sofreu ainda criança, por um homem de confiança da família e a mãe dela não só não a apoia como ainda a agride mais. Na hora tive que parar a leitura pra respirar e fiquei pensando que se fosse minha filha eu ia agarrar ela bem apertadadinho pra ninguém chegar perto dela e só não ia sair de facão na mão atrás do homem pra não deixar ela sozinha. A partir desse momento o sexo nunca mais saiu da vida dela, principalmente o violento. Ainda adolescente ela conseguiu abrigo numa vizinha que a ajudou a se descobrir mulher e foi uma cena tão linda. Porém, logo veio a dificuldade de conseguir emprego, o que a levou à prostituição ainda na adolescência e, depois, ao tráfico sexual internacional. Apesar de trazer tantos temas tão pesados, a narrativa consegue encontrar espaço pra humor, às vezes eu não conseguia me segurar e acabava chorando e rindo ao mesmo tempo.
Acho que esse é um livro que todo mundo devia ler pra entender mais as pessoas, o quanto somos privilegiados por termos escolhas e pra vermos os nossos próprios preconceitos e exterminá-los.
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jimenabautista 20/06/2020

"'Prazer' eu chamei pra mim todas aquelas violências (...) fui rejeitada pela minha família (...) e acabei puta".
Este livro mostra a face doentia e cruel desta sociedade patriarcal-capitalista. Luísa foi vítima, e continua sendo, desse sistema que aprisiona a todos nós, sem distinção de raça, cor ou credo, mas que chegou a um ponto em que para preservar sua saúde e integridades física e psicológica, decidiu recorrer à normalização de todas as violências sexuais por ela vivida.
Luísa é uma identidade criada para ressignificar essa vida de dor e sofrimento, desde que nasceu e fora rejeitada pela própria mãe, até ser estuprado pela primeira vez por um homem de seu entorno direto e depois por um pastor de igreja.
O livro é um relato de dor, sofrimento. Nana Queiroz testemunha como Luísa sobreviveu ao tráfico sexual nacional e internacional, como também descreve a rápida ascensão a uma fama fugaz e sua posterior caída ao anonimato de ruas e prostíbulos, lugares que ela tentou sair, mas nem a sociedade, nem seus cafetões permitiram sua alforria.
"'Prazer' eu chamei pra mim todas aquelas violências (...) fui rejeitada pela minha família (...) e acabei puta".
Eu, travesti: Memórias de Luísa Marilac é facilmente interpretado por quem não vê o sadismo e a crueldade às quais são expostas essas pessoas nas ruas, como ato de "transgressão". Vêm deles a inócua ideia da legalização da prostituição, ao invés de preferir uma real mudança desde as bases educativas, para que crianças não sejam vítimas de adultos predadores sexuais. Apoiar a legalização da prostituição é ser cúmplice de cafetões e de querer manter essas pessoas como escravas sexuais de homens degenerados e sem empatia alguma por nenhum ser humano.
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Ricardo Coutins 16/06/2020

Maravilhoso!
Primorosamente bem escrito, “Eu, Travesti” de Luísa Marilac e Nana Queiroz é um mergulho na vida de um ícone representativo que temos no Brasil. Lançado em 2019 pelo @grupoeditorialrecord, o livro reúne memórias de vários momentos da vida de Luísa, que vão desde o nascimento até o dia em que seu vídeo na piscina ficou conhecido por todo país, rendendo-lhe uma fama inesperada que a ajudou em fases complicadíssimas da própria história.

Com uma narrativa crua e em certos momentos até poética, a dura realidade das transexuais brasileiras nos é exposta ao decorrer das páginas. Enfrentando desde abuso sexual na infância, ataque com faca na adolescência e tráfico sexual na fase adulta, Marilac conta sua história trazendo-nos reflexões o tempo todo acerca da marginalização sofrida por mulheres como ela. Vítimas de uma sociedade hipócrita e intolerante, várias travestis encontram oportunidade de vida através da prostituição e muitas vezes, como acompanhamos no livro, encontram também o caminho para a morte. Apesar de tudo, desistir nunca foi uma opção para ela, e sua força para alcançar os objetivos sempre foi maior que as barreiras.

Durante a leitura senti como se estivesse num bar com a Luísa me contando tudo como se fôssemos velhos amigos. Em diversos momentos também interrompi a leitura para refletir sobre meu lugar na sociedade e todos privilégios que carregamos sem sequer dar-nos conta. Mergulhei por uma perspectiva de vida da qual nunca tive contato e pude acompanhar de perto todas quedas e reerguidas que ela passou para dar-se uma vivência digna. Enfrentou as ruas brasileiras, italianas e espanholas para construir a vida que a sociedade lhe negava através da falta de oportunidades e olhares tortos na rua.

“Eu, Travesti” é um daqueles livros que, após finalizá-lo, deixa-nos com um gostinho de quero mais na boca e reflexões pipocando na mente. Com o livro percebemos como a Luísa é um ser iluminado e merecedor de tudo que conquistou. Recomendo muito o livro caso tenha interesse em conhecer a vida de uma mulher batalhadora, corajosa e dona de um carisma inegável.

@richtheyard (insta literário)

site: https://www.instagram.com/richtheyard/
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Denise.Salla 28/01/2023

Todos temos ciência do preconceito que existe na sociedade, mas é somente quando nos aprofundamos nas histórias contadas que conseguimos sentir um pouquinho na pele o sofrimento das vítimas.
Mesmo diante de tanto preconceito, de tantos sofrimentos e reviravoltas trazendo esperança de novas etapas, a vida não cansou de passar rasteiras em Luísa. Porém ela se manteve firme em sua caminhada, conseguindo ter compaixão por pessoas que muitas vezes a machucaram.
A autora Nana consegue passar a história da vida de Luísa de maneira peculiar, como se fosse sua própria história.
Vale a pena entrar um pouquinho nesse mundo para despertar cada vez mais empatia pelo próximo, sem julgamentos, pois não sabemos o fardo que cada um carrega na vida.
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Paula 10/08/2021

Terminei a leitura desse livro (que ganhei por esses dias em um sorteio) com um sentimento enorme de vergonha. Vergonha por nunca ter parado pra olhar, perceber como seria a vida de uma travesti.
A expectativa de vida de uma travesti é de aproximadamente 35 anos ( morte por violência, doenças, suicídio). Uma vida cercada de preconceito, violência, de noções de afeto muitas vezes distorcido, de injustiça. Travestis são marginalizados.

O livro de Luiza traz um pouco da presença desse mundo.
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Liss 26/03/2020

Surpreendente
Muito bem escrito e principalmente, muito humano. Daquele que faz se perceber pequeno frente a dor do outro. E, pelo menos a mim, culpada pela passividade de viver numa sociedade preconceituosa que ignora e exclui o diferente.
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hendy2 22/02/2021

um relato de vida tão real e forte que chega a ser doloro. muito obg, marilac por compartilhar sua intensa história conosco, você é EXTREMAMENTE necessária. obg, nana que ajudou marilac a contar sua história através da escrita.
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Luann 25/04/2022

Lendo esse livro percebemos que a letra T da sigla sempre passa por situações bem parecidas na vida, assim como as outras letras separadamente. Luísa, com o seu lugar de fala, nos mostrou o seu mundo, um mundo que até hoje algumas pessoas recorrem a ele para poderem ter o mínimo para viver.
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aan.miguel 04/10/2023

Será sempre lembrada como o meme "E disseram que eu estava na pior...? mas mais que isso, que história de garra e força, a realidade de muitas, infelizmente, nua e crua.
Li em um dia de tão envolvente que fiquei ao ver as memórias da Luísa. Muitos gatilhos podem ser ativados com essa leitura, mas quando fui chegando no final eu não queria acabar, queria conhecer mais sobre essa mulher.
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duda medeiros 13/08/2020

Luisa
Luisa, através dessa obra, relata suas dores após seu segundo nascimento como mulher.
Eu subestimei Luisa, ela é muito inteligente. O livro tem certa fluidez, durante a leitura sorri, chorei, e me enfureci com os assombros da vida recheada de preconceitos que leva os travestis.
Valarini 16/08/2020minha estante
Fiquei com vontade de ler! Pra lista




Adda 21/06/2022

Sigo gritando!!
Pesado, porém leitura importante para todo mundo, até para quem é de fora da comunidade. Adorei a oportunidade de conhecer a autora, que é forte demais!
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@de.leitura por Vinicius Machado 12/09/2020

Este Grito Também Lhes Pertence
Primeiramente, gostaria de dizer que esse livro é cru. Cru em todos os sentidos da palavra. Ele é duro, sem piedade, chocante, brilhante e feroz, assim como a biografada. Ele, como diz sua primeira página, é um grito que pertence a todas as travestis que nunca tiveram suas histórias ouvidas. A vida de Luísa não foi bonita, mas mais importante, ela não é incomum.

Através do processo de Luísa para se tornar seu verdadeiro eu, ela nos leva pela jornada da mulher transsexual no país mais transfóbico do mundo. Ela não esconde nada. Muito pelo contrário, sem dar nomes por medo da morte, Luísa nos conta os bastidores do mundo da prostituição, do tráfico sexual e da fama. Ela joga tudo no papel, suas dores profundas que cicatrizaram com muita força e também seus amores correspondidos ou não. Luísa nos dá sua completa dimensão humana.

Esse livro lindo, de leitura fácil e relativamente rápida, mas com uma carga pesada que te faz pensar a cada virada. Por fim, para citar a própria Nana Queiroz no seu epílogo, ?eu não sei como a Luísa sobreviveu a tudo e mais importante, sempre demonstrando compaixão e bondade durante tudo. A única certeza que tenho é a de que eu não conseguiria.?

Luísa Marillac é youtuber, ativista, militante e acima de tudo, sobrevivente. Ficou famosa graças ao bordão ?Isso é ta na pior??, com a imagem imortalizada na beira da piscina, tomando seus ?bons drink?.Agora com seu livro de memórias, Luísa dá sua face nua e crua para o público.

Nana Queiroz é escritora e jornalista, formada na USP e estuda questões de gênero desde a universidade. Autora do também incrível ?Presos Que Menstruam?, ela ajuda Luísa a transpor sua vivência para o papel de forma linda e com muita habilidade.
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Júlia 26/05/2020

além do estereótipo de Marilac
Esse é, espero, um dos livros que entrará para a lista de inesquecidos por mim, mesmo quando fizerem anos que o li. Pelo menos a parte de ter entendido melhor porque travestis vivem tão pouco, e sentido um pouquinho das dores e do senso de humor ímpar de Luísa Marilac.
O livro é de escrita impecável e envolvente, tem muitos trechos poéticos e uma visão profunda dos outros personagens, como a família de Luísa. É desses espaços que dão voz a pessoas que só são procuradas para divertimento, no sentido de memes ou de prostituição, sem se notar o quanto se perde de uma personalidade tão rica. Dá vontade de escrever tão bem e claro quanto Nana Queiroz, e homenagear Luísa sem perder nenhuma de suas facetas, mas isso já me parece estar bem feito nesse livro.
Então, termino essa resenha com dois trechos de Eu, travesti, entre tantos memoráveis:
"Tinha que me desconstruir pro novo. Hoje entendo que ser mulher é algo que está na cabeça e não é preciso mutilar-se para se enquadrar nas expectativas sociais sobre como uma mulher deveria ser."
"E para todas essas pessoas passa ao largo a mulher admirável, forte, corajosa, divertida e de uma sensibilidade extraordinária que ela é. E, nas telas do Youtube, poucos também veem além da personalidade irreverente, além do estereótipo de Marilac."
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eagorarenato 24/03/2020

Travesti viva!
Travesti viva. A história de vida de Luísa Marilac é muito além de um vídeo meme tomando seus bons drink. Ela trabalhou tanto ao longo da vida, viu o que ela conquistou escorrer das mãos tantas vezes por causa do preconceito, de gente mesquinha, de agressões, de violências mil. Aliás, nascida de uma violência que a acompanhou de perto, junto de muita transfobia. E ela é só amor, dedicada e honesta, fez o que v pode dá vida que rotulou ela desde antes do nascimento. Narrativas multiplicadas servem pra ensinar que a vida é feita de ciclos, de um dia pro outro tudo muda. É preciso ter coragem de recomeçar e se reinventar quantas vezes forem necessárias.
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