Israel145 28/05/2017A obra de Monteiro Lobato vai muito além das historias infantis do sítio do Pica-Pau amarelo. Sua obra mais conhecida crivou uma aura de escritor de histórias infantis no autor que talvez para muitos, Urupês cause uma certa estranheza.
O livro traz um apanhado de histórias de cunho grotesco, ambientadas em sua grande maioria no interior, onde o cotidiano do caboclo do sudeste serve de mote para Lobato contar suas histórias. E que histórias!
Histórias de horror, morte, traição e tudo que sacode a alma humana num bom livro que não deixa em nada a desejar se comparado aos mestres universais do gênero. O autor se sai bem em todos os 14 contos do livro. Seus personagens são densos, sólidos, críveis e suas ações são todas voltadas para a autopreservação.
Apesar da linguagem rebuscada, Monteiro Lobato consegue encaixar a linguagem coloquial em seus contos fazendo com que o clima interiorano se torne mais verossímil, mostrando que Lobato conhece bem a linguagem do caboclo, pois se enfurnou nos rincões do país.
O autor mostra um país que poucos brasileiros conhecem e o mais interessante, pouca coisa mudou nesses quase 100 anos que o livro foi publicado.
O autor fecha com chave de ouro seu clássico com o homônimo Urupês, que apresenta Jeca Tatu, uma síntese dos personagens apresentados. O anti-herói criado por Lobato ainda causa fascínio quando lido e dissecado nesse livro.
Enfim, um livro excelente que merece ser degustado e guardado com carinho para uma releitura quando possível. O autor alça a literatura brasileira a níveis europeus. Recomendadíssimo.