Adriana Pereira Silva 20/11/2019
Civilização
Eça de Queirós escreveu ?A Cidade e as Serras?, publicado em 1901, um ano após sua morte. A obra pertence à última fase do escritor, onde se afasta do realismo e abandona a crítica pesada que fazia à sociedade portuguesa da época. O próprio título já indica sobre o enredo. Nesse livro, Queirós faz uma comparação entre a vida simples e agitada de Paris e a vida tranquila e pacata na cidade serrana de Tormes em Portugal.
?o que sobra de uma leitura atenta é certo desconforto que faz com que duvidemos da felicidade modelar de Jacinto e do julgamento inflamado ? e por isso mesmo tendencioso ? de Zé Fernandes? (Mônica Figueiredo).
Eça de Queirós tem uma percepção deslumbrada pelo modelo civilizacional representado por Paris, em detrimento à pequenez português, que ele nunca cansou de denunciar, como neste trecho do livro: ?Tens aqui pois o olho primitivo, o da Natureza, elevado pela Civilização à sua máxima potência de visão. E desde já, pelo lado do olho, portanto, eu, civilizado, sou mais feliz que o incivilizado, porque descubro realidades do Universo que ele não suspeita e de que está privado?.
Além disso, a serra é considerada um lugar de fome, doenças, ignorância e miséria, subjugado por uma forte memória feudal que ainda hoje Portugal tenta ultrapassar.
No entanto, por fim, ?a valorização da natureza se dá graças à indiscutível falência civilizatória de que a cidade é seu melhor resumo? (Mônica Figueiredo).
Assim, com o decorrer da narrativa, o rico Jacinto, que se considera altamente Civilizado por estar na cidade e morar em Paris, a capital do modernismo e civilidade da época, vai se enfatigado de todo o progresso tecnológico que fazem parte de sua vida e da alta sociedade parisiense da qual faz parte, acaba por ter que voltar a sua terra, na serra de Tormes, Portugal, onde descobre as alegrias da vida e a utilidade que pode ter em meio à natureza e a pessoas verdadeiras, podendo se dedicar a aprender muitas coisas e colocar em prática tudo isso com muita profundidade, doando-se a aqueles que dele precisam e podendo aplicar seu dinheiro em prol do outro. Assim, descobre o verdadeiro sentido da vida.
O que vou levar para a vida com essa leitura: deixou claro dentro de meu coração o quanto é importante não só fazermos coisas para nós sermos felizes, nos realizar, mas a alegria e o segredo da vida e da verdadeira felicidade está em fazer pelo outro, ser útil doando-se ao próximo.