Resenhas - Estação Atocha

Lise 23/05/2020

Não é para entretenimento
A ideia de ser um daqueles poetas que eram possuídos por repentinos ataques de inspiração me repelia

Adam Gordon é um jovem poeta norte-americano que ganha uma bolsa de estudos em Madri para um projeto de pesquisa. Brilhante, instável , narcisista, tomado por um sentimento de alienação de si mesmo e inseguro com mulheres, se vê mergulhado em uma busca por autenticidade, girando em torno dos limites da linguagem.

Sendo ele mesmo o narrador, esforçado em expor a sua ideia de fracasso de si mesmo, logo o leitor se pega nutrindo sentimentos ruins em relação ao protagonista. Ele mente e cria uma aura de mistério em torno de sua própria pessoa para justificar o que julga nao entender da lingua espanhola e seu deslocamento em certos ambientes. Sua sinceridade ao leitor em expor suas farsas que enganam às personagens acaba por ser cativante.
No fim, dadas as circunstâncias , fiquei com o questionamento sobre a confiabilidade do narrador: se ele é realmente tão bom em seu autoconhecimento, qual a possibilidade de um final forjado, na esperança de deixar implícito uma síndrome de impostor curada a favor de seu narcisismo? Tenho muitas ideias sobre esse livro, a maioria, questionamentos sem nenhuma conclusão .
Particularmente, apesar de ter achado a obra, em sua ideia, genial em propor a discussão sobre linguagem e arte, sobretudo, me senti um pouco entediada durante a leitura; os parágrafos são longos demais, poucos acontecimentos ilustram as abstrações do narrador, tornando a leitura difícil. Nao é um livro para qualquer desavisado.

Lena 23/05/2020

é um livro muito bem pensado e estruturado, adorei a construção do protagonista Adam, apesar de ser um protagonista de caráter duvidoso (amor e ódio).
a forma como o livro é construído com referências literárias e da linguística é um ponto alto.

Lu Tibiriçá 26/05/2020

Muita "mente"
Tive dificuldade nessa leitura. O texto se passa demais dentro da cabeça do protagonista que, apesar de pensar muito, age em contradição aos seus devaneios. A história se arrasta e quando parece ter um rumo, termina... Kkkkk

Rafaella.Grenfell 30/05/2020

Denso e Impressionante
Um americano consegue uma bolsa de estudos para estudar na Espanha, em Madri. Poeta? Ele não gosta de ler poesia, prefere ler prosa sobre poesia.

Pós-graduando em outro país e outro idioma mal dominado, experimentando novas culturas, rotinas, conhecendo novas pessoas, vivenciando novas experiências. Uso contínuo de drogas e consumo rotineiro de álcool.

Apesar de conhecer poucas pessoas, tem pouca dedicação à pós, ignora e-mails, mas passa bastante tempo na internet.

Gosta de ler clássicos, busca ler edições bilingues acreditando que assim irá dominar o espanhol magicamente, como os grandes escritores espanhóis, mas não desenvolve o idioma local. Em momentos mais angustiantes se entrega à leitura em seu idioma natal.

Com o passar do tempo, já com mais interação social, melhora sua comunicação. Adquire uma noção de pertencimento quanto a sua obra e se dedica mais a sua pesquisa.

Viaja, revela mentiras e conta outras, fica angustiado com tudo isso, se perde em si mesmo.

Usa continuamente haxixe, só consegue trabalhar quando está chapado e considera isso um distanciamento necessário para sua obra.

Descobre que tem sentimos por uma funcionária da escola de idiomas que frequenta, Isabel, mas também demonstra interesse por uma curadora da galeria de arte onde lera seus poemas e que o está ajudando na tradução de seus poemas para um livre que pretende lançar.

A eminente perda de Isabel, para outro homem, o faz aumentar a dose de seus remédios psiquiátricos, lhe causando insônia. Ler, trabalhar, escrever, beber café, fumar cigarro e haxixe de forma enlouquecida. Ufa, nunca havia produzido tanto. Com diversos cadernos repletos de poesias.

Numa tentativa de impressionar Isabel, levou-a para jantar num restaurante caro, comprou roupa nova e passaram a noite em um hotel luxuoso, tudo graças ao cartão de crédito para emergências dado por seus pais.

Na manhã seguinte, ocorre um atentado terrorista na Estação Atocha.

Um burburinho de indignação e indagação toma as ruas. Protestos e manifestações políticas aparecem, para Adam parece certo, mas não lhe cabe ali, que passa a margem dos movimentos e os observa, buscando encontrar algo, ou melhor alguém na multidão.

Enquanto isso, Teresa, parece reviver sai alma amargurada e lhe invoca novos ou velhos sentimentos. Ciúme se torna presente.

Novamente envolto em álcool e drogas se entrega aos seus pensamentos e a Teresa. Passava cada vez mais tempo com Teresa, e um dia foram viajar para Barcelona.

Uma viagem curta, onde no primeiro dia foram a bares e restaurantes que Teresa já conhecia. No dia seguinte, Adam resolve tomar café da manhã sozinho, sai do hotel e percebe que está se dinheiro, em busca de um caixa eletrônico sai andando, até que percebe que está perdido, caminha até a praia, decide ir até o museu Picasso, caminha mas, fica angustiado, apreensivo e anda mais. Ao entardecer ele percebe que está em frente ao hotel, entra e encontra Teresa de mala pronta para voltar para Madri.

Ao retornar para Madri, ele se depara com o convite para participar de uma mesa redonda. Entra em pânico, se angustia com a ideia de falar em espanhol na frente do público.

site: https://rafaellagrenfell.blogspot.com/2020/05/estacao-atocha.html

Thábata 04/06/2020

Bom
Achei bem escrito, me identifiquei com a narrativa, mas não me apaixonei.

Duda 24/06/2020

É um livro com uma escrita que eu não estou habituada a ler, e para mim os primeiros capitulos foi um exercício mais complicado de adaptação, principalmente porque tem longos parágrafos e quase sem nenhum diálogo.
Mas no quarto capitulo eu fiquei grudada na historia, não sei se é porque eu já tinha me adaptado à escrita ou se realmente o livro melhora.
De qualquer forma, achei uma leitura válida. Fico feliz de assinar a Tag exatamente para ter contato com livros que nunca compraria/leria sozinha.

Arisa.RC 05/07/2020

Difícil definir...
O livro é bom, mas demorou um pouco para eu conseguir gostar. Entretanto, depois que a gente "entra" na cabeça do narrador, as coisas começam a fazer sentido e a forma como o autor constrói a história, deixando sempre uma dúvidas sobre se o personagem entendeu ou não as coisas é realmente genial.

Sader 06/07/2020

A prosa de Lerner.
Adam Gordom é um personagem inseguro e mentiroso compulsivo. Um jovem poeta americano que vai para Espanha custeado por uma prestigiada bolsa de estudos. Sua dificuldade em relação ao novo idioma traz cenas cômicas, o que muitas vezes usa a seu favor. O ponto alto do livro é a vida mental de Gordom, sujeito inseguro com sua pesquisa, se achando um farsante ou um impostor, crises de ansiedades e alto-medicação, mas q por fim, mesmo com sentimento de frustração, consegue concluir sua pesquisa participando de uma mesa de debates. Suas relações amorosas e o fato histórico do atentado terrorista na Estação Atocha, são plano de fundo de uma história bem escrita, onde a poesia permeia a obra com muitas referências à obras de artes em geral. Tudo isso regado a muito vinho, maconha e haxixe!!! Ótima leitura ?

Maria 09/07/2020

Um desses livros que eu amo e nem vejo acabar. A história de Adam, El Poeta, estadunidense, que vai pra Madri e começa a tentar falar e se relacionar em espanhol. Ele decide que seria outra pessoa e começa a mentir sua formação identitária compulsivamente e acaba se mostrando incapaz de viver uma experiência de forma autêntica. É um observador desconectado de si mesmo! Uma prosa gostosa de ler, cheio de viés político e discussões sobre a pertença do personagem principal. Por isso e outros motivos, ele se considera uma fraude (se é, ou não, o leitor decide rs). Com momentos muito engraçados em que ele se perde nas traduções! Hora excelente de leitura pra mim!

Sarah.Costalunga 09/07/2020

TAG curadoria
Para quem quer entrar em um história com uma construção narrativa super diferente, super recomendo

Vicente Moragas 14/07/2020

Surrealismo em prosa
Poucos livros tiveram a arte de serem surreais. Na fluidez do inconsciente, no retrato imagético das narrações. Certamente esse livro foi um deles

Ana 20/07/2020

Levemente irritante
O personagem principal é levemente irritante, a história é insossa.

Bárbara Regina 02/08/2020

Um mentiroso maior
A leitura do livro foi um pouco parecida com um grande poema: no começo você não entende muito bem o que as palavras querem dizer, mas depois consegue adentrar em seus significados e tudo faz sentido.

Adam é um mentiroso, doente, viciado. Provavelmente a falta de empatia com ele deixou a leitura mais arrastada.

O livro, no entanto, não é ruim, talvez eu só não estivesse no momento de ler ?poesia?...

Thiago.AugustoCG 22/05/2021

?É incrível a vida que levo aqui, e não importa se não é minha.? Estação Atocha

Rosa Daré 13/08/2020

Adam Gordon é um jovem poeta americano que, graças a uma prestigiosa bolsa de estudos, muda-se para Madri, pelo período de um ano, com o objetivo oficial de completar um projeto de pesquisa. Adam é um jovem brilhante mas muito instável, narcisista e frequentemente tomado por um sentimento de alienação de si mesmo. Viciado em cafeína, usuário eventual de haxixe, comicamente inseguro com as mulheres e com forte tendência a se automedicar, Adam se vê mergulhado em uma busca constante por autenticidade, girando em torno dos limites da linguagem. Página após página, o protagonista alterna momentos hilários com ruminações existenciais, o que alimenta a sensação de distância entre seu universo interior e o mundo externo. Todo esse quadro reforça a suspeita de que suas relações afetivas, suas sensações, sua poesia e até mesmo sua personalidade sejam fraudulentas, uma grande mentira.