Paula Gorgatte 27/02/2017
amei
Tenho vergonha em dizer aqui que não me lembro de um único livro biográfico ou autobiográfico que já tenha lido. Sei lá nunca realmente me interessaram. Sempre achei que seriam entediantes e muito muito redundantes. Mas então vem uma figura chamada OZZY, que nem se chama Ozzy, e me nocauteia e fez-me rever tudo que achava a respeito desse tipo de leitura.
Cresci ouvindo rock junto com irmãos mais velhos malucos de calça rasgada, entendam eu não tinha muita opção também. E agora meu irmão mais velho me emprestou esse livro, recomendou e disse que eu iria adorar, afinal temos o rock nas veias... certo? kkkkkk
O livro é Autobiográfico, agora imagina só 384 paginas de puro rock´n´roll, a descrição exata da vida de um Rock star. Pode imaginar como deve ser? Drogas, sexo, rock e muita confusão.... exatamente. Eu amei tudo desde a primeira página.
O livro conta a vida de John Osbourne, desde sua infância até 2009, quando o livro foi escrito. Então temos aqui várias fases da vida de Ozzy, a infância difícil, a vida de artista, a formação do Black Sabbath, sua saída da banda, a carreira solo, o reality show e muita coisa no meio disso.
O mais marcante no livro é o uso exclusivo de álcool e drogas, e eu digo exclusivo porque o cara passava o tempo todo chapado, a quantidade de substancias proibidas ou controladas que ele ingeria era tão absurda que seria capaz de matar qualquer pessoa... menos Ozzy claro.
Mas alguns podem pensar que o livro seja pesado, por retratar tantas drogas, mas eu afirmo que não. Eu ri muito, mas muito mesmo. Ozzy é simplesmente hilário, louco de pedra e somado ao álcool, remédios e drogas ele protagonizava as situações mais loucas que já li.
Parece absurdo ter gostado de um livro que fala de drogas do começo ao fim e é narrado por alguém que estava louco o tempo todo e sequer tem muitas lembranças. Mas confie em mim, o livro é bom, vale cada linha.
Em geral essa é a vida de Ozzy, mas algumas coisas na leitura se destacaram pra mim.
Sua curta carreira de ladrão. Genteeee eu quase tive um ataque de tanto que ri de sua tentativa de ser ladrão, engraçadíssimo, o bom humor que ele conta tudo é que mais me impressionou.
As influencias dos Beatles, eu sei que todos gostavam dos Beatles, mas eu francamente não imaginava Osbourne influenciado por eles, para mim foi uma verdadeira revelação. Mais ou menos como se pensassem assim, “Amamos tanto os Beatles que iremos fazer exatamente o contrário em tudo”. Acho que foi isso.
O Black Sabbath não era uma banda satânica, ao contrário eles morriam de medo de espíritos, monstros entre outros seres das profundezas.... essa me pegou desprevenida. Fiquei muito impressionada como além de não darem a mínima para essa coisa toda mal assombrada, ainda sentiam medo. Somente pose e Marketing.
Ozzy não comeu o morcego de propósito.
Ozzy teve AIDS por 24 horas. Ou pensava que tivesse.
E por fim não menos importante, a vida do rock era exatamente como eu imaginava.
Foi muito importante ver a importância que Sharon teve na vida de Ozzy, apesar dos vícios ela era seu porto seguro, e conseguimos ler no livro o amor que ele sente por sua família.
Alguns podem pensar que o livro é uma apologia às drogas, mas eu afirmo que não, ao contrário, apesar do bom humor Ozzy descreve em incansáveis vezes tantas coisas que perdeu porque estava chapado. O quanto da vida dos filhos ele não participou porque estava bêbado ou sob influencia de alguma droga. Ele perdeu a banda que amava a família mais de uma vez, a saúde, dinheiro, contratos e muita coisa, por um vício. Então não venham dizer que o livro incentiva, porque o que eu li foi um relato dramático da devastação do vício. Que sirva de alerta.
Mas o que mais gostei nesse livro? A leveza e a forma cotidiana com que tudo é narrado parecia que Ozzy estava sentado na minha sala me contando tudo, em primeira mão, de forma fácil, engraçada e muito mundana, apesar de todas as bizarrices eu por vezes me peguei comentando, respondendo e rindo.
Sempre gostei de Ozzy, não era a super fã, mas qualquer pessoa sabe reconhecer um bom trabalho, mas eu confesso que depois de ler esse livro eu virei mega fã. Pela sinceridade, simplicidade e principalmente pelas risadas.... rs.
"O show era no Rock in Rio, um festival de dez dias com Queen, Road Stewart, AC/DC e Yes. Um milhão e meio de pessoas compraram ingressos. Mas eu fiquei desapontado com o lugar. Tinha esperado ver a Garota de Ipanema em cada esquina, mas não vi nenhuma. Havia só um monte de crianças pobres correndo pelo lugar como ratos. As pessoas eram ou absurdamente ricas ou viviam nas ruas – parecia não haver nada no meio". (Ozzy)
Se recomendo? SIMMMMMMM