Brenda @caminhanteliterario 18/09/2022Ficção histórica é um gênero que sempre funcionou comigo, mas não foi dessa vez. O período histórico é muito interessante, principalmente pelo ponto de vista das mulheres que foram consideradas figurantes historicamente. No entanto é um livro chato, não consegui me importar com ninguém e tudo pareceu um monte de plot um atrás do outro e eu acabei não ligando muito pra nenhum. Fiquei esperando as coisas darem errados ou rolar uma reviravolta, mas parece que tudo segue em frente meio que pulando os assuntos, pq de fato foi assim que a história aconteceu. Mas acaba parecendo que nada tem muita importância em termos de narrativa, e que foram um bocado de micro histórias juntadas num livro.
Tive dificuldade no início pq são mtos personagens e nomes de lugares e situações subentendidas sobre a época que me deixaram um pouco perdida, porém depois de alguns capítulos eu consegui me situar e o livro engrenou.
O ponto de vista histórico realmente é intrigante, parece surreal hoje em dia pensar em espiões ou medo de satélites (imagina que assustador e alarmante deve ter sido vivenciar o lançamento do Sputnik)., assim como é legal ver a União Soviética por um ponto de vista russo.
As datilógrafas são apresentadas como mulheres que orbitam os grandes acontecimentos e guardam grandes segredos, mas no livro são apresentadas como grandes fofoqueiras que só ligam pra escândalos e casamento, entretanto a relação delas não deixa de ser divertida .
Sally e Irina tem bem mais relevância como espiãs e eu gostaria ter visto mais dessas missões e ver algumas coisas darem errado ou apresentarem algum perigo. A tensão até tá ali no livro, mas no final tudo dá certo fácil e rápido demais. A relação que se inicia entre elas me pegou de surpresa e a princípio achei super legal, mas, de novo, acontece tudo rápido demais. Quando se dá seqüência elas já estão num super drama sobre não poderem ficar juntas, acabou que não consegui me importar. È uma leve pincelada sobre os LGBTs durante a Guerra Fria.
Os capítulos de Olga no Oriente foram os que me prenderam mais, o terror de um governo opressor e vigilante fica bem claro ali e me fez refletir como o quanto devo ser grata em viver nos dias de hj e sobre estar sempre alerta as custas de perder essa liberdade. A relação de Boris e Olga é meio esquisita, ele parece ser enaltecido por ser um grande pensador/escritor, mas no livro é apresentado como um covarde. A relação dele com a Olga é muito esquisita, ela tem uma adoração por ele e parece que Boris nunca pensa nos perigos que ela pode correr. Olga passou o inferno na prisão e perdoa o cara super rápido e ele ainda a coloca em perigo de novo. Não entendi porque é sempre ela que paga o preço por um livro que foi escrito por Boris, e pelas suas atitudes decorrente do lançamento, considerando que ela ta sempre tentando remediar as cagadas dele. Porque o governo não vai atrás dele? Só porque ele é famoso e precisam manter as aparências? Mas a URSS não teve mil oportunidades antes do cara ser famoso, inclusive no período em que Olga estava presa pela primeira vez?
É curioso pensar que a literatura foi usada como arma pra influenciar as pessoas e fazê-las se indignar com seus governos. Hoje isso é feito pelo uso da Internet em massa, geralmente com fake news ou informações tendenciosas, foi uma decadência e tanto.