spoiler visualizarLaryShelf 19/03/2024
Just say okay
Kristen é uma mulher independente, divertida e apaixonada por seu namorado que, depois de anos servindo no exército, está prestes a voltar e finalmente morar com ela. Josh é um cara que acabou de se separar e foi designado para um novo posto de bombeiros em outra cidade. Josh e Kris se conhecem da pior forma possível e quando descobrem que serão os padrinhos de casamentos dos amigos que vão se casar as coisas complicam ainda mais, principalmente se a aversão que sentiram logo no início começar a se tornar algo muito além.
O livro começa com aquele clichê conhecido e amado: desconhecidos que se odeiam e passam a ter uma amizade forte por terem muito em comum e essa amizade leva a sentimentos mais profundos, sentimentos que nenhum dos dois nunca sentiu por nenhuma outra pessoal. Eles são, claramente, a pessoa certa um pro outro, o "destino", a pessoa no final do "fio vermelho". Almas gêmeas mesmo. Mas o mais incrível do livro é o fato de trazer um assunto sério e impactante que nunca vi tratarem em outros romances: A infertilidade e como isso impacta uma mulher.
O sofrimento da Kristen me ensinou demais. Ela começa se mostrando alguém forte e que não se abala por nada, alguém que já aceitou sua condição de infertilidade e vive bem com isso. No entanto, no decorrer do livro, a medida que ela descobre o que sente por Josh ela também descobre que vinha mentido para si mesma há muito tempo. Kristen percebe a necessidade de enfrentar a dor e superar os traumas que a mãe impôs a ela sem perceber. Ela vê o quanto a infertilidade é algo importante para ela ao perceber que nunca poderia dar aquilo que o homem que ama mais deseja: uma família grande. Vê-la se afastar de Josh acreditando que estava fazendo o melhor pra ela me destruiu e me irritou demais, mas entendi perfeitamente os motivos dela e isso foi o que mais me cativou no livro. Ela estava disposta a abrir mão de quem amava para vê-lo feliz e realizado.
Então o Josh, aquele cara que repetiu vezes sem fim o quanto sonhava com um time de futebol de filhos, ao entender a condição da Kris, fez a coisa mais empática e magnífica: provou que os sonhos mudam e que, estando com a pessoa que ama, os sonhos se transformam e isso não é ruim. Foi emocionante ver o quanto ele lutou e como provou para Kris que estar com ela não o impediria de manter seu sonho de ter filhos. Ele pesquisou todas as formas possíveis e imagináveis que eles, juntos, poderiam ainda construir a família que sonhavam e essa parte do livro foi a última gota para me fazer acabar de chorar!
O amor entre Kris e Josh foi algo construído sobre muita dor e lágrimas. Foi tocante como a autora trouxe um amor que não foi fácil, mas algo doloroso e esclarecedor, algo que batalhado e que teve de passar por muitas perdas para, finalmente, ser aceito. Um amor que se tornou um milagre, de certa forma.
Mais uma vez Abby e sua escrita envolvente me prendeu e me encantou ao trazer muito mais do que uma comédia romântica (e olha que tem muita comédia e muito romance nesse livro!), mas uma história sobre perda e arrependimento, sobre a força das mulheres e as batalhas silenciosas que muitas delas enfrentam ao ter de abrir mão daquilo que muitas vezes as definem: ser mãe. Mas, muito mais que isso (e uso as palavras da própria autora nesse momento), a história de Kristen onde "o final feliz dela nunca foi engravidar. Tratava-se de ela se permitir ser amada, apesar do que considerava serem deficiências. Tratava-se de ela reconhecer que não era definida por sua capacidade de ter filhos, e que o seu valor ia além do estado do seu útero. Essa era ela feliz para sempre."