Larissa3149 18/04/2023
"A cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança".
Esse livro é uma bela de uma metáfora para a nossa vida, nosso egoísmo. É triste demais ver que o ser humano, de modo geral, é muito corruptível e totalmente ganancioso, passando por cima dos outros e da natureza como um rolo compressor para chegar onde quer. A pior parte do livro, para mim, a mais pesada, é quando as mulheres são subjugadas pelos cegos da outra camarata, senti até náuseas enquanto lia, foi horrível, é tudo muito visceral e comovente. A construção da narrativa é interessante, há boa progressão de ideias e eventos, o que deixa o livro muito fluido, apesar da questão da pontuação. Só sei que se Saramago queria dar esperanças para a gente de que nem tudo estava perdido, deu errado, infelizmente, passamos por uma pandemia mortal, e, pelo que tenho visto, o ser humano ficou ainda pior, parece que quase ninguém aprendeu algo sobre ser mais humano. Então não, eu não tenho esperança nenhuma desse mundo melhorar, acredito que vai ser cada vez pior, por isso eu evito contato com seres humanos e vivo apenas na minha bolha com pouquíssimas pessoas ao meu redor e acredito que tem sido melhor assim. Enfim, o ser humano está cada vez mais cego.
“Se queres ser cego, sê-lo-ás”.
“É desta massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade”.
“Por que foi que cegamos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem”.
“O medo cega… são palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegamos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos”.