Ale Salvia @estantedaale 15/05/2021
"Um Milhão de Promessas" no blog Estante da Ale
Ok, eu sou péssima para fazer sinopses/resumir a obra, principalmente se for algum livro que mexeu tanto comigo como é neste caso. Até porque, convenhamos, só por ser da Cinthia Freire, eu já me jogo de cabeça em qualquer coisa que ela escrever, porém, vou tentar dar uma pincelada para vocês: Thales é um garoto marcado pelos traumas familiares e seus refúgios são o futebol e Ayla, sua melhor amiga. Será uma história forte e intensa, com temáticas muito importantes e relevantes, como: alienação parental, traumas, altruísmo e o verdadeiro amor.
Eu sei, é uma fórmula para destroçar o coração, mas quem se importa? "Um Milhão de Promessas" vai te fazer sofrer, mas você também ficará feliz com isso, já que seu coração se encherá de esperança. É uma história que poderia ser real, que retrata os sonhos de tantos adolescentes, que nos dá a visão do quanto uma amizade e apoio são fundamentais para termos uma segunda chance na vida. Já deixo aqui registrado que não é um livro para todos os públicos e não é uma leitura fácil, você precisa ter muita consciência dos gatilhos que aqui são apresentados: depressão, violência e suicídio.
Como vocês sabem, eu tenho uma história particular com suicídio e acho que por esse meu passado, eu consigo ser mais sensível com a visão da Ayla sobre a situação. Não vou dar spoilers, fiquem tranquilos, apenas quero deixar claro que a autora foi muito responsável com cada cena, com cada diálogo. É chocante, é honesto, mas é cuidadoso, pois entendo que muitos podem se sentir representados pelas dores, pelos pensamentos dos personagens e ali está claro que existem saídas e segundas chances, sabe? Existe ajuda e pessoas que se importam!
As problemáticas são exemplos práticos, os gatilhos são cenas cotidianas e isso gera no leitor a necessidade de conversar sobre. E assim, eu entendo que muitas pessoas não estão preparadas para isso, principalmente no meio de uma pandemia, mas vocês não tem a noção do quanto eu considero obras assim necessárias, pois, fingir que seu amigo, seu irmão está bem só porque você não quer conversar sobre determinado assunto não é a solução. Vai doer, vai incomodar, só que é preciso falar sobre, precisamos gerar a empatia e consciência.
Não é um livro dark e não tem nada de romantização. Eu considero um romance dramático dos mais bem executados que eu já li. Tem cenas tão maravilhosas entre nosso casal que vocês vão surtar muuuuuito! É apaixonante demais!!!!!!! E por mais que os protagonistas comecem a história bem novinhos, o amor ali é palpável. Vemos o quanto a construção desse relacionamento faz sentido para quem cada um será na vida adulta. Palmas também para o pai de Ayla, o Milton que é uma parte importantíssima na construção do caráter de ambos os protagonistas. Ouso dizer até que o mundo real precisa de mais Miltons.
Outro detalhe que preciso destacar é a representatividade da obra em relação a classe econômica dos personagens e também a Ayla ser negra e com curvas. E mais do que citar essa questão racial e estética, é a forma como Ayla se posiciona sobre isso. É sobre aceitação e orgulho, sobre tratar isso com naturalidade e mesmo assim levantar uma bandeira positiva para quem ler, conseguir se reconhecer e como disse acima, ter orgulho. Além do fato de Ayla ser uma LEITORA, então veremos várias menções a obras que já lemos e amamos. É uma delicinha!!!
Pois é, a resenha já está ficando um pouco grande e eu sinto que nem comentei sobre como essa obra foi um turbilhão para mim. Vou explicar que eu não trouxe resenha antes, porque senti que precisava parar e respirar um pouco. Para mim, foi uma leitura mais lenta pela carga dramática e lembranças que tive, só que não pense que isso foi algo ruim. Não, não foi. Muito pelo contrário. Eu respeitei meu tempo e hoje, vejo que "Um Milhão de Promessas" foi necessário, eu enfrentei certas dores de frente para sair da situação ainda mais forte. Eu estou saindo dessa leitura com um sentimento de orgulho de mim mesma. Eu venci, eu consegui. Perdi pessoas amadas no caminho? Perdi, mas eu fiz aquilo que estava ao meu alcance. Ayla fez o que estava ao seu alcance. Gosto de pensar que de certo modo, somos parecidas e que meu final feliz também está aqui.
Se me permitem um pequeno spoiler, eu até comentei com a Cinthia sobre isso... A forma como ela não afastou os personagens para trazer a cura é algo que também foi bem importante para mim. Não é que o amor tudo pode, tudo salva, muito pelo contrário, já que Thales só consegue seguir em frente com apoio profissional, mas é um lembrete que não precisamos nos afastar de quem amamos para eles melhorarem. Depende mais da força e do incentivo. Depende do amor: seja entre casais, seja entre família, seja por si mesmo. Thales aprendeu a se amar para amar Ayla e é essa mensagem que eu gostaria de deixar aqui. Amar a si mesmo é tão necessário quanto amar o outro. E lembrem-se: você não está sozinho. ♥
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