Karina Erika 28/12/2014
Todo aficionado por sugadores de sangue senti falta de vê-los descritos da forma como foram, inicialmente, apresentados
Lançado em 2010, o romance de estreia da autora Colleen Gleason tem como protagonista Vitória Gardella. Ela recebe um Legado de família: caçar e matar mortos-vivos (vampiros), ou seja, ser uma Venadora (caça-vampiro).
A partir do momento que aceita esse Legado, ela terá que conseguir conciliar seus dois mundos: o sombrio, violento, com vampiros sempre à espreita, à procura de um deslize seu para, então, enfiar seus dentes em um pescocinho; e o com valsas, bailes, mãos enluvadas, vestidos luxuosos, visando uma única meta: casar-se com um homem rico e bonito, dando mais atenção para o primeiro adjetivo.
O Legado da Caça-Vampiro é narrado em terceira pessoa, o que daria mais liberdade para a autora descrever cenas onde o narrador-personagem não estivesse presente. Não obstante, a autora resolveu abrir mão desse recurso, usando-o em momentos desnecessários e esquecendo-o em momentos cruciais e que traria uma dinâmica bem interessante.
Inicialmente, o que me encantou foi a oportunidade de ler uma história onde vampiros fossem descritos da forma que eu os conheci: frios e maus. Não tenho nada contra vampiros do tipo Edward, de Crepúsculo, no entanto há um momento que todo aficionado por sugadores de sangue senti falta de vê-los descritos da forma como foram, inicialmente, apresentados.
Depois de lidas as 100 primeiras páginas, ou antes, notamos que a sinopse é enganadora, escondendo elementos importantes da história e que, talvez, atraísse mais leitores. Por exemplo, eu não achei a protagonista "excêntrica" e tão "adiante do seu tempo". Ela, somente e simplesmente, quer escolher bem o seu marido e acha alguns eventos da sociedade chatos. O piercing que ela usa no umbigo não é colocado lá por uma questão de estética, como a sinopse sugere.
Geralmente, um livro com esta quantidade de páginas, 375, eu leria em três, quatro dias, ou menos. Entretanto, o livro não me deixou com aquela vontade de passar horas e horas sentada, devorando cada página. A autora parecia que queria – vou usar um termo bem chulo, mas é o único que me vem à mente – encher linguiça no início e meio do livro para nos brindar com um grande acontecimento somente nas últimas páginas. E foi exatamente isso que aconteceu.
No início e meio do livro, as únicas coisas que acontecem é Vitória matando vampiros, Vitória em bailes, concertos, Vitória flertando com seu pretendente, Vitória brigando com seu ajudante na caça aos vampiros. O lado sobrenatural da história nessas páginas fica por conta da captura de um objeto que a Rainha dos Vampiros quer muito, pois aumentará o seu poder. Falando em Rainha dos Vampiros, um elogio é necessário: ao criar uma história que explica o surgimento do primeiro vampiro, a autora inovou bastante nessas páginas iniciais.
As cenas de ação foram descritas com maestria. Ela não usou de exageros, como usar uma folha inteira descrevendo um local, para fazer com que nos sentíssemos dentro da cena, para que víssemos a cena. Essas cenas foram o ponto auto nessas páginas iniciais. Ela também sabe descrever minuciosamente cenas mais hots, nenhuma que faça com que o livro se enquadre no gênero erótico. Os salões, os vestidos, os penteados, tudo foi descrito de uma maneira que fez com que eu realmente me sentisse em Londres do século XIX.
Devo dizer que autora, também, surpreendeu a não colocar um romance entre dois personagens. Logo nos primeiros capítulos parecia que a autora faria isso, mas, daí, ela escolheu outro caminho. E acontecimentos importantes aconteceram em um ponto da leitura que eu nunca imaginaria que ela colocaria. Ponto positivo para o quesito "surpresa", então.
Colleen Gleason usou o Cliffhanger na passagem de um capítulo a outro (não conhece o recurso? Leia este post e compreenda>>> http://eueminhacultura.blogspot.com.br/2014/07/o-que-e-cliffhanger.html ). Entretanto, ele não foi suficiente para me deixar curiosa e ávida para chegar logo ao fim do livro.
A autora teve boas ideias, mas não soube colocá-las no papel. Recomendo o livro para quem, assim como eu, senti falta dos vampiros malvados, que dilaceram os pescoços de suas vítimas.
Notei alguns erros gramaticais na obra, como a falta de vírgulas, e erros de digitação, nada que comprometesse o entendimento. A capa é linda, como vocês podem ver. As páginas possuem nas bordas umas manchas como se fosse sangue sendo derramado, o que caiu bem, se levarmos em conta a temática do livro. As páginas são amarelas, facilitando a leitura, por não cansar tanto a vista. Comprei o meu exemplar na FELIS (Feira do Livro de São Luís 2014) e, não vou mentir, a capa foi a segunda coisa que fez com que eu efetuasse a compra. A primeira? Bom, ele custou apenas R$10,00.
site: http://eueminhacultura.blogspot.com.br/2014/12/resenha-o-legado-da-caca-vampiro.html