xzsatur.no 08/07/2024
?É preciso ter querido morrer,
para saber como é bom viver.?
?Os ferimentos morais têm uma particularidade: escondem-se, mas não cicatrizam; sempre dolorosos, sempre prontos a sangrar quando tocados, permanecem vivos e abertos no coração.?
Alexandre Davy de la Pailleterie Dumas (1802-1870) desempenhou um papel fundamental na literatura. Nascido em 24 de julho de 1802, em Villers Cotterêts, França, Alexandre Dumas foi um romancista e dramaturgo amplamente reconhecido por sua prolífica produção literária. Sua carreira literária começou como dramaturgo, e ele obteve seu primeiro grande sucesso com a peça ?Henrique III e sua Corte? em 1829. Suas obras marcaram a história da literatura, incluindo clássicos como ?Os Três Mosqueteiros? e ?O Conde de Monte Cristo?. Dumas ofereceu uma visão única da sociedade francesa do século XIX, explorando questões sociais, políticas e morais em suas narrativas. Seus romances e peças são repletos de ação, mistério e reviravoltas emocionantes, deixando um legado literário duradouro. Sua escrita inspiradora nos presenteou com personagens cativantes e paixões ardentes, proporcionando uma visão singular da sociedade da época.
?O Conde de Monte Cristo?, um dos maiores clássicos da literatura francesa por mais de 150 anos, foi publicado inicialmente como um folhetim na França entre 1844 e 1846. A história centraliza-se em Edmond Dantès, um jovem marinheiro honesto e leal, cuja vida é brutalmente virada de cabeça para baixo quando é injustamente acusado de conspiração por seus supostos amigos: Fernand Mondego, Danglars e Gérard de Villefort. Sem direito a um julgamento justo, Dantès é encarcerado no infame Castelo de If, uma prisão isolada e cruel ao largo da costa de Marselha. Lá, ele encontra o Abade Faria, um prisioneiro mais velho que se torna seu mentor, revelando a existência de um tesouro na ilha de Monte Cristo e forjando um plano audacioso de fuga.
Após a morte do Abade Faria, Dantès escapa da prisão, encontra o tesouro e assume a identidade enigmática do Conde de Monte Cristo. Ao retornar a Paris, ele meticulosamente elabora um plano de vingança contra seus traidores. Manipulando eventos e pessoas, o Conde expõe segredos sombrios e explora as fraquezas de seus inimigos: Fernand Mondego, agora Conde de Morcerf, que se casou com Mercedes após a prisão de Dantès; Danglars, o ganancioso contador que o traiu por inveja; e Villefort, o ambicioso promotor público que o condenou por razões políticas.
?A ausência separa tanto quanto a morte; suponha que entre Edmond e Mercedes ergam-se as muralhas de uma prisão: eles ficariam tão separados quanto se existisse entre eles uma pedra tumular.?
A narrativa mergulha profundamente em temas como justiça versus vingança, a complexidade da moralidade e a essência humana. O Conde de Monte Cristo questiona até que ponto experiências traumáticas podem transformar alguém e se a redenção é possível após sucumbir à sede de vingança. À medida que a saga da vingança se desenrola, o Conde confronta o custo emocional de seus atos. Sua humanidade é relembrada por figuras como Haydée, uma jovem escrava que ele liberta e que o ama sinceramente. A história culmina em uma profunda reflexão sobre a possibilidade de redenção para aqueles que se perderam na escuridão da busca por justiça pessoal.
Além da trama envolvente protagonizada por Edmond Dantès, ?O Conde de Monte Cristo? explora temas profundos como vingança, justiça, amizade e redenção. Dumas utiliza a história de Dantès para explorar questões universais como a moralidade das ações humanas, os limites da justiça pessoal e a complexidade das relações interpessoais. A narrativa é cativante, entrelaçando suspense e intriga com a profundidade psicológica dos personagens. Dantès, ao se tornar o Conde de Monte Cristo, não apenas busca vingança contra aqueles que o traíram, mas também enfrenta dilemas morais que questionam sua própria humanidade. Dumas habilmente tece uma tapeçaria de personagens multifacetados que representam diferentes camadas da sociedade do século XIX, oferecendo uma reflexão sobre as consequências das escolhas individuais em um mundo onde o poder e a ambição frequentemente colidem com a ética e a compaixão.
?? Se eu viver, tudo muda; se eu viver, o interesse se transforma em dúvida, a piedade se transforma em fúria; se eu viver, não serei mais do que um homem que faltou à sua palavra, que falhou em seus compromissos; enfim, não serei mais do que um falido. Se eu morrer, pelo contrário, pense nisso, Maximilien: meu cadáver não será mais que o de um homem honesto e infeliz. Vivo, os meus melhores amigos evitariam a minha casa; morto, Marselha inteira me seguirá chorando à minha última morada. Vivo, você terá vergonha de meu nome; morto, você erguerá altivamente a cabeça e dirá: ?? Sou filho daquele que se matou porque, pela primeira vez, foi obrigado a faltar à sua palavra.?
Por que ler este livro? Cada página que descreve o sofrimento deste injustiçado personagem oferece uma experiência indescritível. A sensação de estar aprisionado é retratada com tamanha intensidade que as próprias paredes da prisão ganham vida além das páginas do romance, transformando-se em uma nova realidade desconhecida. Quando Edmond finalmente escapa e retorna à liberdade, o alívio é palpável tanto para o leitor quanto para o próprio personagem. Ao terminar o livro, é inevitável questionar: ?E agora, o que farei da minha vida?? Esta leitura é uma experiência verdadeiramente única! Apesar de detalhado, o livro é extremamente fluído e para mim foi uma leitura rápida ? basicamente em 24 horas, mas nem todo mundo é tão intensa quanto eu. Desde que li ?Os Miseráveis?, tive vontade de ler ?O Conde de Monte Cristo?. Tornou-se um dos melhores livros que já li, e eu o recomendo muito, muito mesmo para todos! É uma experiência verdadeiramente única ler este livro! Algumas pessoas têm receio de ler clássicos por acharem que terão uma linguagem rebuscada e difícil, mas isso não é verdade. Muitos clássicos não possuem essa característica, embora sejam detalhados, o que, na minha opinião, os torna únicos e verdadeiros clássicos.
Agora entendo verdadeiramente por que este é um grande clássico e por que as pessoas o amam tanto. Eu também passei a apreciá-lo profundamente! Livros extensos sempre foram meus favoritos, repletos de detalhes enriquecedores que tanto adoro! Espero sinceramente que você, caro leitor, tenha encontrado a coragem, assim como eu, de se levantar e ler esta grande obra! Em outro momento da minha vida, certamente farei uma releitura! Com tantas reviravoltas e reflexões, agradeço sinceramente por este livro ser tão grandioso ? para mim, poderia ser ainda maior. É indiscutivelmente bem escrito e desenvolvido. Fantástico!
?? Há existências predestinadas: uma primeira falta aniquila todo o futuro ? continuou ela. ? Eu o julgava morto, eu deveria ter morrido; pois que adiantou carregar eternamente o seu luto em meu coração? Para transformar uma mulher de trinta e nove anos numa mulher de cinquenta, nada mais. Que adiantou, sendo a única pessoa a reconhecê-lo, ter salvado apenas o meu filho? Não deveria ter salvado também o homem que, por mais culpado que fosse, eu aceitara como marido? Entretanto, deixei-o morrer; que estou dizendo, meu Deus! Contribuí para sua morte com minha covarde insensibilidade, com meu desprezo, não me lembrando, não desejando me lembrar, de que fora por mim que ele se tornara perjuro e traidor!?