Giovanna.Nogueira 10/03/2024
E o amanhã continua não sendo promissor...
"Tomara que não voltemos à normalidade, pois, se voltarmos, é porque não valeu de nada a morte de milhares de pessoas no mundo inteiro [...] Não podemos voltar àquele ritmo, ligar todos os carros, todas as máquinas ao mesmo tempo [...] Aí, sim, teremos provado que a humanidade é uma mentira."
O texto, elaborado a partir de três entrevistas realizadas em abril de 2020 com o ativista indígena Ailton Krenak, é muito tocante ao relatar o ponto de vista dos povos indígenas em sua vivência durante a pandemia do COVID-19.
Ler o texto em um contexto onde a criticidade do cenário pandêmico já faz parte do passado, nos transporta para um momento sem precedentes em que a população mundial ainda não sabia como sairia da situação e se sairia. Apesar de muitos apontamentos feitos pelo autor já não serem mais atuais, eles são muito válidos pois representam sentimentos coletivos perante os desafios da época.
Por fim, tendo em vista como tudo voltou ao "normal", indo na contramão do que Airton nos apresenta no livro - a economia foi elevada à um patamar acima da importância da vida humana, as empresas voltam ao modelo presencial, tudo volta ao mesmo ritmo -, pode-se apontar que, infelizmente, o amanhã continua sendo vendido e a catástrofe que nos acometeu como um todo não foi suficiente para instaurar mudanças drásticas no atual sistema.