Qnat 19/05/2021
o que menos gostei
Bom, esse livro fecha a trilogia Xenogêneses.
Mas não é bem um fechamento! Ele se foca em um novo personagem, Jodahs, que é o primeiro Ooloi constructo (híbrido Humano e Oankali). A sinopse que está na Amazon e contracapa não define o livro de modo algum.
No primeiro livro há um conflito da Lilith e seu contato com a cultura alienígena, suas decisões, estranhamento e até a raiva que sentimos durante o livro mostra que a autora trabalhou com maestria.
No segundo livro há o conflito de um constructo que passa mais tempo com os humanos, e propõem uma solução que FINALMENTE respeite a decisão humana. Mostra mais os rebeldes.
O terceiro livro é basicamente sobre.... nada. Ou melhor, sobre a "fome sexual" de um Ooloi "adolescente" (ou melhor, subadulto).
Essa deveria ser a verdadeira sinopse do livro.
Será que é spoiler falar que o livro não permite que se tenha spoiler, pois não há nenhuma revelação a se contar?
O conflito que guia a história é apenas um Ooloi "no cio" buscando acasalar, e tentando coagir humanos a serem seus parceiros, e sofrendo por isso. O livro fica quase que totalmente focado em descrever esses sentimentos sexuais bem como as tentativas de acasalamento do primeiro Ooloi constructo.
O problema é que isso não trás nada muito novo para a história, sem contar que os Ooloi são os seres mais chatos da galáxia (e desvirtuam totalmente o significado de "consentimento sexual"). Como desde o primeiro livro não tive empatia a esse seres, dificilmente me apaguei a esse personagem.
Assim, ter todo um livro focado apenas em descrever a tara de um adolescente alienígena... bom, não vi muito sentido nisso, nem novidades para a trilogia (já que todo esse lenga lenga dos oolois aparecem no primeiro livro entre Lilith e Nikanji)
Sinceramente sou muito, MUITO, fã de Octavia E. Butler, mas esse livro foge um pouco dos dilemas, daquela potência reflexiva e das discussão dos conflitos humanos que nos outros livros caracterizam tão brilhantemente a autora e o gênero de sci-fi.
O personagem criado tem um grande potencial, mas não é tão explorado. O que me segurou na leitura foi a esperança de algo acontecer... mas lá para os 80% do livro percebi que nada aconteceria. De qualquer modo, a escrita da autora é sempre muito interessante e agradável.
Outra coisa: Os rebeldes que ficaram são mais perversos que nos outros livros (e aparecem muito pouco). Não sei se os "melhores" foram para Marte, mas a visão da Octavia E. Butler é totalmente pessimista.
Imaginei que um livro em primeira pessoa, sob o ponto de vista de um Ooloi, traria alguma novidade, algum plot twist, algum suspiro de surpresa, ou até mesmos me convencesse que a espécie Oankali não é tão petulante quanto parecia.
Mas nada disso acontece. Sem revelações, sem surpresas, sem grandes debates filosóficos, sem novidades nesse livro aqui.
Espero não ter sido muito duro na crítica (talvez seja a decepção de esperar algo e receber outro). Se você é fã da autora, vale a pena conferir o livro por si só, claro.
E de qualquer modo, a trilogia de modo geral vale a pena.
site: @farol_de_areia