bia prado 09/02/2022meme do prato de comida com ovo, pipoca, bolacha de morango, farofa e arroz“Maybe I can’t kill you, but I’ll find other ways to make you suffer.”
“Trust me, your very presence is accomplishing that.”
No começo da leitura eu estava constantemente me perguntando como esse livro ganhou tanto hype. A protagonista é bem chata e perdida, a construção de mundo é uma bagunça (nada é claro nem bem explicado), os personagens secundários não me interessam e a escrita é meio pobre/básica. Por isso foi uma surpresa eu conseguir realmente me entreter com tudo que estava acontecendo e ficar interessada pra ler o segundo. E você me pergunta: o livro melhora bastante depois do começo? E minha resposta é não, mas às vezes eu gosto de umas coisas duvidosas. Sei que é meio ruim, but the heart wants what it wants.
Acho que meu primeiro problema em relação ao enredo foi a autora matar um personagem no começo e esperar que eu tenha algum sentimento de perda/compaixão por alguém que eu nem conheço. Fica naquele lenga lenga de luto e meus-deus-o-que-vou-fazer-depois-que-X-morreu? e eu não consegui me importar dele(a) ter ido pro beleléu tão cedo. Queria que o barco andasse ou que pelo menos que a autora mostrasse uns flashbacks da protagonista com a pessoa pra eu acreditar nessa ligação entre elas. Enfim, isso não rolou.
Outra questão que me incomodou bastante: A Emilia Maria, tecnicamente, é uma bruxa. Nasceu numa família de bruxas e tem uma linhagem de bruxas. MAS ELA É A BRUXA MAIS INCOMPETENTE QUE EU JÁ VI NA VIDA. Sério, ela poderia ser uma mortal comum. A menina não tem treinamento de nada, quando precisa usar os poderes ela não consegue, nem pra se defender nem pra atacar, e cada magia dela era uma migalha. Acho que tem só uma cena que é bemm legal em que ela usa magia negra, mas fora isso nada mais muito relevante e acho que deveria ser algo mais bem trabalhado. Ou, pelo menos, ter algumas cenas dela aprimorando a magia, aprendendo novos feitiços ou a lutar e se defender em combate físico. Eu precisava de alguma coisa assim pra acreditar que essa menina passou por tudo que passou e ainda continua viva, porque, sério, o instinto de sobrevivência dela é péssimo. Cada capítulo era uma enrascada diferente que ela se metia. E a gente também não sabe nada sobre como esse sistema de magia funciona realmente. O leitor tem que comprar essa ideia que a família dela é superpoderosa e tradicional no mundo das bruxas.
Um exemplo básico: “There were spells to help slow the flow of blood, but I couldnt think of any through the panic screeching at me”
O que me leva a outro ponto que está relacionado com as bruxas é o fato da Emilia não saber basicamente nada sobre o mundo sobrenatural em que vive. Ela tem pouco contato com a magia, só para uso cotidiano, e o que ela sabe depois é desmentido no decorrer da narrativa. A avó dela não contou praticamente nada pra menina e deixa ela no escuro por muito tempo, mesmo que essa ignorância a faça colocar todo mundo em perigo! Sério, ela escondeu tudo da neta e isso só a deixou mais vulnerável. Mas um fato que percebi no livro é que as descobertas e plot twits dependem justamente dessa ignorância da Emilia. As pessoas ocultam as coisas dela, só pra depois ter aquele impacto na protagonista e no leitor (o narrador é na primeira pessoal). Portanto o enredo depende de uma falta de comunicação generalizada para as coisas acontecerem e a gente vai descobrindo tudo lentamente e de forma picada, porque a Emilia tem que ficar perguntando TUDO. E consequentemente ela não faz ideia do que ela está fazendo, e isso fica bem claro. Ela não tem um plano e conforme vai descobrindo resolve o que fazer e em quem confiar.
E é assim que a gente vai (tentando) desvendar esse mundo mágico. Algumas coisas achei que foram mal explicadas, ou foi muita conveniência, e realmente espero que nos próximos livros a autora resolva um pouco isso. Todas a relação dos príncipes, as alianças, rivalidades, como funciona esse outro mundo, como chega lá, como é a divisão, como decide o líder, os pactos, rainhas, e muito mais, nada disso foi explicado. Então, mesmo que o livro chame Kingdom of the Wicked, a gente não sabe nadica de nada sobre esse reino.
Além disso também não se sabe em que período da história se passa esse mundo. É algo meio Europa medieval, mas romances hot Avon já existem e até agora não entendi a relevância disso tudo se passar na Itália.
Agora vamos falar da parte interessante:
Eu ficava pensando comigo mesma “Se tivesse mais cenas com o Wrath ia ser um livro muito mais interessante”. E não é que eu estava certa? A partir do capítulo 21 ele passou a ser uma constante na história e tudo passou a ser bem mais divertido e conseguiu segurar minha atenção. Eu comecei a me importar com o que estava acontecendo e com o futuro dos personagens. Mas ao mesmo tempo também não posso dizer que o Wrath é assim incrível, único e algo que nunca foi feito antes na literatura YA. Ele é aquele clichê do homem gostoso, misterioso, com um passado sombrio e muitos segredos, mas que passa a proteger a mocinha sabe-se Deus lá por quê. Então, sim, eu admito que comecei a gostar de Kingdom of the Wicked por causa do mocinho que a única personalidade é ser gostoso. Cai como uma patinha nesse clichê e queria proteger o Wrath de todo o mal do mundo. Acho que essa era a intenção da autora com esse personagem, de qualquer forma, porque certamente ela não fez uma protagonista carismática, então pelo menos o par amoroso tinha que ser bom.
“Nonna said you could catch more flies with honey than vinegar. I figured a cannoli would help me catch a prince of Hell just fine. I made a mental notation to bring him dessert anytime I wanted information. He was downright pleasant and chatty”
Por exemplo, a cena dela levando cannoli pra ele? Aww eu amei! Essas coisinhas que unem os personagens são algo que acho muito relevante quando você vai criar um casal e formar os laços entre eles. Precisa ter esses pequenos momentos só deles (pena que foram poucos, mas enfim, a gente se contenta com o que tem). E gostei de como o enemies to lovers. Eles se bicando foi ótimo de acompanhar. E a cena na sala de banho?? Eu ainda quero que a autora volte nesse assunto porque ainda não superei e quero entender o que foi aquilo.
A questão é que esse livro poderia ser muito bom, muito bom, mas o desenvolvimento é feito entre trancos e barrancos. É o tipo de enredo que a autora tentar colocar vários elementos na história mas não consegue elaborar bem nenhum. E achei que as coisas acontecem muito fácil pra protagonista. Ela pergunta as coisas pros inimigos dela e eles respondem (??) e ela vai resolvendo as coisas do jeito torto dela. É basicamente assim o enredo todo.
Como eu disse anteriormente pretendo ler o segundo, porque o gancho no final desse primeiro é muito bom e te deixa curiosa, mas recomendar eu não sei se recomendo não. O ideal é não ir com muitas expectativas e ler se você tiver curiosidade. Mas saiba que o livro não foge muito da curva de fantasia YA.
Algumas perguntas pro próximo livro:
E a tatuagem dela? sumiu? Quem roubou o colar? Por que o Wrath precisava coletar as almas? Como o poder de uma bruxa é diferente do de um demônio? Eles podem fazer os mesmos feitiços? Que tipo de ritual foi aquele na sala de banho????? Ela vai virar imortal também?
site:
instagram.com/trechosdelivros