spoiler visualizarNaiana 03/03/2022
Tem pessoas que entram na nossa vida e só nos levam para baixo, esse volume é isso
Não foi o que mais gostei, sou uma otimista por natureza e o volume anterior me deu esperanças de que a vida do Punpun poderia melhorar, mas o final dele também me deixou apreensiva sobre esse volume e foi o que foi, a vida do Punpun desanda de novo e rola ladeira abaixo junto com a Aiko voltando a sua vida.
Não é porque não é meu favorito que a história não seja boa, muito pelo contrário, o Inio Asano sabe tornar seus personagens bem reais e de fato há pessoas assim no mundo, que tem a vida tão desestruturadas que acabam levando outras pessoas consigo, quando a vida dessa outra pessoa em questão é desestruturada também, aí é ladeira abaixo total, difícil mudar, e para um personagem tão depressivo e dependente como Punpun é quase impossível conseguir sair disso sem ajuda.
Aliás ajuda é algo pouco comum na sociedade, a todo momento é só porrada que o Punpun recebe, a todo momento ele só é culpabilizado pela inércia em que vive, mas... até que ponto ele pode sair disso sozinho? O tanto que ele viveu de abandono parental, as responsabilidades que jogarem em cima dele pelos erros cometidos pelos seus pais, os abusos que sofreu, decepções e total falta de orientação para a vida. Ninguém nunca olhou por ele de verdade e ele não sabe como lidar com a vida, pois nunca foi ensinado a viver, apenas a orbitar de forma quase invisível ao redor daqueles que deveriam cuidar dele.
Neste volume possível ver bem a solidão em que ele está inserido, e essa vida invisível, as únicas pessoas que o enxergavam de alguma forma acabaram se afastando dele, uma por uma fatalidade e outra por egocentrismo.
Heiroku Shishido foi a pessoa que mais viu a necessidade que Punpun tinha de ter amigos e ser cuidado, foi quem cuidou de verdade dele e orientou e se não tivesse ocorrido o que ocorreu, talvez o Punpun pudesse ter tido uma chance maior de superar algumas marcas do passado, o problema é que ninguém sabe a extensão dessas marcas. A Sachi Nanjou foi a personagem que mais se aproximou de entender e conhecer tudo o que o Punpun já passou, mas tem suas marcas também o que a tornaram um pouco intransigente em alguns momentos e afastou os dois, de forma injusta e egoísta.
Punpun tentou se reinventar após perder essas pessoas em sua vida, não da melhor forma, mas tentou, até a Aiko aparecer. E por mais que ambos tenham tido problemas similares com relação aos cuidados parental, a Aiko é o buraco negro do Punpun, ela é quem traga suas energia e sempre o leva pra baixo, em todos os volumes sempre foi assim. El precisa de ajuda também, é fato, mas não é ele quem deveria ajudar, ele está tão perdido quanto ela, talvez até mais, pois aparentemente tem muitos mais traumas na vida, traumas que ela se quer pode entender e compreender...
Enfim, mas o texto de o Inio Asano é isso. O quanto estamos sozinhos em meio a sociedade. O quanto sempre podemos cair mais fundo em nossos problemas. E, acima de tudo, o quanto as pessoas que nos cercam estão tão envolvidas em seus próprios problemas e mundo que não conseguem enxergar o sofrimento que está ao seu lado.
MAis uma vez acho que o espaço dado a Seki e Shimizu foi pouco, é uma outra história bem interessante, outros problemas também importantes e que deveriam ter mais espaço para serem trabalhados, espeço esse que poderia ter sido adquirido tirando a orquestra Pegasus. Sei que os personagens que compõe a orquestra estão inseridos de alguma forma na vida dos demais personagens, e creio que a inserção deles na narrativa seja para dar um alívio cômico, que talvez em uma adaptação para anime se faça necessário, mas sincera e honestamente, não acho que caiba em Punpun, essa não é uma história feliz, e essa tentativa de alívio cômico incomoda e destoa do todo, poderia ser retirado e não faria falta, até deixaria o texto mais fluído. Imagino que o Toshiki deva ter alguma relevância na trama da Aiko, ao menos espero que ele continue aparecendo sob essa justificativa, p se não tiver vou ficar muito mais irritada do que já estou por ter que aturar essa criatura interrompendo a trama principal ou diminuindo o desenvolvimento de Seki e Shimizu.
No mais, o s traços continuam incríveis e de uma maestria para transmitir todos os sentimentos de dor e angustia que temos ao ler Punpun, assim como o desenvolvimento do texto é excelente.