Vitória 02/07/2023
Eu descobri a existência, comprei e inventei de ler esse livro única e exclusivamente por culpa do M. Night Shymalan. Acompanho esse kingo desde os meus 6 anos, quando assisti o sexto sentido (sim, não era pra uma criança assistir um negócio desses, a minha tia que era biruleibe das ideias, não repitam isso em casa) e não larguei a mão do cara nunca mais. Ainda que ele tenha feito umas bombas no meio do caminho, eu precisava ler o livro usado como inspiração e assistir a obra desse homem pra tirar as minhas próprias conclusões. Não é o melhor dele, mas pela nota eu já adianto: esse aqui é um dos raros casos em que o filme é muito superior ao livro.
Já cheguei aqui sabendo da proposta básica da história, e pensei que, por ser um livro tão fino, a leitura seria mais rápida, mas não foi. O autor gasta páginas e mais páginas descrevendo o ambiente, as roupas, o clima, tudo de uma forma muito enfadonha e desnecessária, que acaba com o ritmo da leitura. A breve sinopse que eu já conhecia demorou séculos pra acontecer, porque o autor não parava de perder tempo com coisas que não acrescentavam absolutamente nada à narrativa.
Sei que os flashbacks tinham o propósito de fazer o leitor se apegar ao casal protagonista e à Wen, e isso até que funcionou, mas poderia ter sido melhor soubesse descrever os sentimentos deles. Aliás, acho que esse é o grande problema do libro: o autor sabe fazer a ambientação, sabe descrever os cenários, mas não se esforça ou talvez não tenha o talento necessário pra desenvolver bem os personagens. Eu sabia perfeitamente o que estava acontecendo em cada cena, mas sobre o que o Eric ou o Andrew estavam sentindo eu só tinha uma vaga ideia. Talvez por causa disso, o Leonard tenha sido o personagem com o qual eu mais me apeguei, porque é ele o que mais deixa os sentimentos transparecerem nas suas falas e nos seus atos, e acho que só isso já é suficiente pra apontar um dos grandes problemas dessa história.
Vou aproveitar pra falar sobre o final junto com a análise do filme, já que tenho algumas comparações pra fazer. E sim, eu sou otária e paguei aluguel desse negócio, pra vocês verem como eu cadelo o Shymalan. O início do livro e do filme são extremamente parecidos, eu sentia que estava vendo o que eu tinha lido anteriormente em live action. Por ser algo visual, que demanda bem menos tempo de uma pessoa pra ser consumido, as coisas fluíram melhor no filme. Além disso, os atores, que a propósito são incríveis, conseguiam passar perfeitamente tudo o que eles sentiam pelo olhar, e isso foi fundamental pra trazer um peso maior pra história. O Shymalan deve ter percebido, assim como eu, que o Leonard era o melhor personagem desse negócio, e escolheu trocar a ordem das mortes para deixar ele por último, só por isso esse homem merece os meus aplausos.
Também achei inteligente a escolha do diretor de não matar a Wen. Tudo bem que ela não tem muitas falas durante o livro nem o filme, mas é impossível assistir algo desse tipo sem que o espectador se apegue à criança. O flashfoward dela adulta com o Andrew, que o Eric narra pouco antes de ser morto, partiu meu coração, ao mesmo tempo em que me deu a esperança que eu precisava no final desse filme. Resumindo, ter jogado o final aberto, com dois adultos destruídos e uma criança morta, e trocado por algo otimista, ainda que triste, e fechadinho, foi a melhor coisa que o Shymalan fez nesse filme. O livro, como já deve ter dado pra perceber, vai embora da minha casa o mais rápido possível, e não quero ler outra coisa do autor nunca mais. De nada adianta ter uma proposta de narrativa boa se for pra me entregar com um desenvolvimento porqueira desses.