.kell. 02/02/2024Se você gosta de livros curtos, leia este aqui!-O que encontramos nas chamas é o primeiro livro da cineasta e booktuber Mayra Sigwalt.
- Lançado no final de 2020, resolvi ler porque sempre acompanhei o trabalho da Mayra no seu canal do Youtube e por muito tempo (uns 2 anos) assinei o Turista Literário em que ela é uma das donas e curadora dos livros.
- O que encontramos nas chamas é uma novela e, por isso, de cara já amei, pois é um livro rápido e sem enrolação no enredo. Com no máximo 100 páginas, traz a história de Camila que precisa voltar à casa vazia dos tios (onde viveu por um tempo) para procurar um álbum de fotografias a pedido da mãe, que está no leito de morte. Angustiada, ela atravessa a casa e a cada porta aberta é lembrada dos momentos alegres e dos pesadelos que viveu naquele lugar.
- Mayra inova ao trazer como personagem principal uma descendente de indígenas. Mas um ponto negativo que achei foi que não é abordado muito sobre isso, a não ser as poucas referências físicas da personagem: cabelos lisos e escuros e alguns poucos costumes como o fato de dormir muito e acordar quase na hora do almoço.
- Achei os primeiros 20% um livro parado e sem acontecimentos relevantes. O livro começa a bombar mesmo depois dos 30%; a personagem principal narra fatos importantes da sua vida de criança como o abuso sexual e estupro que sofreu inúmeras vezes pelo seu tio e com a conivência da sua tia (o que foi pior de ler e assimilar).
- O livro tem uma metáfora intensa e fantasia intensa também. Você fica sem saber se tudo o que aconteceu com Camila na casa dos tios é realidade ou mito (fantasia). No começo eu cheguei a pensar que Camila era esquizofrênica, mas no decorrer da leitura, percebi que o estupro sofrido era metaforizado pelo seu cérebro em forma de fantasia; e é justamente isso que acontece na vida real. Muitas crianças são estupradas e tem medo de contar porque acreditam que ninguém vai acreditar, já que seus inconscientes misturam a fantasia (mitos) com a realidade.
- É um livro muito fluído e a partir dos 60% você não consegue mais parar de ler até chegar ao final. Eu amei as referências citadas aos anos 90 e 2000.
- Senti falta de mais profundidade e relevância nos temas sobre racismo e bullying que foram apenas pinceladas ao longo da história, mas é até compreensível, pois o gênero novela é mais curto e dependendo da história fica impossível se aprofundar em vários temas ao mesmo tempo.
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-4 estrelas-