Helena Dias
22/05/2024DLL24: Um livro adaptado de 2022 pra cá
Aqui, acompanhamos a história de Gavin, um famoso jogador de baseball, que vai embora de casa após descobrir que a esposa fingia ter prazer durante todos os anos de casados. Quando Thea pede o divórcio, ele percebe que pode perder o amor da sua vida. Desesperado, ele acaba recebendo uma ajuda inesperada: um clube do livro de romances secreto formado por alguns de seus colegas de time.
Eu confesso que esperava bem mais desse livro, afinal a proposta apresentada é super interessante. Infelizmente, foi uma ideia ótima mal aprofundada. A escrita simples da autora deixa a história bem leve e fácil de acompanhar, entretanto o que realmente deixa a desejar é o desenvolvimento de forma geral. Os personagens (principais e secundários), além de estereotipados, são superficiais e imaturos, sem uma evolução relevante durante mais de 300 páginas de história. Ademais, os secundários parecem não ter uma vida que não seja atrelada aos protagonistas.
O casal não possui um crescimento significativo que corrobore com a intenção de resolver os problemas do relacionamento. Tudo parece muito jogado em diálogos fracos e brigas bobas. Para Gavin, o que realmente importa é fazer a esposa ter um orgasmo real, e esse foi o objetivo dele durante todo o enredo. Ele não faz as coisas por ela e pelas filhas, mas para curar o ego de macho ferido, o casamento deles só faz parte do pacote. Thea é uma protagonista que poderia carregar esse livro nas costas, com seu passado traumático que a impede de confiar totalmente em outras pessoas. Contudo, assim como seu marido, seu progresso é mínimo. Além de ser uma protagonista chata, seus problemas são resolvidos em poucas páginas depois de uma conversa de meias palavras e frases de efeito.
Sobre o clube do livro, eu estou procurando ele até agora. Na verdade, acho que nunca foi um clube. Eram apenas homens que aparentemente entendem tudo de romances e com uma indicação ajudariam Gavin a salvar seu casamento. Eles só se reuniam quando a autora achava conveniente, o que foram pouquíssimas vezes, e o protagonista relatava alguma situação em que precisava de ajuda. Os outros apenas reagiam sem qualquer emoção e esporadicamente relacionavam a alguma cena do livro que recomendaram. Fora que, depois de alcançar o objetivo, nunca mais se leu nada? Acho que a história ficaria muito mais interessante se esse não-clube fosse mais ativo e eles realmente conversassem sobre as leituras e como elas poderiam ajudar nas suas evoluções pessoais.
Por fim, fiquei com a sensação de que a autora não se importa muito com o fatos que ela mesmo contou na história. Muitos acontecimentos são esquecidos no churrasco e a gente que lute. É como se ela simplesmente apagasse da memória o que se propôs e ainda adiciona novos eventos aleatoriamente. (esse livro não teve copidesque não?). A tentativa de abordar temas como traumas e feminismo, que poderiam ter um grande papel nesse enredo, é desperdiçada em narrativas fracas e diálogos que facilmente eram deixados de lado pelos envolvidos.
Para não dizer que não gostei de nada, algumas cenas são engraçadas e os momentos do casal com as filhas também são muito fofos, o que garantiu que eu não diminuísse mais a nota. Porém, elas não foram o suficiente pensando na obra como um todo. É uma história que tinha tudo para dar certo porque tem uma premissa boa, mas infelizmente me senti lendo um livro escrito de homem para homem.