Resenhas - O pássaro secreto

Caroline Vital 28/08/2022

Um bom romance
Achei que algumas informações foram muito repetidas. Daí as vezes se tornou cansativo. Além disso, achei muito confuso os capítulos intercalados em tempo diferente.

Neilson.Medeiros 25/08/2022

E todos somos pura flor de vento.
Nessa narrativa intensa contada em primeira pessoa por Aglaia, é possível vislumbrar uma garota apaixonada por livros, atenta ao poder das palavras e da contação de histórias. Filha de um típico homem vaidoso e mulherengo aos moldes de Zeus e de uma mãe cuidadosa e ciumenta, assim como Hera, Aglaia carrega consigo a sina das intrigas dos mitos gregos e das tragédias Shakespearianas. Eu torci muito por ela e me compadeci de sua dor, mas a história aqui não se preocupa em criar uma mocinha sofrida em busca de redenção. Trata-se de um caminho inverso: o que a dor inominável pode fazer com alguém? Melhor dizendo: o que alguém pode fazer com o outro e consigo mesmo movido por essa dor estranha, sem nome, que lacera o peito? A autora apresenta uma obra repleta de referências que nos aproximam das diversas artes. A arte que move a vida, que imita nossas tramas e inspira os mais diversos sentimentos. É, de fato, uma escrita arrebatadora, que nos prende na jornada complexa de quem sofre com a saúde mental, mas parece renascer, sem esplendor romântico, daquilo que faz pulsar a arte.

Lucikelly.Oliveira 12/08/2022

Impecável
?Foi assim, de um dia para o outro, que um feixe de luz começou a cair impiedosamente sobre meus pais e eu deixei de olhá-los de baixo para cima. Não eram mais assim tão belos nem tão justos nem tão invulneráveis, e de repente tornaram-se incapazes de garantir minha felicidade com a ambiguidade do seu amor e a precariedade da própria existência.?

Bernal 03/08/2022

Favoritado
A narrativa poética, cheia de referências (principalmente shakespearianas), trata da negligência familiar e, sobretudo, de uma mente conturbada. Compreendi o sofrimento de Aglaia, apesar de todas as suas crueldades, e levei dias para digerir toda a densidade do enredo. Quando comecei a ler, não tinha a menor ideia do que se tratava e acabei favoritando. Mas, ressalto que é preciso estar com a saúde mental muito bem preparada. E para gostar, é preciso saber exercer a empatia.

Resenha completa no IG @be.thereader

Vanessa.Giácomo 27/07/2022

incrível!
é difícil ler uma ficção, achar a protagonista inadequada e mesmo assim se enxergar tanto nela. termino esse livro com a carne exposta, e mais uma vez encantada com o poder de um bom livro. são nessas páginas que me encontro, que me enfrento e me melhoro. e assim como Aglaia, ?eu ainda estou aqui. ardi no fogo e ressurgi na pureza das minhas próprias cinzas?.

Hadassa 27/07/2022

Livro bonito e bem feito, mas deveria vir com TW.
Que livro traumático. A escrita é bonita, fluída, cativante e a história é trágica, mas as partes violentas são incômodas demais e te fazem desgostar da protagonista. Eu acredito que as "consequências feias" das doenças mentais poderiam ser menos explícitas e pesadas mesmo sendo o ponto principal da história. Apesar disso, dá pra se identificar e compreender a Aglaia até certo ponto.

Beatriz 18/07/2022

Crenças próprias que alimentam a Coisa
Inconformada com o pouco de amor que recebia, não quis amor algum e se incomodou com isso. O livro traz a história de Aglaia, uma menina que sofre desde criança com o bullying e é acolhida apenas pela avó. Sua relação com os pais é conturbada e mostra como as percepções e interpretações do que é o afeto podem atrapalhar um relacionamento. Aglaia foi uma criança amada pelos pais, mas não do jeito que ela precisava e entendia que era amor, se tornando uma adolescente isolada e afogada em suas próprias crenças, alimentadas pela Coisa.

Um ponto que achei que não foi muito bem tratado foram os episódios de bulimia da garota. Aparentemente, ela sempre teve esse comportamento, até mesmo quando estava na casa de sua avó, quem sempre a entendia e a percebia, e mesmo assim ninguém a repreendeu ou foi abordado em alguma de suas consultas. Sua saúde mental era apenas abordada quando a sua agressividade era contra o outro, mas não quando era contra ela mesma. Talvez seja por isso que ela se sentia cada vez mais invisível e fez com que a Coisa crescesse ainda mais?

Enfim, o livro trouxe reflexões muito importantes sobre saúde mental, a importância da comunicação dentro de uma família e como podemos estar enviesados (pela Coisa/nossas crenças) sobre como enxergamos o mundo.

Matt 10/07/2022

"Existiam muitas formas de morrer..."
"Sufocava de pena de mim mesma e de uma raiva que podia abrir crateras, desviar o curso dos rios, provocar avalanches. O ar continuava me fugindo, e eu ainda descia ao mais fundo do inferno para apanhá-lo. O inferno não era um lugar. O inferno era eu."

Qualquer pessoa que tem algum transtorno mental se identifica com Aglaia. O processo assustador de se perder de e em si mesmo foi abordado de forma impecável pela Marilia Arnaud no livro. Gostei muito!

Um livro pesado e triste, mas muito bom.

Adriana.Rita 09/07/2022

O pássaro secreto
Aglaia Negromonte é uma adolescente vivendo ou morrendo em uma família "normal". Bom... o que é ser normal? O pai, dramaturgo famoso, vive imerso em suas leituras e seu mundo a parte. A mãe, provedora do lar, cuida e vive a beira da loucura com os três filhos - Aglaia, a irmã e o irmão mais novos. Há a avó Sarita que ama e que é amada por Aglaia. Mas a vida de uma adolescente não está tão ruim imersa nesse angustiante seio familiar que não possa piorar. Uma intrusa (ou não, depende do ponto de vista) chegará para tornar tudo ainda mais caótico.
Demorei para me apaixonar pela obra apesar da poesia narrativa. No entanto, quando fui envolvida, passei a amar, odiar, sofrer, desejar temer, me angustiar e até tramar com Aglaia "Marrã".
A vida pode ser estar morrendo!

Jeane Esquivel 07/07/2022

Leitura Reflexiva e Interessante
O Pássaro Secreto, escolha da @taglivros curadoria de maio, é um livro denso.

Dá um nó na garganta acompanhar todos os pensamentos e fluxos mentais de uma personagem cheia de tormentos e inseguranças.

E embora o livro, ganhador do prêmio Kindle, seja recheado de gatilhos - ao abordar temas como transtorno alimentar, bullying, depressão, problemas familiares, dentre outros - você lê de forma avassaladora, sentindo, em cada linha, o desassossego de Aglaia Negromonte.

Não há como não se comover com o sofrimento de Aglaia. Você a vê transtornada, obsessiva, mas também a exerga complexa e humana.

A chegada de sua meia-irmã Thalie é mostrada como a causa maior do aprofundamento dos sentimentos de insegurança e rejeição que são parte da protagonista, assim como o motivo de modificar a já conturbada relação familiar de Aglaia, seus pais e irmãos.

Figura expressiva e bem trabalhada na obra é a avó paterna de Aglaia. Ela realmente enxerga a neta e, por esse motivo, é a personagem por quem a protagonista nutre maior admiração.

É uma leitura dura, mas, ao mesmo tempo, reflexiva e interessante. Uma obra para ensinar um pouco sobre compaixão.

Livia 25/06/2022

O livro traz um tema muito importante, que é a jornada de uma adolescente com transtornos mentais. Porém, particularmente, eu esperava uma narrativa diferente. Eu esperava que o livro trouxesse uma mensagem de esperança para os adolescentes que lidam com problemas psicológicos. Claro que é necessário falar sobre as inúmeras dificuldades a serem enfrentadas por quem se encontra nessa situação, mas também é importante dar uma perspectiva de futuro para quem enfrenta algo dessa magnitude. É de extrema relevância mostrar que os remédios que causam apatia e sensação de perda do próprio eu podem ser ajustados de forma a melhorar, e muito, a qualidade de vida do psicoatípico. Esse tipo de história só fala de dor e queda, esquecendo de citar a possibilidade do alívio e do levantar. Um diagnóstico de um problema psicológico não precisa ser o fim. Ainda há esperança, através da psiquiatria humanizada, da psicoterapia, da rede de apoio, da arte, da luta antimanicomial... Quando a "doença" é na alma, a cura é um processo diário. Que a arte venha para afagar a alma, para gerar identificação, mas não para destruí-la com a desesperança.

Johniere 19/06/2022

Liquidez do silêncio
Um silêncio perturbante. Silêncio que grita por atenção e afetos que não chegam. Silêncio que elabora sinapses acopladas às dores de alguém que está em formação. Um silêncio em enegranens não-mecânicas. O que temos é um enredo fixados em fluídos. Desse modo, ?O Pássaro Secreto? nos coloca diante de uma vida interna e mental, embrutecida por toda exterioridade que circunda a existência de Aglia. Uma adolescente inconformada com todas as mudanças pela qual passa. Mudanças que se radicalizam após receber, obrigatoriamente, em seu espaço - já em desequilíbrio com seus dois irmãos, pai e mãe - uma meia irmã, filha do seu pai fora do casamento. Assim, o romance de ficção de Marília Arnaud, ganhador de um importante prêmio literário do nosso país em 2021, nos apresenta uma personagem repleta de conflitos que por intermédio de "psicotrópicos e sedativos, [...], acabaram por entupi-la de silêncio?, parafraseando a própria narradora, que é a própria Aglia.
Ter contato com ?O pássaro secreto? é estar diante de uma obra bem acabada, bem escrita. Além disso, o construto:1) as descrições; 2) as ambientações; 3) a fabricação das personagens e 4) das tramas que que envolvem toda a história são feitas por um arcabouço calcado em uma tessitura linguística acessível e sensível. Todos esses aspectos fazem com que Marília Arnaud, por meio do equilíbrio e do domínio deste ofício de romancista, consegue um espaço considerável na estante entre os principais livros da literatura contemporânea brasileira.
É por essas e por outras que o DE OLHO NA ESTANTE indica ?O pássaro secreto? como mais uma obra interessante de se ler.

Joaquim 08/06/2022

Perfeito!!!
A leitura dessa maravilhosa obra-prima nos prende do início ao fim e, ousadamente, avança com cada vez mais intensidade.

Recomendo MUITO!!!

littlelen 07/06/2022

Uma leitura incômoda
Aglaia Negromonte conta sua história pessoal com a família e como desenvolveu problemas mentais, como esses problemas mentais foram se agravando a partir do momento que foi descoberto uma traição do pai no casamento, e pior, quando o fruto dessa traição passa a morar com eles.
Aglaia era uma personagem que eu tentava compreender, toda a raiva que ela sentia, toda a ansiedade, tudo que ela foi desenvolvendo a partir dos acontecimentos na família, acredito que eu daria uma chance pra ela.
Porém, pelo final da história algumas atitudes dessa personagem não deu deram pra ser engolidas é muito menos compreendidas, eu nunca vou compreender violência contra animais e qualquer justificativa que pode ser usada pra cometer tais atos.
De um modo geral, essa leitura foi incômoda, curiosa e, infelizmente, decepcionante, apesar de eu ter gostado bastante no início.