Vinicius 20/05/2023
Um esqueleto é uma pessoa? - Joyce
Apesar de não ter gostado muito do início, ao chegar na página 30 já estava bem entretido e curioso sobre os rumos da trama. É uma história de mistério e assassinato, mas com muitas pitadas de comédia. A originalidade deste livro é justamente a abordagem diferente ao gênero.
Gostei bastante da escrita do autor. Os capítulos são bem curtos e isso torna a leitura bem dinâmica. São apresentados vários pontos de vista diferentes. A fórmula ajuda muito a virar as páginas e chegar logo ao final.
O destaque deste livro é para os personagens. Todos eles são muito bem construídos e interessantes, inclusive os secundários ou os que aparecem apenas uma vez. Este é um ponto super positivo.
Adorei a Elizabeth, Joyce, Ron e Ibrahim. Durante a leitura vamos descobrindo mais sobre suas vidas pessoais, problemas, receios, medos etc.
Alguns capítulos lemos o diário da Joyce e ela é realmente uma fofa. Foi de longe a personagem que mais gostei, pois ela é sincera, não tem medo de demonstrar seus sentimentos ou de dizer algo para consolar alguém. A maior qualidade dela é não julgar as pessoas, ela as aceita como são e consegue entender suas ações e escolhas.
Gostei muito de ler algo com protagonistas idosos. Acompanhar suas vidas, seus pontos de vista e perceber o etarismo que surge de diversas formas.
Não é só porque eles são mais velhos e experientes que não podem se apaixonar, viver 100% de suas vidas, fofocar, sentir e desvendar crimes.
Ainda que eu tenha feito muitos elogios, algumas coisas me incomodaram bastante. A intenção da obra é ter um grupo que ajuda a polícia e não que faz o papel dela descaradamente.
Sim, o livro é uma ficção e fala sobre um clube para desvendar/discutir crimes. Contudo, não posso deixar de pensar na credibilidade da história. Não tem como ignorar as várias atitudes que os personagens tomam ao longo do livro e não achar muito exagerado e sem sentido a Elizabeth ter um amigo para descobrir/rastrear qualquer pessoa/coisa.
Em muitos momentos, eles colhem depoimentos e confissões e os criminosos sempre concordam em confessar à polícia depois.
Os detetives ficam em segundo plano e o clube parece ser mais competente e experiente do que os profissionais. Donna e Chris parecem dois patetas e são praticamente esquecidos no final. O negócio pegando fogo e os dois pensando em romance? Cansativo ficar falando do peso do Chris o livro todo, que coisa chata e desnecessária.
Os personagens principais também cometem crimes para justificar a incessante busca por informações e descobrir a verdade a qualquer custo. E não posso deixar de comentar que isso foi bem irrealista e não faz sentido algum. No mundo real nada disso seria admitido.
Faz parecer que a polícia é incompetente e que apenas eles são especiais, preparados e descobrem tudo sobre qualquer mistério. Sem contar que os quatro sempre ameaçam a polícia e saem ilesos, isso realmente me deu uma preguiça.
Mesmo sabendo que a Elizabeth já trabalhou em algo nesta área, não tem como alguém ser tão perfeito desse jeito.
Talvez eu não tenta entrado 100% na história, mas isso me incomodou muito, ao ponto de achar as últimas 100 páginas do livro bem maçantes e chatas por não estar mais me importando com nada. Os mistérios não são muito interessantes e as resoluções igualmente.
A única coisa que deu certo no final foi o último capítulo ser a leitura do diário da Joyce. Nunca vou cansar dela. Sobre o plot twist, eu meio que já imaginava, então perdeu a graça.
Talvez eu dê uma chance para o segundo livro, mas sem muitas expectativas.