Giulipédia 05/05/2021
Todos temos nosso Castelo Azul secreto dentro de nós!
Mais uma vez sendo surpreendida pelas belas história de Lucy Maud, autora de Anne de Green Gables, apesar de não fazer parte da série, e sim ser uma história completamente diferente, o castelo azul não perde menos em descrição de beleza e delicadeza dos personagens, mas vamos um pouco da história.
Aqui conhecemos Valancy Stirling, uma jovem já considerada oficialmente solteirona ao seus 29 anos de idade. Ela é uma moça comum, não é considerada bonita, na verdade, Valancy, chamada de Doss, pela família, é aquela prima que é quase que apagada de sua própria vida. Não possui vontade própria, desejos próprios e vive apenas em função de tentar agradar e obedecer a família.
É claro que depois de uma notícia devastadora a história de Valancy muda da água para o vinho e pela primeira vez na vida ela se permite ser quem é e viver a vida que sempre desejou secretamente para si em seu Castelo Azul.
Castelo Azul é daquelas história que são clichês, mas ao mesmo tempo são originais. Digo isso porque essa história nos faz refletir sobre nossas vidas e ao mesmo tempo é uma história nova e cheia de detalhes e descrições novas que a cada virada de página nos transporta para aquele mesmo lugar que conhecemos Anne. A autora não perdeu seu encanto ao escrever esse livro.
O que essa história me fez refletir é que não temos medo de verdade da morte, temos medo da vida e dos obstáculos, armadilhas e bifurcações desconhecidas que ela nos trás. Lendo sobre Valancy e refletindo sobre a vida dela e de seus parentes nos damos contas que o que mais existe nesse mundo são Stirlings, pessoas que apenas estão por aí, apenas sobrevivendo e justamente por isso, a vida dessas pessoas é tão enfadonha e chata que eles precisam viver através dos outros para sentirem alguma emoção, já que são incapazes de procurarem e sentirem emoções por si mesmos.
Sabe aqueles parentes que julgam todas as suas ações? Aqueles que te proíbem de viver? Que querem taxar o que é decente e o que não é, como se fosse juízes da vida alheia? Pois então, esses são os Stirlings, na nossa cultura, temos outro nome para eles, são os famosos Cidadãos de Bem. Famosos por serem juízes da moral humana e responsáveis pelas nossas maiores infelicidades. Valancy era infeliz, foi assim até seus 29 anos, quando decidiu por um fim nisso e viver a própria vida de acordo com aquilo que ela achava que era bom para ela. E surpresa, ela desabrochou, renasceu, não como uma nova pessoa, mas sim como aquilo que ela nasceu para ser.
Cada um de nós somos Valancy e Stirlings ao mesmo tempo, podamos e somos podados sem perceber, mas para aqueles que perceberem isso, parem imediatamente o que estão fazendo. Não podem ninguém e não se permitam serem podados, ninguém tem o direito de ditar quem somos e quem seremos, apenas nós mesmos, se eu posso escolher ser alguém nessa vida, que seja como Valancy que decidiu encarar a vida, ao invés de esperar pacientemente pela morte. Recomendo muitíssimo e boa leitura a todos!