theus33 09/07/2023
? ? aquele com o menino miguilim;;
Ao longo da minha trajetória como leitor meia-boca, existiram poucos autores que fizeram eu me sentir tão próximo de um livro durante uma leitura, e Guimarães Rosa foi um desses.
Com uma narrativa singular e linguagem lapidada, Guimarães Rosa nos guia por Campo Geral, apresentando a rotina do menino Miguilim, habitante do Mutum, localizado no interior de Minas Gerais. A proposta, que parece simples, constrói camadas complexas ao longo de 136 páginas. Isso deve-se ao fato do narrador, mesmo sendo onisciente, escolher demonstrar a visão do mundo de Miguilim, sua inocência, seus sentimentos em relação a tudo que ocorre ao redor dele; tudo isso com grande maestria. Além disso, a proposta ambiciosa do modernista de construir um enredo universal utilizando de indivíduos específicos, enriquece mais ainda a estória.
Durante a trama, qualquer leitor simpatiza com Miguilim, teme por ele, entende seus medos e frustrações. Além disso, um ponto interessante é a possibilidade de se identificar com ele em certos momentos, afinal, todos fomos crianças um dia. Sendo assim, Guimarães Rosa constrói uma atmosfera cheia de emoções, angústias e o principal: ingenuidade, capaz de tirar lágrimas de qualquer um.
Dessa forma, Rosa brinca com a língua, inventivo, e cria sua forma única de narrar, que estranha até o leitor mais experiente. E, seguindo a rotina e amadurecimento de Miguilim, constrói um enredo que sintetiza muito bem o motivo de ser um escritor tão reconhecido.
Por fim, reforço que ler Campo Geral é colocar os óculos de Miguilim e, portanto, questionar tudo que a literatura consegue nos fazer sentir e também tudo que ela consegue representar, já que o autor entra na mente de uma criança de forma tão verossímil. Um dos melhores livros que eu já li na minha vida, simplesmente.