anacarola.s2 12/04/2023
TAG 01/23
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Farei a minha resenha baseada nas perguntas que estão na revista da TAG.
1. Os pais de Josie (Mari) e Kit e a criação delas.
Na minha opinião não houve criação, sinceramente. Os pais delas eram nitidamente despreparados, não demonstravam o menor interesse em exercer as funções de pai e mãe e estavam perdidos entre gerenciar o restaurante e "jogar" os joguinhos que sustentavam a relação deles. Havia uma grande diferença de idades entre eles, isso ao meu ver é um fator contribuinte pra esse despreparo. No início eles até constroem bons momentos com elas, como quando a mãe esconde um baú de tesouros na praia pra elas acharem ou quando a Josie cozinhava com o pai. Mas em um certo ponto, os problemas íntimos deles os consomem de tal forma que eles agem como se não houvesse responsabilidadeas com as meninas. A própria Mari (Josie) tem essa percepção quando tem seus próprios filhos, do quão elas foram negligenciadas pelos pais. Eles não se preocupavam com as coisas básicas, gente: higiene, escola e segurança. Isso começou a fazer parte da vida delas depois que o Dylan apareceu, que era quem de fato cuidava delas, conversava com elas, as aconselhava. Mesmo estando ele mesmo destruído. As meninas não tiveram nenhum direcionamento em relação a relacionamentos, à vida sexual, ao cuidado que se deve ter com o corpo, a nada. E Josie, por ser a mais velha, experimentou as consequências disso bem cedo.
2. Relação Josie (Mari) e Kit.
Estando em um lar com pais tão complicados, o que restava a Mari era Kit e vice versa. Mari puxou a mãe no quesito aparência. Era considerada linda por todos e sempre chamava a atenção. Kit, por outro lado, sempre foi mais robusta, com cabelos cacheados rebeldes e muito, muito inteligente. E essa diferença entre elas afetou a relação das duas gerando inclusive, na minha percepção, uma rivalidade. Mas, nenhuma das duas pode ser culpada por essa questão. E apesar disso, vejo uma relação de muito cuidado, principalmente vindo de Josie para Kit, por ela ser a mais velha. Ela suportou muitas coisas apenas para manter a irmã segura e fora dos perigos que, pela falta de atenção dos pais, elas estavam constantemente expostas. E quando elas finalmente se reencontram a gente consegue perceber o quanto, apesar de machucadas, uma precisa da outra. Gostei muito de como foi desenvolvido o reencontro e gostaria de ter visto mais da relação das duas. A intervenção de amor me quebrou em mil partes e juntou de novo! A cena mais linda na minha opinião. ??
3. O passado de Josie.
Assustador pensar em tudo que essa mulher viveu e mais assustador ainda é pensar que existem Josies e Kits por aí no mundo, sendo negligenciadas pela família e ganhando traumas ao invés de uma educação segura. Não julgo ela por nenhuma das atitudes dela. Na revista da TAG tem um conceito legal de trauma, fala que é um encontro com um acontecimento com o qual a pessoa não tem recursos suficientes para processar. Uma criança de 9 anos se enquadra bem nessa definição. Achei incrível a maneira com a qual ela se ergueu e se transformou.
4. Kit e Javier.
Não sei se gostei muito desse casal kkk. No fim das contas, entendi que o propósito da autora era resolver as questões da Kit como um todo. E o medo dela de relacionar vem do fato de que ela viu como isso destruiu os pais dela de diversas formas. Mas achei que as coisas entre eles foram rápidas demais e excessivamente físicas kkk
5. Escrita.
A maior razão da nota ser 3 é a escrita. Achei muito descritiva, lenta e, além disso, achei desnecessário o mistério envolvendo a Verônica e a casa. Isso dificultou muito o meu ritmo de leitura. Mas depois que elas se encontraram, ficou mais fluido.
6. Final.
Fiquei sentindo falta demais sobre esse processo de ressignificação do passado. Mas gostei.
Foi um boa experiência de leitura.
Recomendo, desde que estejam atentos aos gatilhos que são muitos.