Carous 22/02/2020Tudo o que eu queria era me apaixonar por este livro e que o achasse tão maravilhoso que não saberia nem o que escrever, só sentir. Ao invés disso, estou aqui de novo me preparando para mais uma resenha longa destacando os pontos que não gostei (porque a autora pecou neste quesito) e jurando de pé junto que mesmo assim eu gostei do livro, não mr arrependo de ter lido. Só esperava um livro fantástico sem tirar nem por e "A curse so dark and lonely" só entregou isso no título e na capa.
Inclusive quando descobri o livro,influenciada pelo seu título e capa eu achei que ele disputaria um lugar entre minhas releituras favoritas de A Bela e a Fera, mas não fez nem cosquinha.
Ainda sou grata pelo livro porque foi a ansiedade para avançar as páginas que me fez terminar Julie & Julia, que eu li anteriormente e peguei este para alternar a leitura.
O texto de Brigid é bom, o vocabulário não é muito difícil. Particularmente eu esperava mais diferenças linguísticas entre Rhen e Harper, mas não vou me ater a isso.
Ela é uma autora famosa, com outros livros publicados inclusive no Brasil. Talvez leia seus outros livros? Com certeza lerei o que foca em Grey porque ele é um personagem maravilhoso.
Não que Rhen e Harper não sejam. Tenho 0 familiaridade com paralisia cerebral e não sei se a de Harper foi bem representada. Todavia é bom que esteja em livros, ainda que tenha achado muito conveniente que a paralisia dela se limitasse a fazê-la mancar, nada mais. A personagem chega a comentar como pode afetar a pessoa e isso ficou mais claro. Inclusão de uma doença, pero no mucho de forma a mantê-la atraente.
Harper é uma boa protagonista. Inteligente, corajosa. Lida muito bem com seu sequestro e seus sequestradores até gradualmente começar a enxergá-los de outra maneira e até ajudá-lo.
Lá pra depois da metade do livro ela deixa de ter ira por Rhen e Grey e perde algumas oportunidades de mandar o príncipe para a pqp, mas tudo bem.
Rhen também é um bom protagonista, embora péssimo governante. Ele tem suas desculpas para ter largado seu reino à própria sorte, mas não me convenceu. Ele é o oposto de Harper e nem todo o sofrimento provocado pela maldição o fez perder a arrogância; ao contrário, talvez tenha acentuado, mas ela o coloca em seu lugar e ele aos poucos vai melhorando.
O que me fez pensar: e as outras 300 garotas antes dela? Impossível que não houvesse nenhuma igualmente corajosa e inteligente, sem papas na língua e que desse um presta atenção na prepotência do príncipe.
300 garotas vieram na frente de Harper e nenhuma quebrou a maldição? Pior: Rhen não tentou modificar seu comportamento? Acho que o problema é ele então.
O que também me fez pensar: como essas garotas eram escolhidas? Grey as sequesttava de Washington estação após estação e não havia um alerta na cidade de um homem sequestrado moças no beco da cidade, cuidado? Todas eram heterossexuais? Quais as chances?
As intrigas políticas foram o que colocaram a história toda a perder. Tenho cá minhas dúvidas sobre a necessidade de inseri-las. Mas tenho certeza que poderia ser melhor escrita. Eu tentei relevar todas as informações, mas algo não cheirava bem. Pairava em mim Eu a sensação de ter muitos furos que eu não conseguia detectar, mas depois ficou claro: não faz sentido o herdeiro real se afastar de suas obrigações por tanto tempo e quando retorna - por insistência de Harper -, ele exige que seu povo se curve a ele pelp seu título. Não faz sentido Emberfall sofrer ameaça de invasão só agora depois de tanto tempo abandonada. Não faz sentido a passividade e burrice dos habitantes de Emberfall diante de sua precária situação. Além de serem bem burros de acreditarem nos boatos sobre a família real. Ou seja, impossível tudo se desdobrar como foi após tanto tempo que Rhen se isolou no castelo.
E se era pra mostrar isso assim, era melhor a Brigid ter deixado esse pedaço de lado.
Brigid podia ter explorado mais a transformação de Rhen para monstro e apresentado melhor a família real - e seu destino - e a vida antes da maldição. Soou meio incompleto esta parte.
Já a feiticeira que causou tudo isso... é, essa não dá pra defender. Muito fraquinha, o leitor só aceita o motivo que ela deu para fazer o que fez se forçar muito.
Trocando em miúdos: leitura agradável, boa tentativa de Brigid de escrever outra releituras desse conto no meio de tantas, mas a execução podia ser melhor.
Eu queria AMAR o livro e fingi por muitas páginas que tudo que mencionei não me incomodava, mas o livro tem 500 páginas. Chegou um ponto em que eu me sentia forçada a engolir os tropeços da história.
Aliás, talvez com menos páginas não haveria espaço para a história ficar em círculos, evidencia disso são as informações repetidas que Rhen e Harper dão enquanto conversam ou meditam sobre o dia. Eu queria mais ação.
Nem tudo são críticas. Felizmente temos personagens gays - dois, que eram namorados, mas melhor que nada - e nem todos eram brancos.