Camila | @abismos.literarios 12/03/2021
"O tempo cuida de tudo, quer se queira ou não."
(Resenha publicada no IG: @abismos.literarios)
Paul Edgecombe trabalha na penitenciária Cold Mountain como guarda chefe no corredor da morte, também conhecido como Corredor Verde. Em 1932 tudo estava prestes a mudar com a chegada de John Coffey.
Coffey, como o que se toma com leite – só que não se escreve do mesmo jeito, um homem negro e muito grande, foi preso e condenado a morte por estuprar e matar cruelmente duas garotinhas. Coffey, com todo aquele tamanho, parece uma criança, e nada aparenta de maldade. Certo dia, Paul estava com um problema e tanto, e foi Coffey quem o ajudou, da maneira mais inesperada possível. Paul, então, passou a tentar obter respostas. O que chocou não somente a ele, mas a todos que trabalhavam no bloco E.
Eu não lembrava de absolutamente nada do filme, e quando comecei a ler e me envolver na história eu só sentia que precisava de respostas, precisava saber o que iria acontecer a seguir... foi uma leitura difícil e dolorosa, pesada, por assim dizer. Há muito ouvia falar desse livro e tinha receio de ler justamente por isso, sabia que me comoveria. Stephen King não quis poupar lágrimas e muito menos desconforto na leitura, foi fundo na ferida, mas também provocou reflexões extremamente pertinentes a respeito da vida, da velhice, da morte, racismo, injustiça e violências, a maldade que o ser humano é capaz de provocar, sistema carcerário e pena de morte.
Os personagens num todo foram muito bem trabalhados, e é impossível não desenvolver empatia a eles, torcer realmente por um milagre. Foi uma leitura dolorosa, cheia de reflexões e que me deixou angustiada e inconformada. É triste, mas é lindo, ao mesmo tempo. A ambientação criada é incrível, você consegue materializar tudo sem muito esforço. E só posso concluir dizendo que é um livro incrível, profundo e necessário. Uma leitura memorável.
“Chefe, estou muito cansado da dor que escuto e que sinto. Estou cansado de andar vagando, sozinho como um pardal na chuva. Sem nunca ter nenhum companheiro pra ir junto comigo, nem pra dizer onde nós estamos indo nem pra onde vai nem por quê. Estou cansado das pessoas serem más umas com as outras. Sinto como se tivesse cacos de vidro dentro da cabeça. Estou cansado de todas as vezes que tentei ajudar e não pude. Estou cansado de ficar no escuro. Mais que tudo é a dor. Tem demais. Se eu pudesse acabar com ela, acabava. Mas não posso.”
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