Cecília Silva 21/02/2023Uma jornada de reconexão regada a muitos gatilhos e art décoEssa foi a minha primeira experiência com a Tag e fiquei muito ansiosa pra ler esse livro depois que vi a sinopse e a revista que o acompanha.
Essa é uma história muito pesada, que trata de diversos tópicos, mas que sua base é a de que o que acontece na sua infância te afeta pelo resto da sua vida (seja de forma positiva ou negativa).
Cada uma das irmãs foi afetada de uma forma, visto que o olhar de cada uma pros acontecimentos da infância é diferente e por isso que a divisão em dois pontos de vista é importante e muito bem feita.
A gente tem pontos intercalados entre o passado e o presente das duas irmãs e foi muito bom acompanhar o desenrolar da vida delas até o momento em que elas se encontraram.
Confesso que a parte da Kit me foi mais atraente devido ao romance dela com o Javier, foi muito bom ver ele usado o romantismo espanhol pra derrubar aquelas muralhas que ela construiu ao longo de todos aqueles anos e fiquei muito feliz com o final dos dois.
Já a parte da Josie/Mari, com toda a descrição da Casa Safira e o mistério da Verônica foi meio cansativo. Fora que, tiveram diversas falas sobre art déco, que é um estilo muito fora da minha área e isso acabou sendo meio cansativo pra mim porque não consegui me conectar com as descrições (além disso, esse parecia um estilo que todos ali amam e isso me pareceu muito irreal).
Algumas coisas foram pra mim meio chatas como umas ajudas do roteiro e um fim corrido no final (apesar de ter sido promissor pra mim), além disso, a ausência de sabermos a origem do Dylan e um fim melhor pro mistério da Verônica foram lacunas que gostaria de ver preenchidas, mas não foram.
Para além disso, ao fim da leitura o título me fez bastante sentido. O acreditar em sereias (na minha visão), se refere a jornada dessas duas irmãs de se reconectarem tanto uma com a outra, quanto consigo mesmas. Abrindo espaço para a volta daquele espírito que elas tinham na infância, de cumplicidade, companheirismo, confiança e amor e que, ao longo dos anos acabou sendo substituído por rancor, mentiras, tristeza e ausência. E assim, com essas permissões sendo concedidas, as personagens se veem na segurança uma da outra para que possam lidar com as questões passadas, renovar aquele espírito perdido, mas ainda assim respeitando as vontades de cada uma e a vida trilhada por cada uma delas até ali.
Apesar da grande quantidade de gatilhos e temas fortes, eu achei que a autora lidou bem com eles, apresentando muito bem como toda essa questão de negligência parental afetou a convivência entre as irmãs e a dinâmica de si mesmas. E todos esses temas foram muito reais e palpáveis, o que deu um tom maior de realidade pra história.
O final do livro se mostrou bem surpreendente, um acontecimento específico me deixou até muito boquiaberta, devorei as últimas páginas bem rapidinho, apesar do meio do livro ter sido mais lento de consumir. Fiquei feliz com a maior parte dos desfechos.
Portanto, Quando acreditávamos em sereias é um livro forte e muito interessante e queria poder abraçar essas irmãs a cada página que elas se mostrassem tão desamparadas. Além disso, despertou-me uma vontade de ir pra Nova Zelândia e experimentar comidas italianas.
Feliz com a minha primeira experiência na Tag e ansiosa pelas próximas!!