kitski 10/03/2021
Questão de Classe, por Christina Dalcher. Uma reflexão sobre a perfeição.
O mundo é perfeito, apesar dos bilhões de seres humanos subjetivos e únicos. Esse é o plano de fundo em Questão de Classe, uma sociedade perfeita, não há espaço para falhas, não há espaço para humanidade. Elena Fairchild, uma professora de elite, pertencente às escolas de prata, mãe nas horas vagas, raramente esposa, pensa que entende o sistema de de camadas. Como educadora, Elena acredita que o método funciona, como mãe, ela deseja justiça.
“O que elas não sabiam na época, e agora eu sei, é que você pode se livrar das maçãs podres no cesto, mas isso só libera espaço para uma nova camada de podridão esperando para ser salva e limpa.”
Em Questão de Classe conhecemos o número Q, uma junção de dados que te persegue, para sempre. O número Q é medido pelo seu desempenho acadêmico, quanto melhor você é, maior o seu número Q. Toda a experiência humana, todo processo de aprendizagem é reduzido em apenas um número. As pessoas que possuem o número Q acima da média são tratadas de maneira diferente. Em escolas especiais, cargos muito bem remunerados. Nesse sistema não há espaço para erros, muito menos para Qs abaixo da média.
Elena entende que o sistema é necessário, até sua filha amanhecer em uma escola amarela, destinada aos números Qs abaixo da média. Freddie é apenas uma criança de 9 anos, mas já carrega nas costas o peso de não encaixar-se no sistema. Ansiedade, síndrome do pânico, estresse, esses são apenas alguns dos desafios enfrentados por Freddie.
Com uma narrativa reflexiva Questão de Classe é uma pintura realista de tudo que vivemos. Uma distopia que nos faz encarar a realidade.
“Sempre fizemos isso, nós, seres humanos, em nossas pequenas sociedades. Categorizamos, comparamos e inventamos formas de nos segregar em times, como na aula de educação física da escola. Escolho você, dizemos. Mas não ele.”
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