Mel 22/07/2022As inseparáveis"Se esta noite tenho lágrimas nos olhos, será porque você está morta ou porque estou viva? Eu deveria lhe dedicar essa história: mas sei que você já não está em lugar nenhum, e é por artifício literário que lhe falo aqui."
Um romance autobiográfico, onde Simone mudando o nome dela e de Élizabeth, a Zaza, além de alguns pequenos detalhes, relata a história de amizade das duas, que com certeza foi de grande importância pra construção de quem Simone se tornou.
Acompanhamos a história desde o momento que Sylvie (Simone) conhece Andrée (Zaza) aos nove anos, na escola católica que frequentavam, e se encanta com sua excentricidade, vivacidade e liberdade, passando a admirá-la. Ao decorrer do tempo, com a aproximação das duas, Sylvie começa a desenvolver uma paixão por Andrée
"Dizíamos banalidades, como adultas; mas eu compreendia de súbito, com estupor e alegria, que o vazio do meu coração e o sabor tristonho de meus dias só tinham uma causa: a ausência de Andrée. Viver sem ela já não era viver."
e começa a perceber que ela não possui tanta liberdade, na verdade, a família de Andrée começa a impor à ela diversas obrigações sociais e religiosas, pois eram católicos militantes, tudo contra a vontade de Andrée, que apesar de também ser religiosa, tinha muito potencial e vontade de estudar, seguir uma carreira, etc.
Enquanto isso, Sylvie tem seu caminho livre para estudar e trabalhar (pois sua família precisava) e passa por uma perda gradativa de sua fé, o que não aconteceu com a Andrée. É muito angustiante ver Sylvie acompanhar esse aprisionamento da amiga que tanto amava e que acabou de forma tão triste.
É uma leitura curta, muito fluída, edição com imagens e cartas reais trocadas entre elas, ótimo de ler. Uma história angustiante, emocionante e que diz tanto sobre Simone