alicia 08/10/2021
Surpreendente
?Naquela parte do mundo, onde o leste e o oeste começavam a entrar em choque, era difícil parecer deslocado, até mesmo para eles. Um veder imortal, uma bruxa jydesa, uma assassina de olhos cor de cobre, um escudeiro real, um criminoso em fuga e a filha de uma pirata ? a esperança da Ala. ?Que grupo desconjurados somos?.?
Vou começar falando que o livro me surpreendeu mais que qualquer coisa. Minha experiência anterior com a Victoria tinha sido o primeiro livro de Rainha Vermelha, que achei neutro. Nem bom, nem ruim. Mas Destruidor de Mundos está longe disso. O livro é maravilhoso.
Bem escrito, bem desenvolvido. A construção do mundo até então impecável, apesar de bastante confusa, com muitos nomes e bem diferentes, como geralmente é de se esperar de uma alta fantasia. Apesar dos capítulos longos, a história é muito envolvente.
Tem algo sobre a dinâmica não-romântica de ?jovem inteligente que vai salvar o mundo e homem imortal do tamanho de uma geladeira eletrolux que fica na cola dela protegendo igual uma sombra? que me atrai demais às histórias (resquícios de um daddy issues? quem sabe). Todos os personagens do grupo de sete interagem entre si de maneira interessante, saindo de completos estranhos para colegas quase amigos que se importam um com o outro mas estão unidos por um bem maior.
Em ordem de favoritos: Corayne tem uma evolução bem gostosa de ler durante o livro, saindo de uma jovem que sabe muito, mas viveu pouco para alguém determinada, ciente de seu destino e de seu papel e mostrando cada vez mais porquê se encaixa tão perfeitamente nele. Dom, grandão carrancudo de 500 anos que às vezes é tão bobo que te tira uma risada alta, personagem incrível, espero que no próximo livro tenham mais capítulos dele. Andry também, jovem determinado, com um ideal tirado dele, mas que mantém a cabeça erguida e, apesar de amedrontado pelo mundo fora da sua bolha, tem seu lugar bem específico no grupo, praticamente impulsionando a jornada da Corayne. Sorasa é intrigante, treinada quase bem demais pra esconder os próprios sentimentos, mas é interessante ver como ela sai de ?estou em uma missão pelo dinheiro? para uma protetora preocupada quase avidamente com o destino do mundo; sem ela, alguns deles tavam não só mais atrasados na viagem história, como provavelmente mortos. Valtik, a bruxa, é engraçada não por ser, mas porque cada momento seu é capaz de trazer alguma fala ou ação dos demais personagens pra te fazer dar risada. Achei genial era falar rimando, adorava ler várias vezes as falas dela só pelo sabor da rima. Já Sigil e Charlon estão em pé de igualdade para mim, surgiram um pouco tarde demais para que eu me apegasse ou conhecesse tão bem qualquer um deles ou até as interações entre si. São bacanas. Quanto à Erida, enfim. É determinada, é inteligente, mas parece mais preocupada em expandir o próprio reino do que fazê-lo um lugar melhor.
Espero que nos próximos livros a Victoria consiga estabelecer bem o mundo. A construção até então é bastante sólida e complexa, eu gostei bastante (mesmo tendo que voltar para ler vez ou outra porque demorava para entender as dinâmicas).
Mal posso esperar para ler o segundo, que infelizmente só lança na segunda metade do ano que vem, e ver que caminhos Corayne, Dom, Sorasa, Andry, a velha, Sigil e Charlie vão tomar. Também cruzando os dedos e torcendo para ter mais capítulos da Ridha, achei que dois foi muito (e meio, considerando a aparição que ela teve em um capítulo do Dom), muito pouco.
4 estrelas, mas não favoritado porque preciso pensar mais sobre isso ainda. Quem sabe no fim da leitura de seja quantos livros essa duologia, trilogia, série ou saga terá.
Ademais, segue um trecho da dinâmica do grupo que eu adorei ler:
?Charlon levantou a mão para apaziguá-la.
? Certo, certo. Ca galle? ans allouve? ? ele murmurou, erguendo a sobrancelha para Sarn.
Dom não conseguiu esconder um sorriso. Não falava madrentino, mas àquela altura sabia que Corayne provavelmente falava. Com o mesmo retorcer de lábios, Sarn olhou para ele, uma vez na vida compartilhando de seus sentimentos.
O rosto de Corayne ficou vermelho e seus dedos se fecharam no caneco.
? Não consigo pensar em nada mais ridículo do que se apaixonar em um momento assim ? ela disse, tensa. ? E, quando quiser falar a meu respeito, sugiro que o faça em jydês. De resto, provavelmente conseguirei entender.
Valtik riu animada enquanto levava o caneco à boca.
Charlon riu também, o rosto corando de surpresa, e levou a mão ao peito, revelando os dedos azuis.
? Bem, m?apolouge.
Ele parecia arrependido de verdade.
A menos que minta tão bem pessoalmente quanto no papel.?