Kamyla.Maciel 13/03/2023
Uma aula!
A história é centrada em dois personagens, o Pedro e o Marques, eles decidem que cansaram de tanta pobreza, cansaram de trabalhar trabalhar e não ter nada, de serem explorados e ainda assim não ter um real no bolso, de não saírem da miséria, como foi com seus antepassados. Então, para conseguirem dinheiro, eles decidem romper com o sistema e passam a vender maconha. Daí a história se desenrola? não vou falar mais nada para não ter spoiler.
Certamente estará entre os melhores do ano! É um livro que nos envolve, que nos faz torcer pelos personagens, que me prendeu do início ao fim. Bateu tristeza também, perceber que, infelizmente, algumas pessoas já estão tão sobrecarregadas que não têm mais nada a perder, apenas sobrevivem.
O livro é muito fácil de ler, uma linguagem boa e rápida. Me emocionou muito porque mostrou muito fielmente as consequências de uma sociedade extremamente desigual, em que uns passam fome enquanto outros vivem no luxo, em que umas vidas valem muito e outras nem são vistas.
Eu torci tanto por esses personagens, o livro nos coloca no dilema de torcer para o que ?é tido como errado?. Mas errado pra quem? Por que? A que custo? É errado quando não são os corpos marginais que fazem?
Os pontos altos do livro são os diálogos de Pedro, quando ele explica sobre a exploração dos trabalhadores, sobre mais valia, sobre a lógica como a sociedade funciona. José Falero conseguiu, muitoooo didaticamente, trazer os pensamentos de Marx para a vivência daqueles personagens.
É um livro incrível e que mostra bem as marcas de uma sociedade desigual e opressora. Recomendo a todos, inclusive quero presentear várias pessoas para trazê las para a discussão, porque é isso que Falero provoca.
Maravilhoso e fora da caixa também.
Trecho: ?Não só morrera: fora fuzilada em público! E nada seria feito a respeito. Nada! Era inútil esperar que houvesse comoção: ninguém se importava. Deus, ninguém se importava! Era o tipo de coisa que acontecia todo dia?todo santo dia! Pobre demais para ser lembrada, preta demais para ser levada em consideração, eis que aquela mulher era expulsa da existência, e mesmo exterminada de maneira tão brutal, mesmo assassinada à luz do dia, mesmo estraçalhada a céu aberto, mesmo aniquilada diante de quem quisesse ver, mesmo assim, nada: ninguém se importava, nada seria feito, ficaria tudo por isso mesmo! Um ser que absolutamente invisível viera ao mundo, absolutamente invisível o habitara e absolutamente invisível desaparecia dele! Um ser produzido e destruído na lama da indiferença plena: era como se nunca tivesse existido! Um ser cuja vida e morte confundiam-se nos matizes do descaso total.?