Ana Júlia Coelho 25/10/2022Focado nos acontecimentos do século XVIII, o livro já começa narrando a corrida do ouro em Minas Gerais. Antes, escravos que eram importados para cuidar da casa e das plantações, veem sua principal atividade mudar: agora precisam achar ouro e diamante. Com essa mudança na principal atividade econômica da colônia, escravos de certas partes da África eram mais requisitados (já vinham com o conhecimento para rastrear e explorar minas) e a fome assolou as cidades. Ouro e diamante começaram a ser muito valorizados, então os senhores, junto de seus escravos, se mudavam para as regiões de Minas Gerais para enriquecer dessa forma, e deixavam suas plantações para trás.
Com o avançar do livro, o autor aborda novamente os impactos sofridos na África por conta da escravidão desenfreada para o continente americano. Confesso que essa parte é um pouco mais densa para se ler, com um monte de dados e nomes que não me prenderam.
De volta ao Brasil, são abordados temas interessantíssimos como a cultura dos negros escravizados, além do funcionamento das fazendas no período da escravidão. Algumas passagens são pesadas porque narram castigos, mas as partes sobre as religiões é bem legal de ler. Nesse trecho do livro também são abordados os métodos utilizados pelos escravos para manterem suas vidas um pouco mais fáceis. Alguns fugiam e corriam grande risco ao serem recapturados, mas a maioria resistia à escravidão de formas mais veladas.
Por fim, o movimento abolicionista começa a tomar forma. Para esse tema, o autor fez um apanhado sobre em diversas colônias ao longo das Américas. Daora é ler a hipocrisia do povo querendo abolir a escravidão enquanto mantinham meia dúzia de cativos. O livro encerra em 1808, com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, fugida de Napoleão.
É muito incrível ler sobre a história do mundo (principalmente a do Brasil) e relembrar expressões ou nomes falados em sala de aula. Tiradentes, capitães do mato, déspotas esclarecidos, Revolução Francesa... Admito que a maioria eu já não lembrava do que se tratava direito, mas os nomes marcaram. Também foi legal acompanhar como um movimento em determinado lugar desencadeia acontecimentos do outro lado do oceano (a Revolução Francesa foi o principal acontecimento que desencadeou revoltas em colônias na América que culminou no fim da escravidão).
É um livro denso, em muitas partes triste, com vários dados, mas muito interessante de se ler, principalmente os períodos que mais detalhei aqui em cima. A diagramação é ótima, o que facilita a fluidez da leitura, e tô adorando fazer a leitura dessa trilogia. Mal posso esperar para me jogar no terceiro volume.
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