nadia 03/03/2022
Fé em Deus, gurizada.
José Falero escreve sobre pessoas. A escrita mistura a norma culta dos romances e a linguagem da cidade, as gírias, as expressões, e tudo aquilo que definem o local dos personagens. Uma história que envolve a pobreza, a vontade de mudar de vida, trabalho, marxismo, tráfico de drogas, violência: todas essas coisas ditas sem moralidade, sem o estereótipo, expondo uma visão humana que insere os personagens como indivíduos. Ver a argumentação viva de quem sabe que merece mais, que trabalha igual cachorro pra ver o patrão esbanjando dinheiro enquanto não consegue trocar a fechadura de casa, Pedro é a movimentação do trabalhador brasileiro que quer o melhor pra si e pros seus iguais, pra acabar com a ideia de que pobre tem que continuar pobre, nem que pra isso tenha que traficar. Uma porrada na ideia de meritocracia e no empreendedorismo.
Essencial, principalmente, no contexto gaúcho. José Falero e Jefferson Tenório são exemplos que merecer sem lidos e divulgados e que colocam o Rio Grande do Sul como uma literatura combativa e poderosa, que fala sobre o seu povo.