Fernanda M. 11/12/2021
1ª Impressão
As inseparáveis, de Simone de Beauvoir
Duas meninas se encontram aos nove anos e essa amizade se estende por toda a vida. Uma muito inteligente e contida. A outra, muito impetuosa e criativa. Sylvie e Andrée. Unidas pela admiração e por uma cumplicidade que vai além das brincadeiras de criança e das conversas da adolescência.
Sylvie, ama sua amiga Andrée, de um modo inexplicável. Ama e venera de tal forma, que a ausência de Andrée lhe tira a cor do dia, mas não lhe tira a lucidez.
Essa amizade é, na verdade, uma construção autobiográfica na qual Simone de Beauvoir, segundo suas memórias, relata sua amizade com Zaza, a Élizabeth Lacoin. Essa novela escrita em 1954, retrata de um modo geral, não apenas a amizade entre duas meninas, mas de que modo a mulher vivia, em meio à Primeira Guerra Mundial, na França com seus costumes arcaicos e suas limitações sociais.
Mulheres que eram retiradas da condição de crianças para se tornarem bruscamente mulheres casadas. Que não tinham direito à solidão, à intimidade e muito menos à dominar sua própria vida. A história triste de Andrée, constitui um modelo do que a maioria das meninas francesas e europeias sofriam, por serem nascidas e criadas em famílias de uma aristocracia que as punia pelo simples fato de serem mulheres. Quando a sociedade não o fazia, as mulheres se encarregavam de se auto-flagelar. A punição não é uma opção, é imparcialmente uma condição..
As inseparáveis é uma bela obra que nos conduz a um momento de desconforto, em que nos posicionamos diante dos fatos e simplesmente não sabemos como nos sentir a partir disso.
Um livro para não largar mais.!